Ministro do Supremo ficou conhecido por ser o relator da maior investigação de corrupção no País, a operação Lava Jato
Teori Albino Zavascki (Faxinal dos Guedes, Santa Catarina, 15 de agosto de 1948 – Paraty, 19 de janeiro de 2017), era magistrado e professor. O magistrado havia ingressado na Suprema Corte em 2012 indicado pela então presidente Dilma Rousseff, tinha carreira de 46 anos, e atuava como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), era relator da Operação Lava Jato na mais alta corte do país.
Ele era considerado por juristas e também por seus pares como um dos ministros mais técnicos da Suprema Corte.
Ao longo dos quatro anos em que integrou o plenário do STF, Teori se mostrou um homem de perfil discreto e avesso a comentários ou entrevistas.
O silêncio sobre os casos que chegavam ao seu gabinete tinha uma razão técnica: ele não queria tornar-se “impedido” de julgar por antecipar alguma opinião. Teori sempre preferia falar nos autos e neles era crítico, mesmo quando recorria às entrelinhas.
No plenário, evitava entrar em rota de colisão com os colegas. Mas era firme na hora de votar como ocorreu em 2016 no julgamento sobre o processo do impeachment de Dilma Rousseff.
Nascido em Faxinal dos Guedes, no interior do estado de Santa Catarina, em 15 de agosto de 1948, é filho de Severino Zavascki e Pia Maria Fontana.
Casou-se com Maria Helena de Castro, juíza federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de Porto Alegre (RS), e com ela teve três filhos – Alexandre Prehn Zavascki, Liliana Maria Prehn Zavascki e Francisco Prehn Zavascki. Teori Zavascki foi professor da Faculdade de Direito da UFRGS desde 1987 e após ser redistribuído, passou a lecionar na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), entre 2005 até 2013.
Carreira
Em sua carreira como advogado passou por diversos órgãos públicos, entre eles o Banco Central, entre os anos de 1976 e 1989. Enquanto advogava para o BC foi aprovado no concurso público para os cargos de juiz federal e consultor jurídico do Estado do Rio Grande do Sul. Não tomou posse, pois preferiu continuar no Banco Central.
Foi desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de junho de 2001 até de maio de 2003. Em dezembro de 2002, foi indicado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso para ser ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tendo seu nome aprovado pelo Senado Federal em março, com 59 votos favoráveis, três contra e uma abstenção. Foi nomeado ao cargo pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2012, Teori Albino Zavascki foi indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), para substituir Cezar Peluso, que se aposentou ao completar 70 anos.
Na política
Mesmo sendo um homem de pouca conversa e considerado um magistrado com perfil low-profile, passou a ter mais atenção em fevereiro de 2014, quando votou pela absolvição dos condenados por formação de quadrilha no Mensalão. Menos de um ano após a polêmica, Teori Zavascki, autorizou a abertura de inquérito contra 47 políticos, considerados suspeitos de participação em esquema de corrupção, ação conhecida mundialmente como Operação Lava Jato.
Zavascki autorizou a prisão do então senador Delcídio do Amaral, do banqueiro André Esteves, do advogado de Delcídio, Edson Ribeiro, e do chefe de gabinete do senador Diogo Ferreira Rodrigues, por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Foi ele quem homologou a delação premiada de Delcídio do Amaral.
Em 2016 uma nova polêmica envolveu o ministro, uma vez que ele determinou que todas as investigações da Lava Jato na primeira instância e que envolviam nomes políticos com foro privilegiado fossem remetidas ao Supremo Tribunal Federal, além de decidir pelo sigilo em interceptações telefônicas.
Em maio de 2016, deferiu a medida requerida na ação cautelar, que determinou a suspensão de Eduardo Cunha do exercício do mandato de deputado federal e do cargo de presidente da Câmara dos Deputados.
No mesmo mês negou o pedido de anulação do processo de de impeachment de Dilma Rousseff. Com a decisão, o Senado mantém a votação que decide pela abertura do processo e afastamento temporário da presidente do Palácio do Planalto.
Trajetória jurídica
Formado em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – instituição onde ele também fez o doutorado – , Teori deu início à carreira jurídica em 1971.
A primeira experiência profissional do ministro como advogado ocorreu em Porto Alegre. Ele era concursado do Banco Central e atuou por sete anos na instituição. No anos 80, o magistrado se transferiu para a superintendência jurídica do Banco Meridional do Brasil.
Especialista em processo civil e direito tributário, Teori também foi ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), presidiu o Tribunal Regional Federal da 4ª região (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) entre 2001 a 2003 e atuou como juiz do Tribunal Regional Eleitoral na década de 1990.
