O Libertador da América
Simón Bolívar (Caracas, Venezuela, 24 de julho de 1783 – Santa Marta, Colômbia, 17 de dezembro de 1830), herói venezuelano, político e militar que atuou de forma decisiva no processo de independência da América Espanhola.
Simon Bolívar, foi militar e político venezuelano, líder dos movimentos de independência de diversos países da América do Sul.
Media 1,65 m, pesava 65 kg, tinha o “peito miúdo” e “pernas impossivelmente finas”. A aparente fragilidade, porém, se dissolvia quando Simón Bolívar começava a falar, com “um magnetismo que parecia apequenar homens mais robustos.”
Durante 11 anos, esse homem culto, que podia citar Rousseau em francês e Júlio César em latim, liderou uma campanha militar sem precedentes na América Latina.
Enfrentando a umidade das selvas, o calor caribenho e o gelo dos Andes, Bolívar foi definitivo para libertar do jugo espanhol o que hoje são Colômbia, Venezuela, Panamá, Equador, Peru e Bolívia.
O contexto em que nasceu o chamado “Libertador” e sua personalidade singular deram origem a uma utopia na América Latina unida e independente.
Bolívar e seus companheiros de campanha militar escreveram muito, pintores o retrataram, com dramaticidade e detalhe o modo como esse sonho se dissolveu ainda durante a vida de Bolívar, fazendo dele, ao final, um herói triste e decepcionado.
MENINO RICO
Bolívar cresceu numa família “criolla” (de origem europeia, mas nascida na América) em uma Caracas já descontente com o controle espanhol. Se pai era um dos homens mais ricos do país, e o garoto já nascera proprietário de casas na cidade e no campo, terras cultiváveis, portos, minas e escravos.
De comportamento rebelde, passou a adolescência brincando com filhos de escravos e teve na negra Hipólita, ama-de-leite destinada a cuidar dele, uma espécie de segunda mãe.
Bolívar foi consciente da questão racial desde cedo. Por isso não teve dúvidas de arregimentar escravos para seu exército. Porém, essa mesma decisão levou-o a refletir de forma negativa sobre o futuro do continente. No fim, ele passou a acreditar que a desigualdade racial criaria um desiquilíbrio perigoso para a região.
Após as independências, Bolívar assistiu com tristeza e raiva à divisão política entre seus comandados. Tentou de forma vã conter a fragmentação do sonho. Começou a defender posturas mais autoritárias e a dizer que “servir a uma revolução era arar no mar”. Morreu desiludido e tuberculoso, aos 47 anos, em Santa Marta, no litoral colombiano.
APOIO À ARGENTINA CONTRA O BRASIL
Quando esteve em La Paz e em Potosí, na atual Bolívia, em 1825, Bolívar sentiu-se tentando a expandir sua revolução libertadora ao sul do continente. E, por pouco, quase invade o Brasil.
O convite foi dos argentinos ( das então chamadas Províncias Unidas do Rio da Prata), que queriam seu apoio para lutar contra o Império do Brasil na chamada Guerra da Cisplatina (1825-1828), em que ambos os países disputaram o território que hoje corresponde ao Uruguai.
“O demônio da glória deve nos levar até a Terra do Fogo! E, na verdade, o que arriscamos?”, escreveu Bolívar.
Porém, ao consultar seu braço forte em Bogotá, Francisco Santander, que chefiava então a Gran Colombia, Bolívar se convenceu de que a empreitada poderia resultar em fracasso.
Além da grave crise econômica que se instalara após as lutas de independência, surgiram diversos conflitos políticos na cúpula revolucionária.
Santander pedia a presença de Bolívar em Bogotá em caráter de urgência e alertava para o fato de que aquele não era o momento oportuno para arrumar uma briga com um outro império.
Bolívar custava a resignar-se às limitações concretas de seu projeto utópico. Além de tudo, era vaidoso, e a possibilidade de outra guerra e outro triunfo sempre o seduziram.
(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.148 – 24 de julho de 2018 – ALMANAQUE GAÚCHO – Hoje na História: 24 de julho / Por Ricardo Chaves – Pág: 40)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/08/1675112- ILUSTRADA – SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO – “Bolívar – O Libertador da América”, de Marie Arana – 29/08/2015)