Cartunista e ilustrador francês
Artista era reconhecido mundialmente por obras infantis, cartazes políticos e desenhos eróticos
Jean-Thomas “Tomi” Ungerer (Estrasburgo, 28 de novembro de 1931 – Irlanda, 9 de fevereiro de 2019
Nascido na cidade francesa de Estrasburgo, o artista viveu nos Estados Unidos e no Canadá antes de se instalar na Irlanda nos anos 1970. Ficou famoso em todo mundo com obras infantis, desenhos de temas eróticos, ou satíricos, e cartazes políticos. Engajado politicamente — contra a segregação racial, a Guerra do Vietnã, a corrida nuclear, a eleição de Donald Trump, entre outros —, trabalhou alternadamente em francês, inglês e alemão.
Seu universo infantil, com personagens como “Os três bandidos”, ou “Juan de la luna”, tornou-o famoso. Mas ele também desenhou mulheres vestidas de couro, ou sapos, praticando posições de kamasutra, uma faceta menos conhecida de seu trabalho. Sua obra consiste em entre 30.000 e 40.000 desenhos.
Nascido em novembro de 1931, em Estrasburgo, em uma família de relojoeiros, “Tomi” Ungerer, que na realidade se chamava Jean-Thomas, ficou órfão aos três anos de idade.
Em sua infância, também sofreu com a anexação da Alsácia pela Alemanha, com a doutrinação nazista quando foi para a escola, e com os duros combates para expulsar os alemães de Colmar, episódios que ele conta em seus livros autobiográficos.
Convencido de que a criatividade nasce dos traumas, ele nunca teve medo de assustar as crianças com seus desenhos e textos.
Inimigo das fronteiras, o cartunista dizia falar “francês com sotaque alemão e alemão com sotaque francês”. Ele também trabalhou pela reconciliação dos dois países após a guerra, favorecendo o intercâmbio cultural entre a França e a Alemanha.
Seu reconhecimento como artista levou Ungerer a ser um dos poucos artistas franceses a ter um museu ainda vivo, instalado em sua cidade natal de Estrasburgo e para o qual ele doou 11.000 desenhos originais, bem como esculturas, brinquedos e livros.
Tomi Ungerer morreu em 9 de fevereiro de 2019, aos 87 anos, na Irlanda.
“Ele teve uma juventude incrível, frescor de espírito, às vezes raiva”, disse sua amiga Thérèse Willer, curadora do museu, em referência à sua raiva pela eleição de Trump, a quem ele descreveu como “primeiro cavaleiro do Apocalipse”.
Em 2018, recebeu a insígnia de Comandante da Legião de Honra por sua contribuição para “a projeção da França por meio da cultura”.
Anos antes, o artista – que se definia como um “pessimista feliz” – disse à AFP que, para ele, “se tivesse que haver um paraíso, seria uma biblioteca”.
(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.319 – 11 de fevereiro de 2019 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 27)
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais – CULTURA / ARTES VISUAIS / Por AFP – 10/02/2019)
(Fonte: https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes – NOTÍCIAS / ARTES / Por Redação, Estrasburgo, França (AFP) – 09 Fevereiro 2019)