Após uma carreira de 41 anos, ele se tornou ministro do STF, em 2012, por indicação da então presidente da República, Dilma Rousseff.
Teori teve o nome aprovado no Senado com 54 votos favoráveis e quatro contrários. Ele substituiu o ministro Cezar Peluso, que havia se aposentado no mesmo ano.
Ele foi indicado para o Superior Tribunal de Justiça pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas foi nomeado para a Corte Superior, em 2003, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atuação no STF
Além dos processos regulares na Corte, o ministro acumulava em seu gabinete mais de 50 inquéritos e ações penais da Lava Jato. No momento, o caso mais importante, que ainda aguardava sua homologação, era a delação premiada de 77 executivos da Odebrecht.
O ato, que oficialmente reconhece a validade jurídica dos acordos, estava previsto para o início de fevereiro. Só a partir dele, a Procuradoria Geral da República (PGR) poderia iniciar novas investigações com base nos depoimentos.
Na análise do caso, Teori era considerado pelos pares e advogados um relator técnico e discreto. Nunca concedeu entrevista sobre o assunto e só se manifestava nos autos.
Numa das decisões mais marcantes, no final de 2015, convocou uma sessão extraordinária na Segunda Turma – responsável pela Lava Jato – para confirmar uma ordem de prisão do então senador Delcídio do Amaral e do dono do banco BTG, André Esteves. Na época, veio à tona gravação com indícios de que ambos pretendiam comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
“O presente caso apresenta linha de muito maior gravidade. O parlamentar não está praticando crimes qualquer, está atentando contra a própria jurisdição do Supremo Tribunal Federal”, disse Zavascki.
Outra decisão marcante foi o voto permitindo a prisão de condenados após a segunda instância. Como relator, Teori obteve a adesão de outros 6 ministros da Corte (Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes); 4 votaram de forma contrária (Rosa Weber, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski).
O julgamento levou à reação da própria classe política: no fim de maio, veio à tona uma gravação na qual o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atacou a mudança de jurisprudência em uma conversa com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado.
No diálogo, o senador do PMDB – investigado pela Lava Jato – afirma que o Congresso Nacional precisa aprovar uma nova lei para restabelecer as prisões somente após o trânsito em julgado.
A fala do presidente do Senado foi interpretada por procuradores da República como indício de uma tentativa de atrapalhar as investigações do caso e chegou a embasar o pedido de prisão apresentado ao Supremo contra Renan por Janot. Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki rejeitou o pedido de prisão.
A irritação de Renan Calheiros foi motivada, em parte, pelo fato de que a decisão do Supremo de rever a regra de execução das prisões serviu como estímulo às delações premiadas, na medida em que, temendo a prisão mais rápida, muitos investigados acabaram fechando acordos de colaboração com a Justiça em troca do abrandamento da pena.
Veja a trajetória de Teori
- Nasceu em 15 de agosto de 1948 em Faxinal dos Guedes (SC)
- Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Era mestre e doutor em Direito Processual Civil pela mesma universidade
- Ingressou na advocacia em 1971
- Foi professor de Direito da UFRGS, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinos) e da Universidade de Brasília (UnB), além de advogado do Banco Central do Brasil
- Foi nomeado juiz federal em 1979 e exerceu cargos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região entre 1989 e 2003. Ele chegou a presidir o tribunal
- Teori também foi ministro do Superior Tribunal de Justiça de 2003 a 2012, onde chegou a ser presidente da 1ª Turma – no biênio de 2004 a 2006 – e presidente da 1ª Seção, de 2009 a 2011
- Em 2012, durante o governo Dilma, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. Na Suprema Corte, presidiu a Segunda Turma de 2014 a 2015. Atualmente, era o relator dos processos da Operação Lava Jato
- Teori tem seis publicações em direito de sua autoria, além de outros 28 em co-autoria
- Recebeu diversas condecorações, títulos e medalhas, como Ordens do Mérito Judiciário do Trabalho e Militar, além de outras regionais
- Foi membro do Instituto Ibero-Americano der Direito Processual e Instituto Brasileiro de Direito Processual.
Magistrado Teori Zavascki morreu aos 68 anos após queda de avião em Paraty (RJ). A queda do avião King Air C90 PR-SOM no litoral sul do Rio de Janeiro ceifou mais duas vítimas fatais,
Avião que caiu com o ministro do STF Teori Zavascki saiu de SP.
(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2017-01-19 – POLÍTICA/ Por |
(Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia – POLÍTICA/ Por G1, Brasília – 19/01/2017)