UM INTRANSIGENTE NA DEFESA DE SUAS CONVICÇÕES
Em seus discursos e entrevistas, Teotônio Vilela sempre se esforçou para ir direto ao centro das questões, usando um estilo oposto ao dos liberais mineiros. Aqui, algumas das suas frases mais marcantes e contundentes:
“O Brasil está à espera de um grande escritor para relatar a loucura em que vivemos, o dia-a-dia sem rumo”. (Agosto de 1982)
“Temos um Brasil velho, de ideia fixa, brigando com um Brasil jovem, de ideias infixas”. (Janeiro de 1968)
“Qualquer revolução é um feixe de varas irregulares que permite a união de forças, mas não garante a comunhão de ideias”. (Junho de 1976)
“Se a Constituição é o código de ética política de um povo, qualquer alteração do seu texto implica consulta popular ou convocação de uma Assembleia Constituinte”. (Abril de 1977)
“Ninguém se iluda com o crescimento selvagem que nos foi imposto, pois será essa própria selvageria que nos transformará em antropófagos”. (Outubro de 1978)
“Num regime fechado, quem entra na redoma do poder despede-se da nação e se entrega à hegemonia do Estado”. (Dezembro de 1978)
“Sofremos de carência generalizada – vai do feijão à Constituição”. (Junho de 1979)
“A anistia é o reencontro da nação consigo mesma”. (Agosto de 1979)
“Peço ao Congresso Nacional que promova a rebelião das consciências, antes que venha a rebelião das massas”. (Agosto de 1979)
“Sai governo e entra governo, sai ministro e entra ministro, e tudo continua ao contrário do que todos desejamos, ou seja, que entrasse a austeridade e saísse a corrupção, que entrasse a consciência democrática e saísse a consciência autoritária”. (Outubro de 1979)
“O presidente vai e diz a uma criança que fazer política é mentir. Isto não é uma aula, é um coice que ele está dando na pátria”. (Janeiro de 1983)
“A revolta é a forma mais bela de expressão. A política devia ser a arte de disciplinar a revolta.” (Junho de 1983)
Teotônio Vilela (1917-1983), ex-senador e vice-presidente do PMDB. Liberal desde a mocidade, ele enfrentou as urnas pela primeira vez em 1954, sendo eleito deputado estadual pela UDN. No final de 1963, já como vice-governador de Alagoas, aderiu ao movimento contra o governo de João Goulart. Ocupou o poder, na ausência do governador Luiz Cavalcante (1913-2002).
Em 1966, ele foi eleito senador pela Arena, e não abandonou o liberalismo. Assinou um telegrama, junto com outros senadores, em 1968, protestando junto ao presidente Costa e Silva pela edição do AI-5. Durante o governo Ernesto Geisel, apoiou o projeto de distensão política do presidente. Depois, desencantou-se e rompeu formalmente com o governo João Babtista Figueiredo em abril de 1979, quando passou para a oposição e ajudou a fundar o PMDB.
(Fonte: Veja, 7 de dezembro de 1983 – Edição 796 – Datas – Pág; 104 - Memória - Pág; 100/101)