Sándor Márai, escritor e jornalista húngaro, autor de um romance sobre a Guerra dos Canudos, “Veredicto em Canudos”

0
Powered by Rock Convert

Sándor Márai: autor de um romance sobre a Guerra dos Canudos

Sándor Márai (nasceu como Sándor Károly Henrik Grosschmid em (Košice, 11 de abril de 1900 — San Diego, Califórnia, 22 de fevereiro de 1989), escritor húngaro

Nascido em Kassa, uma pequena cidade húngara que hoje pertence à Eslováquia no então Império Austro-Húngaro, em abril de 1900, ele sobreviveu à ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, mas não resistiu à opressão do comunismo.

Sándor Márai nunca esteve no Brasil, porém, inclui um inusitado item de origem brasileira. É autor de “Veredicto em Canudos”, romance cuja ação transcorre no sertão da Bahia. A paisagem crestada pelo sol, a vegetação espinhenta, a secura e a miséria da caatinga – está tudo lá, com uma intimidade narrativa que faria supor um (bom) escritor nativo.

Sua história se passa na noite de 5 de outubro de 1897, data da capitulação final de Canudos, da formação do arraial à resistência diante de quatro bem armadas expedições do Exército brasileiro. A história é narrada por um cabo do Exército que serve como escrivão para o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt. Euclides da Cunha, então correspondente de guerra do jornal O Estado de S.Paulo, também faz  uma aparição rápida.

“Veredicto em Canudos” tem lá suas tolices, como quando a cabeça decepada de Conselheiro fala a palavra Brasil. A visão de Canudos como uma espécie de comunidade anarquista também é um tanto ingênua. O diálogo entre Bittencourt e uma misteriosa sobrevivente de Canudos tem uma qualidade perturbadora e confere uma sutil coloração fantástica a um episódio brutalmente real, deixando a incômoda sensação de que os fanáticos sertanejos não são tão estranhos à civilização quanto se supõe.

“Veredicto em Canudos” foi inspirado na obra-prima de Euclides da Cunha em “Os Sertões”, relato clássico da insurreição messiânica liderada por Antônio Conselheiro em Canudos, no final do século XIX, e, provou ser uma fonte inesgotável para outros escritores.

Exilou-se na Itália em 1948. Mais tarde foi para os Estados Unidos, onde se suicidaria em fevereiro de 1989, em San Diego, na Califórnia.

(Fonte: Veja, 8 de maio de 2002 – ANO 35 – Nº 18 – Edição 1750 – Livros/ Por Jerônimo Teixeira – Pág: 114)

Powered by Rock Convert
Share.