Foi autor de uma das mais polêmicas peças da história da ciência no século XX.
Teilhard de Chardin (Orcines, 1º de maio de 1881 – Nova York, 10 de abril de 1955), paleontólogo e padre jesuíta francês, cientista destacado que contribuiu e ficou conhecido nos meios científicos por seus artigos publicados em revistas especializadas e por sua participação em escavações importantes, como a que descobriu em Chu-ku-tien, a 50 quilômetros da capital chinesa, o famoso Sinantropo ou “homem de Pequim”, um dos elos da evolução humana.
Mas Teilhard tomou parte também em outra descoberta, menos honrosa, a do “homem de Piltdown”, um local arqueológico na Inglaterra onde em 1908 e 1912 foram encontrados fósseis de humanos, macacos e outros mamiferos.
Nessa localidade do sul da Inglaterra, em 1908, o advogado inglês e paleontólogo amador Charles Dawson (1864-1916) alegava ter desenterrado uma calota craniana e depois outros fragmentos de ossos e instrumentos de pedra.
Em 1909, Teilhard, que estudava perto de Piltdown e iniciava suas pesquisas de campo, conheceu Dawson e o ajudou na descoberta de novos restos fósseis nas redondezas, atribuídos ao mesmo homem de Piltdown.
Com o apoio de Teilhard e do respeitado diretor da seção de História Natural do Museu Britânico, Arthur Smith Woodward (1864-1944), Dawson tentou convencer o mundo científico de que encontrara o buscado “elo perdido” entre os símios e os homens, um fóssil com queixo de macaco e cabeça de homem.
Boa parte da comunidade científica continuou duvidando da descoberta ou pelo menos de sua interpretação até que, em 1953, três cientistas britânicos conseguiram provar que os ossos de Piltdown tinham sido trazidos de lugares distintos, manchados quimicamente para parecerem antigos e aplanados para assumirem um aspecto humano.
Com o escândalo, o maior da história da paleontologia, os adeptos de Teilhard deixaram de mencionar sua participação no episódio escabroso e até expurgaram da edição de suas obras passagens comprometedoras. Afrontando a raiva desses círculos de passado desconfortável, chega-se a convicção de que Teilhard realmente participou da montagem fraudulenta.
Teilhard de Chardin faleceu em Nova York em abril de 1955, aos 74 anos, sem ter conseguido autorização de seus superiores para publicar sequer um livro.
(Fonte: Veja, 17 de junho de 1992 – ANO 25 – Nº 25 – Edição 1239 – LIVROS/ Por DUARTE PEREIRA – Pág: 102/103)
(Fonte: Veja, 17 de abril de 1974 – Edição 293 – RELIGIÃO – Pág: 54)