Rubens Ewald Filho, crítico de cinema, jornalista e comentarista do Oscar, popularizou crítica de cinema em mais de 50 anos de carreira

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Rubens Ewald Filho popularizou crítica de cinema em mais de 50 anos de carreira

Considerado um dos maiores especialistas em cinema

Rubens Ewald Filho posa no tapete vermelho do Festival de Gramado — (Foto: Fabio Winter / Pressphoto)

Além de ser crítico, ele foi autor de novelas, atuou em filmes e escreveu livros.

 

Rubens Ewald Filho, crítico de cinema e ‘senhor Oscar’, era dono de uma memória cinematográfica vasta e infalível

 

 

Rubens Ewald Filho (Santos, São Paulo, 7 de março de 1945 – Hospital Samaritano, em São Paulo, 19 de junho de 2019), crítico de cinema, jornalista e comentarista do Oscar, foi o grande responsável por popularizar o papel de crítico, ao falar de maneira mais técnica sobre filmes em vários canais da TV.

 

Dono de uma memória prodigiosa , ele impressionou milhões de telespectadores, ano após ano, durante a transmissão da cerimônia do Oscar , quando enfileirava os nomes de uma infinidade de artistas ligados ao cinema, bem como seus vastos currículos.

 

 

Para o público brasileiro, uma das grandes atrações do Oscar , além do resultado em si, era conferir a inesgotável cultura cinematográfica de Rubens por meio de comentários não “apenas” enciclopédicos como marcados por tom pessoal inconfundível – conforme evocado no livro “O Oscar e eu” (2003).

 

 

Considerado um dos maiores especialistas em cinema, Rubens Ewald Filho assistiu a mais de 37 mil filmes. Começou a carreira no jornal “A Tribuna”, de Santos, em 1967.

 

 

Em mais de 50 anos de carreira, passou por alguns dos maiores veículos de comunicação e emissoras de TV no país.

Seu primeiro trabalho como autor de novelas foi “Éramos Seis”, adaptação para a TV Tupi do romance homônimo de Maria José Dupré em 1977. Escreveu a novela com Sílvio de Abreu.

No ano seguinte, mudou-se para a TV Globo e escreveu “Gina”, outra adaptação de Maria José Dupré. Também é autor de “Drácula, Uma História de Amor”, “Iaiá Garcia” e “Casa de Pensão”, entre outras.

Nascido em Santos, litoral de São Paulo, em 7 de março de 1945, Rubens Ewald Filho era considerado um dos maiores nomes da crítica cinematográfica do país. Ainda criança, criou o hábito de anotar todos os filmes que via em um caderno, incluindo o nome do diretor, elenco, roteirista e outras informações.

 

Iniciou carreira escrevendo para o jornal A Tribuna, de sua cidade natal, e trabalhou em redações de publicações como Jornal da Tarde e O Estado de S.Paulo. Foi colaborador de VEJA nos anos 1990.

 

Como ator, participou dos filmes “Amor Estranho Amor”, “A casa das tentações”, “Independência ou Morte”, “As gatinhas” e “A herança”.

Nos anos 1970, começou a se dedicar ao cinema, primeiro como ator, em filmes como As Gatinhas (1970) e, depois, como roteirista. Em 1977, escreveu Dicionário de Cineastas, obra de referência para os críticos do ramo.

 

Também desenhou uma trajetória como telenovelista, com produções como Éramos Seis (1977), Gina (1978) e Drácula, uma História de Amor (1980). Sua última novela foi Iaiá Garcia, para a TV Cultura, em 1982.

 

 

Na TV por assinatura, comentou filmes na HBO, Telecine e TNT, sua emissora mais recente. No canal, participava da transmissão das maiores premiações, incluindo o Oscar.

 

Foi diretor de programação e produção da HBO no Brasil e apresentador de programas em emissoras como TV Cultura, Record, Band e no canal pago TNT. Tornou-se amplamente conhecido, porém, por comentar as cerimônias do Oscar, desde 1983 — primeiro na Globo, depois no SBT e, atualmente, no TNT — e por ter assistido a mais de 35.000 filmes.

 

Ele foi grande responsável por popularizar o papel de crítico, ao falar de maneira mais técnica sobre filmes em vários canais da TV. Trabalhou na Globo, SBT, Record e Cultura.

 

No Oscar de 2018, Ewald Filho se envolveu em uma controvérsia ao falar sobre a atriz transgênero Daniela Vega, do longa chileno Uma Mulher Fantástica. O jornalista foi chamado de transfóbico ao comentar: “Essa moça, na verdade, é um rapaz”. Em entrevista a VEJA, o crítico se defendeu, afirmando tinha se confundido com “termos técnicos de expressão, mas nunca, em hipótese alguma, uma atitude sexista e transfóbica”.

 

 

Além da crítica, escreveu livros como “Dicionário de Cineastas” e atuou como consultor em projetos como o Pólo de Cinema de Paulínia (SP), entre outros.

Rubens escreveu os roteiros de “A Árvore dos Sexos” (1977) e “Elas são do Baralho” (1977), filmes dirigidos por Abreu.

Todo seu conhecimento sobre cinema Rubens Ewald Filho deixou registrado também em livros como “Dicionário de Cineastas”, “Cinema com Rubens Ewald Filho”, “Os 100 Maiores Cineastas”, “O Oscar e eu” e “Os 100 Melhores Filmes do Século 20”.

