EM BRUXELAS DE 1977 A 1981
Roy Jenkins: Antigo presidente da Comissão Europeia
Por trás destas novas biografias de Franklin Roosevelt existem histórias de fascínio mórbido.
Roy Harris Jenkins (Abersychan, Reino Unido, 11 de novembro de 1920 – Oxfordshire, Reino Unido, 5 de janeiro de 2003), escritor de êxito, publicou vinte e três livros, geralmente biografias, a mais famosa das quais a de outro político lendário, Gladstone (1809-1898), o Grand Old Man da era vitoriana.
Jenkins foi autor de “Churchill” escrito em seis partes, sendo a mais atraente para o público português “Salvador da Pátria e Luz do Mundo?”, que vai de 1939 a 1945, os anos da II Guerra Mundial. Os anos da guerra, que ocupam quase um quarto de todo o volume, poderiam facilmente constituir livro independente.
O livro começa com “O Moço Atrevido”, que vai de 1874 a 1908, quando Churchill se inicia na vida pública, com incursões pelo jornalismo, troca pela primeira vez de partido e é nomeado ministro.
A segunda parte (O Vagalume Reluz: a Manhã foi Dourada) vai de 1908 a 1914, e a terceira (O Meio-Dia Foi Bronze), de 1914 a 1918, os anos da I Guerra Mundial.
De 1919 a 1939 vem “O Sol Franco da Tarde”: Churchill é o “Cruzado anti-bolchevique e pacificador irlandês”, o “político sem partido e sem mandato”, o “escritor infatigável” que redigiu, entre outras obras, “Minha Mocidade”. A fechar o livro, depois dos capítulos dedicados ao período da II Guerra Mundial, a parte que cobre de 1945 a 1965 (Foi Lento o Anoitecer?).
Roy Jenkins, o autor, é par do reino desde 1987, como Lord Jenkins of Hillhead, e chanceler da Universidade de Oxford. Nessa qualidade, presidiu em dezembro de 2002, a cerimônia de concessão do título de doutor honoris causa a Fernando Henrique Cardoso.
Lord Jenkins não conheceu Churchill, propriamente. Foi lhe apresentado pelo pai, em 1941, “quando o velho plenário da Câmara dos Comuns fora arrasado num bombardeio, e a Casa reunia-se numa sede temporária, a Church House, no Dean’s Yeard, em Westminster. Naquele tempo, ele foi presença imanente em minha vida e em meus contemporâneos.”
Nascido no País de Gales, Jenkins era antigo dirigente trabalhista, ministro britânico das Finanças e presidente da Comissão Europeia de 1997 a 1981.
Jenkins formou-se no Balliol College de Oxford e fez política por cinquenta anos. Integrou, na II Guerra Mundial, a equipe secreta que decifrou a criptografia alemã. Elegeu-se aos 28 anos deputado pelo Partido Trabalhista. Foi ministro da Aviação, do Interior, das Finanças, presidente da Comissão da Europa.
Jenkins foi um aclamado político britânico e biógrafo dos primeiros-ministros Gladstone e Churchill
Importante figura da vida política britânica durante 40 anos, Lord Jenkins deixou o Partido Trabalhista para fundar, com outros três responsáveis políticos, o Partido Social Democrata.
Jenkins nasceu a 11 de novembro de 1920, foi ministro do Interior de 1965 a 1967 e de 1974 a 1976 e ministro da Economia e das Finanças entre 1967 e 1970.
Como ministro do Interior, Jenkins esteve na origem de importantes reformas da sociedade, nomeadamente o divórcio e a despenalização do aborto.
Foi na sua presidência da Comissão Europeia que foi criado o sistema monetário europeu.
Roy Jenkins morreu em 5 de janeiro de 2003, com 82 anos, de ataque cardíaco.
(Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia – SOCIEDADE – AFP – 05/01/2003)
(Fonte: Veja, 11 de dezembro de 2002 – ANO 35 – Nº 49 – Edição 1781 – LIVROS/ Por Walter Fonseca – Pág: 152/153)
Por trás destas novas biografias de Franklin Roosevelt existem histórias de fascínio mórbido.
Roy Jenkins, o aclamado político britânico e biógrafo dos primeiros-ministros Gladstone e Churchill, morreu de ataque cardíaco antes de completar sua concisa obra sobre o gigante americano do século 20.
O manuscrito ficou em mãos confiáveis. O livro foi editado pelo lendário historiador Arthur Schlesinger Jr. e o capítulo final concluído por Richard Neustadt, professor de Harvard e o papa dos historiadores presidenciais. Mais morbidez: Neustadt morreu no começo de novembro.
Já o segundo manuscrito sobreviveu meio século anos ao seu autor. Como Jenkins, Robert Jackson morreu de ataque cardiáco (em 1954). O manuscrito inacabado passou para o filho dele, que o guardou em um armário. Em 1999, quando o filho de Jackson morreu, a família descobriu o rascunho e recrutou o especialista John Barrett para publicá-lo.
Sem servilismo
Mas vamos agora nos concentrar no objeto dos livros. Jackson deu o título de “Aquele Homem” à biografia, alusão ao desprezo da aristocracia americana a um político considerado traidor de sua classe com as reformas sociais e econômicas que empreendeu nos anos 30 (o New Deal).
Confidente de Roosevelt, Jackson foi ministro da Justiça, juiz do Supremo Tribunal e o promotor americano no julgamento dos líderes nazistas em Nurembergue.
Ao longo da biografia, ele é leal ao ex-presidente, mas o trata de forma cândida, sem servilismo. Jackson sabe do que está falando. O historiador Willliam Leuchtenberg o definiu como a mais importante figura pública americana do século 20 que as pessoas não conhecem.
Quase 60 após a sua morte, os balanços sobre a vida de Roosevelt são mais equilibrados, num tom prenunciado por Jackson no manuscrito de 1954.
O gigante da piteira tirou o país da Depressão e o conduziu na guerra contra o genuíno Eixo do Mal. Ele era audaz e visionário, mas também tendia a julgamentos apressados e decisões levianas.
No seu trabalho, Roy Jenkins segue esta linha. Resssalta que Roosevelt “era um herói que tinha características não heróicas” e que implantou mudanças históricas mais por improviso do que através de um plano metódico.
Liberdades civis
Tanto Jackson como Jenkins batem em uma tecla de importância contemporânea. Na condição de presidente em tempos de guerra, Roosevelt cerceou as liberdades civis em nome da segurança nacional.
Em uma expressão precisa, Jackson lamenta o “compromisso limitado” do ex-presidente com as liberdades civis, em especial no triste episódio do confinamento de 120 mil nipo-americanos durante a Segunda Guerra Mundial (90% deles tinham a cidadania).
Como juiz do Supremo, Jackson expressou dissidência na decisão que ratificou o confinamento dos nipo-americanos em 1944.
Na ocasião, ele escreveu que tribunais ou presidentes “não deveriam distorcer a Constituição para aprovar tudo o que os militares consideram necessário”.
Sempre é difícil conseguir o equilíbrio entre liberdade e segurança. O fracasso parece ser o destino de presidentes, maiores ou menores.
(Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/story/2003/11 – Sempre vivo / Por Caio Blinder de Nova York – 14 de novembro, 2003)
THAT MAN
Robert H. Jackson
Oxford University Press, 290 páginas, US$ 33
FRANKLIN DELANO ROOSEVELT
Roy Jenkins
Times Books, 186 páginas, US$ 20