Thomas Edward Lawrence (Tremadog, Reino Unido, 16 de agosto de 1888 – Bovington Camp, Reino Unido, 19 de maio de 1935), ou simplesmente, T.E. Lawrence, foi um personagem histórico, universalmente conhecido como Lawrence da Arábia.
Lawrence foi aluno brilhante, formado em história por Oxford, oficial da inteligência inglesa. Inglês visionário, aventureiro, soldado e escritor, mas também arqueólogo, espião, bravateiro, arrogante e genial.
Uma das grandes personalidades inglesas da primeira metade do século XX, seu prestígio e fama o tornaram centro das atenções e do interesse da imprensa de seu país, do resto da Europa e dos Estados Unidos.
Quando morreu, em um acidente de motocicleta, em 1935, Winston Churchill, de quem se tornara amigo e colaborador em 1921, resumiu: “Eu o considero um dos maiores homens de nosso tempo. Não é todo dia que se encontra um igual. Seu nome viverá para sempre na literatura inglesa; viverá nos anais da guerra; viverá nas lendas da Arábia”.
O seu objetivo no Oriente Médio não foi outro senão buscar elementos narrativos para escrever um grande livro.
Antes de seus extraordinários feitos militares, seus colegas também não saberiam responder o que pretendia o oficial indisciplinado, amigo dos praças e de uniforme sempre descomposto.
“Eu vim porque o deserto é limpo”, dizia Lawrence.
“Você é um palhaço, Lawrence.” A resposta: “Nem todos podem ser o domador de leões”. Ele seria muito mais do que isso. Falando árabe perfeito, vestindo-se com as indumentárias deles, Lawrence tornou-se um condutor de homens ensinando-lhes táticas de guerrilha e enchendo suas bolsas com o ouro de Londres. Ele liderou as ações militares que se tornariam conhecidas como “Revolta Árabe”.
Com ela derrotou os turcos, então aliados dos alemães, colocando um ponto final no Império Otomano. O imponente rei dos beduínos, a quem Lawrence alertava para o fato de que o plano do alto-comando era transformar os guerreiros do deserto em “apenas mais uma unidade miserável” do Exército inglês.
El Orens, como era chamado pelos árabes, chegou tenente e saiu coronel do deserto. Leal “a outras coisas”, porém, quando veio a paz, em 1919, viu sua vida, vivida no gume desde a adolescência, ganhar os contornos da existência dos heróis trágicos. A realpolitik de então enterrou sem pena seu sonho de garantir independência política às tribos que liderou na Revolta Árabe.
Lawrence volta então para seu país e para as angústias básicas com raízes na ilegitimidade de suas origens, algo bem mais pesado na Inglaterra ainda vitoriana da infância. Na análise dos eventos e das inúmeras crises de sua vida vamos encontrar as reações que o fizeram diferente do comum dos mortais.
Lawrence da Arábia, no entanto, tinha evidente desprezo pelos tradicionais padrões de conduta de seu país.
Quando as lendas viram fatos, publicam-se as lendas, no deserto os fatos é que superam as lendas. Isso é o que se aprende lendo a biografia do livro de T.E. Lawrence, Os Sete Pilares da Sabedoria, escrita por Malcolm Brown para a série Vidas Históricas, da British Library, nela superam-se todas as lendas, e os fatos produzidos por Lawrence no deserto.
Mas nenhum filme também deve tanto à vida real do retratado quanto a obra épica da paixão e energia do filme clássico do diretor David Lean filmada em 1962, com Peter O’Toole no papel principal.
(Fonte: Veja, 14 de maio de 2008 – ANO 41 – Nº 19 – Edição 2060 – LIVROS/ Por Eurípedes Alcântara – Pág: 144/145)