 

No começo de 2019, Ewald Filho ganhou um quadro no canal no YouTube do TNT. Em Rubens Responde, o crítico falou sobre filmes, claro, mas também sobre música, empoderamento feminino e fofocas de Hollywood.

 

 

‘Dicionário de cineastas’

 

 

A projeção alcançada por Rubens se deve ao seu perfil comunicativo e ao trânsito por diversas mídias – jornais, rádios, emissoras de televisão. Vale lembrar que registrou seu extenso conhecimento em muitos livros, popularizados como sólidas fontes de consulta, a exemplo de “Os 100 melhores filmes do século 20”, “Os 100 maiores cineastas” e, principalmente, “Dicionário de cineastas”.

 

 

“’Eu carrego uma bandeira de amor ao cinema e sou um entusiasmado. O cinema sempre foi um grande companheiro, que nunca me abandonou. Ele nos ajuda a viver e a sonhar’”

RUBENS EWALD FILHO – Em entrevista de 2011

versatilidade de Rubens fica comprovada na variedade de funções que exerceu ao longo do tempo. Na crítica, terreno em que obteve maior repercussão, escreveu sobre os lançamentos em salas de cinema e também em vídeo, DVD e TV. Levou seu patrimônio cinematográfico para a Globo, Cultura e o mundo da TV por assinatura (HBO, Telecine, TNT). Esteve à frente de alguns dos mais relevantes festivais de cinema do Brasil – como consultor do Projeto Paulínia Magia do Cinema / Polo de Cinema e curador dos festivais de Gramado e Paulínia.

Ator em ‘Amor, estranho amor’

 

Parece bastante, mas ele fez bem mais. Acumulou experiência em outros setores. Dirigiu montagens teatrais – como “Hamlet-Gasshô”, apropriação da peça de William Shakespeare, “Querido mundo”, de Miguel Falabella, e “O amante de Lady Chatterley”, de D.H. Lawrence. Trabalhou, raramente, como ator – em “Amor, estranho amor” (1982), de Walter Hugo Khouri.

 

 

Escreveu roteiros de dois filmes: “A árvore dos sexos” (1977), em parceria com Carlos Alberto Soffredini, Eugênia de Domênico e Mauricio Rittner; e “Elas são do baralho” (1977), com Roberto Silveira e Adriano Stuart, dirigidos por Silvio de Abreu. Com ele, aliás, assinou a novela“Éramos seis”,  adaptação do livro de Maria José Dupré, exibida no SBT.

 

Não parou por aí: colaborou, de maneira significativa, para a preservação da memória ao assumir a coordenação geral da Coleção Aplauso , composta por biografias de atores e diretores e publicações de roteiros.

 

 

Anotações de cada filme em cadernos

 

 

Nascido em Santos, em 1945, Rubens não demorou a se interessar por cinema. Duas revistas o sensibilizaram particularmente: “Filmelândia” e “Cinelândia”. Desde os 11 anos, anotou em cadernos cada filme que viu, escrevendo os títulos e as informações básicas. Transitou por áreas distintas —  Administração e Direito —, enfrentando, em casa, a oposição a seu desejo de trabalhar com cinema, profissão, contudo, que terminou ajudando no sustento familiar.

Seja como for, o cinema se manteve em primeiro plano. Foi seduzido pelas produções a que assistiu na juventude, considerando as décadas de 1950 e 1960 como as mais promissoras. Recebeu influência de críticos como Moniz Vianna, Sérgio Augusto e, posteriormente, Rubem Biáfora.

“No fundo, todo crítico quer ser amado. Mas ou você faz uma crítica honesta ou escreve para ser amado. Polêmica sempre deu leitura, mas o trabalho do crítico é ser honesto e destrinchar o filme para o público que vai ao cinema.”

RUBENS EWALD FILHO – Sobre o papel do crítico
Além do Oscar, também comentou o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores dos EUA.

 

 

‘Cinéfilo que não existe mais’

 

 

Comentarista do Oscar na TV Globo nos últimos anos, Artur Xexéo resume por que o colega exercia a função de maneira exemplar:

— Identificar os atores que aparecem no palco do Oscar não é muita vantagem. Isso vem no roteiro. Mas ele era craque mesmo. Sabia dizer quem eram e conhecia os currículos de todos os atores que apareciam na homenagem aos mortos de cada ano. Isso não está em roteiro nenhum.

 

 

Para Xexéo, Rubens refletia o cinema de seu tempo.

 

— Um tipo de cinéfilo que não existe mais, apaixonado por um cinema que não existe mais. Tornou-se uma referência como comentarista — diz o jornalista e colunista do GLOBO. — Sem ele, a crítica de cinema fica menos divertida.

 

Não há como resumir os feitos de Rubens Ewald Filho em poucas linhas, mas, de certo modo, uma expressão é suficiente para sintetizar toda a sua trajetória: paixão pelo cinema.

Rubens Ewald Filho faleceu em 19 de junho de 2019, aos 74 anos.

 

Ewald Filho estava internado em estado grave desde o dia 23 de maio, no Hospital Samaritano, em São Paulo, após sofrer um desmaio seguido de queda em uma escada. Marta Giovanelli, assistente do jornalista, afirmou que a queda foi causada por uma arritmia cardíaca.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – CINEMA / NOTÍCIAS / ENTRETENIMENTO – 19/06/2019)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / Por Daniel Schenker, especial para O GLOBO – 19/06/2019)

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.430 – 20 de JUNHO de 2019 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 25)

(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/06/19 – POP & ARTE / SÃO PAULO / NOTÍCIA / Por G1 SP – 19/06/2019)

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