Tony Williams, fez parte na década de sessenta do grande quinteto de Miles Davis.

0
Powered by Rock Convert

Tony Williams (12 de dezembro de 1945 – 23 de fevereiro de 1997), fez parte na década de sessenta do grande quinteto de Miles Davis, junto com Herbie Hancock, Wayne Shorter e Ron Carter.

Tony Williams nasceu em Chicago e cresceu em Boston. Seu pai, saxofonista amador, incentivou-o a estudar bateria e o levava aos clubes para dar oportunidade ao jovem Tony para se familiarizar com o meio jazzístico. Estudou com Alan Dawson e aos quinze anos já tocava em jam sessions, chamando a atenção dos músicos mais experientes.

Tocou em 1959 e 1960 com Sam Rivers e, ao se mudar para Nova Iorque em dezembro de 1962, passou a tocar com Jackie McLean. Miles Davis, sempre atento a potenciais grandes talentos, chamou-o em 1963 para integrar seu quinteto. Juntamente com Herbie Hancock e Ron Carter, o adolescente Tony (então com 17 anos) formou dentro do quinteto uma seção rítmica fenomenal, que iria marcar época. Tony ficaria com Miles até o disco In a Silent Way, de 1969, imediatamente antes do histórico álbum Bitches Brew. (Em 1964, também havia participado de um disco clássico de Eric Dolphy, Out to Lunch.)

Em 1969, Tony formou o grupo Lifetime, que se tornaria cult como um dos mais influentes grupos do recém-criado jazz-rock. Da primeira formação faziam parte o guitarrista John McLaughlin e o organista Larry Young, aos quais logo se juntaria o contrabaixista Jack Bruce. O grupo teria outras formações (inclusive contando com a presença de Ron Carter), mas os críticos geralmente consideram que a consistência musical do grupo caiu com o passar dos anos. Enquanto isso, Williams fez algumas gravações como líder de outros grupos. Também tocou no grupo V.S.O.P. de Herbie Hancock em 1976-77 e na reunião feita em 1992 em homenagem a Miles Davis.

O estilo de tocar de Tony é bastante pessoal. É difícil encontrar-lhe precursores; poderíamos citar talvez Elvin Jones, o baterista do quarteto de John Coltrane. No entanto Tony trouxe para o drumming jazzístico uma “liberdade controlada” até então inédita. Seu toque é inquieto, nervoso, com o uso freqüente de quiálteras e riffs na caixa e nos tom-toms que à primeira vista parecem estar “fora do tempo”, mas na realidade estão, isso sim, a tornar mais complexa – e não menos precisa – a marcação do tempo. Tony também gosta bastante de usar os pratos para condução. Apesar disso, embora seja um drumming complexo, é importante notar que não é sobrecarregado, mas relativamente nítido e limpo, bem delineado.

Williams abriu para o baterista moderno de jazz um novo horizonte, no qual se poderia tocar com liberdade e ainda assim manter um pulso básico perceptível. Na verdade, a melhor maneira de caracterizar a maneira de tocar de Tony é dizer que ela não corresponde a uma marcação do tempo (andamento), mas sim a um sublinhar do tempo, a uma colocação em perspectiva do tempo. Por exemplo, a acentuação não é aquela padronizada, que funciona como um simples semáforo para os outros músicos; ao contrário, é uma marcação que coloca “riscos” (num sentido criativo) para os outros executantes, mas ainda assim é perfeitamente válida para aqueles que sabem se aproveitar dela.

Williams não é um baterista free nem anárquico. Ele não representa um rompimento completo com a tradição percussiva, mas sim uma radicalização dela, levando-a até os limites. O baterista atual com o qual Williams teria mais afinidade é Jack DeJohnette. Williams não executava, por exemplo, um “power drumming” como aquele praticado pelo outro grande baterista da fusion, Billy Cobham.

Tony Williams nos deixou prematuramente, aos 52 anos, de ataque cardíaco após uma cirurgia relativamente rotineira. Estava em plena forma e sua criatividade em nada havia decrescido. Como observam Richard Cook e Brian Morton, “A morte de Williams foi uma perda cruel para o jazz, e também um desperdício desnecessário. Seu legado é rico e complexo. O que é doloroso é perceber que ele estava justamente ingressando em uma nova fase, em um novo nível criativo”. Esse legado persiste nas gravações e na memória dos que o assistiram em antológicas apresentações ao vivo.

(Fonte: http://blogs.estadao.com.br/retrato-de-jornal/2014/03/12/ron-carter-3 – RETRATO DE JORNAL – Eduardo Nicolau – 12.março.2014)

(Fonte: http://www.ejazz.com.br – BATERIA – V.A. Bezerra, 2001)

Powered by Rock Convert
Share.