Theo Brandão (Viçosa, Alagoas, 26 de janeiro de 1907 – Maceió, 29 de setembro de 1981), nome literário de Teotônio Vilela Brandão, alagoano, um dos mais importantes folcloristas do Nordeste.
Médico, farmacêutico, sobretudo, folclorista. Sua paixão pelo folclore alagoano o tornou referência nacional nesta área.
Publicou, entre outros livros, Folclore de Alagoas. Era primo do senador Teotônio Brandão Vilela e do cardeal Avelar Brandão Vilela. Theo Brandão morreu em 29 de setembro de 1981, aos 74 anos, de câncer, em Maceió.
(Fonte: Veja, 7 de outubro, 1981 – Edição n° 683 DATAS – Pág; 99)
Théo Brandão
Theotônio Vilela Brandão, conhecido como Théo Brandão, nasceu no dia 26 de janeiro de 1907, na cidade de Viçosa, Alagoas, filho do médico e farmacêutico Manoel de Barros Loureiro Brandão e sua prima Carolina Vilela Brandão.
Em Viçosa, foi aluno dos professores João Manuel Simplício, Ovídio Edgar de Albuquerque e estudou nos colégios de D. Maria Amélia Coutrim.
Aos dez anos de idade a família mudou-se para a cidade de Maceió, onde ele continuou seu curso primário no Colégio São José e depois no Colégio Diocesano, dos irmãos Maristas, no qual terminou o chamado curso preparatório (2º grau).
Em dezembro de 1923, viajou para Salvador a fim de se preparar para fazer o vestibular de medicina, ingressando na Faculdade de Medicina da Bahia, onde estudou por quatro anos, formando-se, no entanto, no Rio de Janeiro, em 1929. Bacharelou-se também em farmácia, em 1928, que era o curso da sua preferência, segundo depoimento pessoal.
Em 1928, começou a colaborar com jornaizinhos publicados em Viçosa, enviando do Rio de Janeiro, poemas, crônicas sobre a cidade e o folclore viçosense.
Em 1930, transferiu-se para o Recife, abrindo consultório e trabalhando como pediatra no Hospital Manoel S. Almeida e na Inspetoria de Higiene Infantil e Pré-Escolar do Departamento de Saúde Pública de Pernambuco. Nessa época, conheceu diversos intelectuais no Recife, entre os quais Nilo Pereira, Manuel Lubambo, Willy Levin e o poeta Austro Costa.
Voltou a Maceió e instalou sua clínica de Pediatria e Obstetrícia. Conviveu com a chamada Geração Intelectual de Alagoas, grupo formado por Diégues Júnior, Graciliano Ramos, Raul Lima, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e seu marido José Auto, Aurélio Buarque de Holanda, entre outros.
Em 1931, publicou Folclore e educação infantil, artigo que é um marco entre as duas atividades, a de médico e a de folclorista. Começou então a desenvolver, cada vez mais, trabalhos como folclorista.
A partir de 1937, quando foi indicado para o Instituto Histórico de Alagoas, passou a se dedicar mais ao folclore e, como era médico, tendeu mais para estudar o tema da medicina popular. Théo Brandão fazia suas pesquisas e colhia materiais e dados sobre crendices populares, superstições, rezas eremédios populares com as mães que iam se consultar com ele no ambulatório de Puericultura e Pediatria onde trabalhava. Também o ajudaram nas suas pesquisas os remédios caseiros de sua mãe e um primo, Sinfrônio Vilela, que chegou a exercer o ofício de curandeiro.
Publicou diversos trabalhos sobre o folclore alagoano: Folclore de Alagoas(1949), Trovas populares de Alagoas (1951), O reisado alagoano (1953),Folguedos natalinos de Alagoas (1961), O guerreiro (1964), O pastoril (1964), além de diversos ensaios e artigos publicados em revistas especializadas e jornais.
Recebeu pelo livro Folclore de Alagoas um prêmio da Academia Alagoana de Letras e o Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. Com oReisado alagoano ganhou o Prêmio Mário de Andrade.
Em 1960, abandonou a profissão de médico para dedicar-se integralmente ao folclore. Assumiu a cadeira de Antropologia da Universidade Federal de Alagoas.
Membro fundador e efetivo, desde 1948, da Comissão Nacional do Folclore, passou a integrar, em 1961, o Conselho Nacional do Folclore, por ato do Presidente da República.
Participou de diversos congressos na área de folclore e, em 1963, tentou criar um museu de antropologia e folclore em Alagoas, mas seu sonho não se concretizou.
Théo Brandão, por sua condição de folclorista e professor de antropologia e etnografia, foi sempre bem recebido pelos antropólogos e participou de sociedades de antropologia no Brasil, Portugal e Espanha.
No dia 20 de agosto de 1975, para abrigar a sua coleção de arte popular doada à Universidade Federal de Alagoas – UFAL, foi criado o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, em Maceió.
Em 1981, sentindo-se mal, com dores e indisposições no estômago e baixas de pressão arterial, Théo Brandão viajou ao Rio de Janeiro para se aconselhar com amigos médicos. Foi operado, mas o problema não foi resolvido. Sua família resolveu então levá-lo de volta para Maceió.
Morreu no dia 29 de setembro de 1981, sendo velado no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore.
Recife, 16 de dezembro de 2005.
(Atualizado em 8 de setembro de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
(www.fundaj.gov.br – 25 de Março de 2010 – Lúcia Gaspar – Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco)
ROCHA, José Maria Tenório. Théo Brandão, mestre do folclore brasileiro. Maceió: Edufal, 1988.
SOUTO MAIOR, Mário. Dicionário de folcloristas brasileiros. Recife: 20-20 Comunicação e Editora, 1999. p.174.
THEOTÔNIO Vilela Brandão. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2005.