Paul Beatty é primeiro americano a ganhar Man Booker Prize
Romance ‘The sellout’ é retrato ‘surpreendente’ de Los Angeles, avaliou júri.
No livro, autor usa sátira para explorar igualdade racial em bairro imaginário.
Paul Beatty se tornou em 25 de outubro de 2016 o primeiro autor americano a conquistar o Man Booker Prize, o mais prestigioso prêmio na língua inglesa com sede em Londres, por seu romance “The sellout”.
O escritor, autor de “The Sellout”, é o primeiro norte-americano a receber o prêmio, um dos mais importantes de literatura de língua inglesa. O romance foi editado pela mesma editora de Marlon James.
Para o júri, trata-se de um retrato “comovente e surpreendente” da cidade natal do escritor, Los Angeles. O autor usa a sátira para explorar a igualdade racial em um bairro imaginário do lugar.
“The Sellout” é o quarto livro de Beatty e, em 2016, levou também o National Book Critics Circle Award nos Estados Unidos.
Por tradição, o Man Booker Prize é concedido a autores de países da Commonwealth. Em 2013, porém, abriu-se a autores de outros países anglófonos, incluindo os Estados Unidos.
No discurso de entrega do prêmio, que decorreu no edifício Guildhal, em Londres, o autor, emocionado, admitiu que “não estava mesmo nada à espera disto”. “Não quero ser dramático e dizer que a escrita me salvou a vida, mas a escrita deu-me uma vida”, disse Beatty.
Descrevendo-o como “um romance dos nossos tempos”, Amanda Foreman, presidente do júri deste ano, afirmou que “The Sellout é um daqueles livros muito raros que consegue pegar na sátira — que é um género muito difícil e nem sempre bem conseguido — e atirá-la para o coração da sociedade norte-americana contemporânea com uma perspicácia selvagem que não vejo desde Swift ou Twain”. Apesar de The Sellout poder ser difícil de digerir, a historiadora salientou que a “ficção não deve ser confortável” e que “a verdade raramente é bonita”.
Além do prémio de 50 mil libras, Beatty irá receber 2.500 libras por ter sido escolhido para a shortlist, anunciada em meados de setembro. A concurso estavam outros dois norte-americanos — Otessa Mosgfegh, com Eileen, e David Szalay, com All That Man Is. A lista dos seis finalistas incluía ainda os britânicos Deborah Levy, com Hot Milk, e Graeme Macrae Burnet, com His Bloody Project, e a canadiana Madeleine Thien, autora de Do Not Say We Have Nothing.
Na altura, Amanda Foreman explicou que os seis finalistas refletiam “a centralidade do romance na cultura moderna — na sua habilidade de defender o que não é convencional, de explorar o desconhecido e de tocar em temas difíceis”.
Em 2015, o galardão foi atribuído ao jamaicano Marlon James, autor de A Brief History of Seven Killings (ainda sem tradução em português), também publicado pela Oneworld. A obra, sobre obre a lutas contra os traficantes de droga jamaicanos, conquistou o júri apesar da linguagem forte e das descrições de violência.
Foi a primeira vez que um autor jamaicano ganhou um Man Booker Prize, o que só foi possível com a mudança das regras de atribuição em 2014. A partir desse ano, o Man Booker passou a estar disponível a qualquer escritor que tenha visto a sua obra publicada, em inglês, no Reino Unido. Esta alteração permitiu que os autores norte-americanos, como Paul Beatty, também pudessem concorrer. Foi também esta mudança que tornou também possível a escolha do escritor moçambicano Mia Couto para a lista dos finalistas.
(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/10 – POP & ARTE – NOTÍCIA – Da France Presse – 26/10/2016)
(Fonte: http://observador.pt/2016/10/25 – CULTURA – LITERATURA/ Por Rita Cipriano – 26/10/2016)