Samuel Fuller (Worcester, 12 de agosto de 1912 – Hollywood, 30 de outubro de 1997), roteirista, produtor e cineasta americano que desafiou os estúdios.
Terceiro filme de Fuller, The Steel Helmet, foi um dos primeiros filmes sobre a Guerra da Coreia, que escreveu baseado em depoimentos de veteranos da Coreia e suas próprias experiências.
O legado maldito de Samuel Fuller é revisitado em mostra e em documentário
Samuel Fuller ídolo de Godard, Wim Wenders e Spielberg, deixou registros da Segunda Guerra e filmes caseiros inéditos, além de cults como o thriller Cão branco.
Divindade entre os cineastas malditos americanos, adorado por realizadores do naipe de Jean-Luc Godard, Wim Wenders e Steven Spielberg, o diretor Samuel Fuller (1912-1997), cuja obra entra em retrospectiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir esta terça-feira, deixou um tesouro cinéfilo escondido em seu escritório, na Califórnia. A parte mais valiosa corresponde a registros documentais inéditos da Segunda Guerra Mundial, desconhecidos mesmo dos estudiosos das imagens feitas por ele, como repórter cinematográfico, da invasão a campos de concentração na Europa. Parte desse material vai integrar o documentário A Fuller life, já em produção nos EUA.
Quem assina sua direção é a atriz Samantha Fuller, de 38 anos, filha do cineasta. Em entrevista por telefone ao GLOBO, ela conta que o pai deixou guardados ainda, curtas caseiros feitos na França, e filmes com imagens de família. Em solo francês, ele era idolatrado pela crítica por cults como Casa de bambu (1955) e A lei dos marginais (1960) incluídos na mostra Se Você Morrer, Eu Te Mato!, em cartaz no CCBB até o dia 5 de maio.
O escritório dele ficou intocado desde sua morte, guardando pequenos exercícios narrativos filmados nos anos 1940, na época da guerra diz Samantha, lembrando que o pai era marginalizado em Hollywood por não se dobrar à vontade dos estúdios.
Avesso ao glamour
Quando tinha 6 anos, Samantha fez uma participação na telona à frente de um dos títulos mais estudados do diretor: o thriller Cão branco (1982). Com trilha sonora de Ennio Morricone, o filme, centrado numa linhagem de cachorros treinados por racistas para matar pessoas negras, será exibido pelo CCBB neste sábado, às 20h. Para a abertura da mostra, nesta terça-feira, o curador Julio Bezerra programou três obras de Fuller: às 16h, Mortos que caminham (1962); Dragões da violência (1957); O beijo amargo (1964). Neles, o diretor busca o lado menos glamouroso dos Estados Unidos.
Meu pai filmava como um repórter que se debruça sobre um tema com o espírito de cobrir uma história, extraindo dela todos os fatos possíveis para se construir uma interpretação da realidade diz Samantha, que em A Fuller life funde cenas de clássicos do diretor com cenas inéditas dele na vida privada. Em 2012, ano do centenário dele, comecei a pensar que a melhor forma de celebrar seu legado seria fazer um filme capaz de retratar sua postura ética.
Repórter policial na juventude, Fuller, filho de judeus de origem russa e polonesa, estreou na direção em 1949 com o faroeste Eu matei Jesse James, que o CCBB projeta no dia 1º, às 18h. No bangue-bangue, ele se debruça sobre o assassino Robert Ford (vivido por John Ireland), que passou para a História como um covarde. Entram ainda na mostra longas que renderam a Fuller indicações à Palma de Ouro no Festival de Cannes (Agonia e glória, de 1980, com sessão no dia 21, às 19h) e ao Urso de Ouro de Berlim (Ladrões do amanhecer, 1984, com projeção no dia 26, às 18h). No Festival de Veneza, ele ganhou o Leão de Bronze com Anjo do mal (1953), um sucesso de bilheteria com Richard Widmark e Jean Peters.
Papai tinha um cinema cru, livre de efeitos especiais, baseado em movimentos de câmera define Samantha. Mas na simplicidade, ele expressava sua crítica.
(Fonte: Veja, 14 de dezembro, 1983 – Edição n.° 797 – Datas – Pág; 115)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – NOTÍCIAS – CULTURA/ Por Luiz Carlos Merten – O Estado de S.Paulo – 8 de abril de 2013)
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA/ Por Rodrigo Fonseca – 15/04/13)
O legado maldito de Samuel Fuller é revisitado em mostra e em documentário