Sammy: apoio a Nixon e amizade com Sinatra
Sammy Davis Jr.; O principal showman quebrou barreiras
Samuel George “Sammy” Davis Jr. (Nova York, 8 de dezembro de 1925 – Beverly Hills, Califórnia, 16 de maio de 1990), foi um cantor, dançarino e ator versátil e dinâmico que superou obstáculos extraordinários para se tornar um importante artista americano, o artista de sete instrumentos que fez de sua vida uma extensão do palco.
O showman nasceu em um cortiço no Harlem, cresceu no vaudeville desde os 3 anos e nunca foi à escola. Seus talentos como mímico, comediante, trompetista, baterista, pianista e vibrafonista, bem como cantor e dançarino foram moldados desde sua infância e fizeram dele um dos primeiros artistas negros do país a ganhar aclamação popular.
A vida de Sammy Davis Jr, sempre foi um show, no palco e fora dele. Sob as luzes da ribalta, esse baixinho desengonçado – media apenas 1,54 metro – dançava com desenvoltura espantosa para o físico franzino, cantava, fazia imitações e contava piadas. Era craque em provocar controvérsias com suas declarações bombásticas, joias e enfeites pendurados nos pulsos e no pescoço e com suas mudanças repentinas de convicção política ou religiosa. As luzes desse show de peripécias e controvérsias se apagaram.
Sammy nasceu em 1925 no bairro negro nova-iorquino do Harlem e subiu num palco pela primeira vez aos 3 anos de idade, a bordo da trupe mambembe Will Mastin Trio, formada por ele, o pai e um tio adotivo. A vida na estrada fez com que aprendesse um pouco de tudo, e logo ele estrearia no cinema – com 7 anos, no filme Rufus Jones for President – e iniciaria a carreira de cantor. Na música, ele se destacou como um dos melhores intérpretes de Cole Porter, o maior compositor popular americano, e fez seu melhor amigo, o cantor Frank Sinatra, que conheceu na orquestra de Tommy Dorsey. No cinema, seu papel mais conhecido foi em Porgy and Bess, de Otto Preminger, no qual interpretou o papel do irreverente e desabusado traficante de drogas Sportin Life.
Além do talento e da versatilidade, Sammy era sempre notícia pelas atitudes intempestivas, como a conversão ao judaísmo e o apoio ao presidente republicano Richard Nixon, no início dos anos 70. Sammy, que era democrata, apoiou Nixon no rastro do velho amigo Frank Sinatra e, com isso, conquistou diversas inimizades no meio artístico. Seus incontáveis romances e três casamentos sempre foram motivo de fofocas, especialmente o segundo, com a imponente loira sueca May Britt, em 1961, com a qual teve três filhos. De saúde fraca – esteve internado em hospitais diversas vezes – , Sammy que era um fumante inveterado, estava em coma há duas semanas. O câncer na garganta se alastrara até os pulmões, colocando um ponto final no show de sua vida. O outro show, o do artista, continua nos quinze filmes e dezenas de discos com a voz do cantor, através dos quais o seu talento eclético e incomum permanece vivo.
Sammy faleceu no dia 16 de maio de 1990, aos 64 anos, de câncer na garganta, deixando mulher – a dançarina Altovise Gore, com quem era casado há vinte anos – e cinco filhos.
(Créditos autorais: https://www.nytimes.com/1990/05/17/arts – The New York Times/ ARTES/ Arquivos do New York Times/ Por Peter B. Flint – 17 de maio de 1990)
(Fonte: Revista Veja, 23 de maio de 1990 – ANO 23 – Nº 20 – Edição 1131 – Datas – Pág; 78)