Samuel Beckett (1906-1989), autor irlandês. Vencedor do Prêmio Nobel, em 1969.

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“O Tédio deve ser considerado como o mais tolerável, porque o mais durável dos males humanos.”, Beckett escreveu em 1931 a propósito de Proust.

Beckett: Infatigável na descrição da solidão

Samuel Beckett (Dublin, 13 de abril de 1906 – Paris, 22 de dezembro de 1989), autor irlandês. Vencedor do Prêmio Nobel, em 1969, Beckett notabilizou-se como poeta, prosador e, especialmente, como dramaturgo, com textos como Esperando Godot, Dias Felizes, A última Gravação, num infatigável percurso rumo às angústias essenciais dos seres humanos.

Quando Beckett lançou o romance Molloy, em Paris, em janeiro de 1951, ganhou fama repentina por duas razões. O autor era um professor de inglês estabelecido em Paris, desde 1932, que já havia escrito dois romances na língua materna – e, fato raro, fazia sua estréia em francês. O segundo motivo estava no clima existência-lista que agitava o ambiente cultural do pós-guerra.
Molloy vinha a calhar com sua narrativa experimental que desafiava os limites da linguagem e da comunicação. Um escritor eminente do tempo, George Bataille, saudou Molloy na revista Critique como “maravilhoso sórdido”.

O sucesso do livro foi ofuscado em seguida, com outro maior. Em 1953, a peça Esperando Godot estreou em Paris. A repercussão foi mundial. O drama de Estragon e Vladimir, vagabundos condenados ao palco a espera de um salvador que jamais aparece, virou o emblema do desespero e da incomunicabilidade que regeram a literatura dos anos 50.

Beckett ganhou o Nobel de Literatura em 1969 – e ficou mais conhecido pelo teatro que pela prosa.
Mas o autor preferia seus romances a dramaturgia. Molloy deu início a “trilogia do pós-guerra”, completada por Malone Morre e O Inominável, publicados respectivamente em 1951 e 1958. São histórias sobre personagens isolados no niilismo e na impotência expressiva das palavras. Molloy é uma espécie de ensaio de Esperando Godot. Como a peça, o romance retrata uma dupla de indivíduos diante da falta de sentido da vida. É dividido em duas partes. Na primeira, o mendigo Molloy sai pelo mundo em busca da verdade. Como esta se revela impossível, nada mais lhe resta que falar de si próprio, sem controle. Manca de uma perna. Tropeça, cai, é preso. Solto, isola-se no quarto da mãe morta e redige suas inquietações. A segunda parte recua á estada na prisão. O policial Moran é encarregado pelo chefe Gaber de vigiar e escrever relatórios sobre Molloy. A certa altura, perde o pé da lógica e descamba a narrar a maneira do mendigo, aos trancos e borbotões. Não sabe mais nem quem vigia. Molloy simboliza o impasse do romance do século XX, presa da esterilidade da linguagem. É curioso que esse tipo de narrativa fragmentária ajudou a recolocar os romancistas nos trilhos da concisão. O que vale na ficção atual é o avesso do pregado por Beckett.

(Fonte: Época – N° 508 – 11 de fevereiro 2008 – Editora Globo – Mente Aberta – Livros/Luís Antônio Giron – Pág; 110)
(Fonte: Veja, 12 de janeiro de 1983 – Edição n° 749 – LIVROS/ Por Edélcio Mostaço – Pág; 89)

No dia 22 de dezembro de 1989 – Morte de Samuel Beckett, escritor irlandês, criador do “teatro do absurdo”.

(Fonte: Correio do Povo – Ano 113 – Geral – segunda-feira, 22 de dezembro de 2008 – Cronologia/ RENATO BOHUSCH – Pág; 19)

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