O cantor e compositor Telmo de Lima Freitas, era um dos maiores nomes da música gaúcha
Artista premiado foi também conselheiro honorário do MTG.
Telmo de Lima Freitas (São Borja, 13 de fevereiro de 1933 – Cachoeirinha, 18 de fevereiro de 2021), cantor e compositor, músico gaúcho é um dos mais representativos nomes da música gaúcha, sendo autor de sucessos como Cantiga de Ronda e Baile de Rancho.
Autor de sucessos como “Esquilador”, era conselheiro honorário do MTG e foi patrono da Semana Farroupilha em 2009.
Com o título Esquilador, ele venceu a Calhandra de Ouro, maior prêmio da 9ª Califórnia da Canção Nativa, em 1979. Também ganhou, em 2009, o prêmio de melhor compositor e melhor CD regional no Prêmio Açorianos com o trabalho A Mesma Fuça.
Nascido em São Borja, era filho do oficial do exército Leonardo Francisco Freitas e de Mariana de Lima Freitas. Desde cedo demonstrou talento para carreira musical. Aos 14 anos, participou do grupo Quarteto Gaúcho.
Compositor, cantor e instrumentista, seu primeiro disco, intitulado “O Canto de Telmo de Lima Freitas”, foi lançado em 1973. Morou durante anos em Uruguaiana e outras cidades do interior como por exemplo Itaqui, durante 4 anos aonde se aposentou como agente da Polícia Federal.
Com seus amigos Edson Otto e José Antônio Hahn, criou o grupo Os Cantores dos Sete Povos, com o qual conquistou o troféu Calhandra de Ouro da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1979, com a canção “Esquilador”, marco em sua trajetória. Com o grupo, Telmo participou das 11 primeiras edições do festival.
Em 1980, lançou “Alma de Galpão”. Com o álbum “A Mesma Fuça”, recebeu o Troféu Açoriano em duas categorias: melhor compositor e melhor CD regional. É autor do livro de poesias crioulas “De Volta ao Pago”, lançado pela Editora Treze de Maio.
Em 2006, o músico gravou em Porto Alegre uma compilação de suas composições, denominada Aparte, com participação de familiares. Ele foi patrono da Semana Farroupilha em 2009.
Admirador do trabalho de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa por terem cunhado o tradicionalismo, Telmo lamentou em 2013 os rumos do movimento. Para ele, parte da geração que deveria praticar as tradições perdeu interesse pela cultura gaúcha.
— Hoje, a gurizada está muito preocupada com a música, mas não conhece as coisas do campo. Tem gente que gosta de Esquilador e não sabe o que é descascarrear (remover os excrementos que ficam aderidos à lã da ovelha antes da tosa). Ninguém pode gostar daquilo que não conhece — queixou-se, à época.
Telmo de Lima Freitas faleceu em 18 de fevereiro aos 88 anos de idade, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
O prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello, decretou luto oficial de três dias pela morte do músico, que no final dos anos 1980 foi secretário de Cultura do município, ondeantes ele havia morado quando exercia suas funções na Polícia Federal.
Nas redes sociais, a presidente do MTG, Gilda Galeazzi, manifestou “seus sentimentos aos familiares, amigos e fãs”.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o compositor e amigo de Telmo, Luiz Carlos Borges, aponta que o músico será lembrando não somente por sua obra, mas também por sua personalidade aberta e seu modo de falar incisivo, que trazia segurança e esperança para quem conversava com ele.
— Eu tenho a agradecer a Deus a sorte de ter tido o caminho aberto para me encontrar com o Telmo. E de ele ter dedicado um carinho especial para mim, algo que eu sei que ele fez com muita gente porque ele era assim, coração grande, aberto — diz. — Ao se despedir de um amigo, um irmão como Telmo abre um rombo no coração da gente, mas deixa algo tão grande na volta, que aos poucos o próprio tempo vai se encarregando de substituir qualquer tipo de mágoa, de tristeza, de dor com a perda em algo bom, por algo saudável apenas do ponto de vista em que a amizade prevalece em tudo — acrescenta.
Borges também destaca que o compositor não tentava ser um artista ao lado dos amigos, mostrando-se uma pessoa simples. Relembrou, inclusive, que o disco Jagueretês — em que o gaitero interpreta músicas de Telmo — nasceu de uma provocação em um churrasco. Ao pedir permissão a Telmo para colocar a canção Piragueiros em seu repertório, o compositor acabou dando outra ideia:
— “Mas por que tu não grava em vez de só colocar no repertório?”. Eu falei: “É uma boa, de repente eu gravo”. Aí ele pegou, cravou o espeto na volta do fogo, voltou com a faca na mão e falou assim: “Tu podia fazer um disco com as minhas canções”. E eu brinquei com ele assim: “Mas não diga besteira para louco que eu saio grudado já nessa proposta”. Foi tão natural, tão lindo isso.
(Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/musica/noticia/2021/02 – CULTURA E LAZER / MÚSICA REGIONALISTA / por GZH – 18/02/2021)
(Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda – ANO 126 – N° 141 – ARTE & AGENDA – 18/02/2021)
(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 57 – N° 19.949 – 19 DE FEVEREIRO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 41)