Foi a primeira filosofa a receber um diploma
Mulheres na Ciência: Elena Lucrezia Cornaro Piscopia (1646-1684)
Elena Piscopia (Veneza, 5 de junho de 1646 – Veneza, 26 de julho de 1684), filósofa veneziana de origem nobre, e a primeira a receber um diploma.
O Prodígio de Veneza
Nascida na aristocracia veneziana, Elena Piscopia brilhou desde tenra idade. Veneza tinha sido o principal centro do Renascimento na Itália, e Piscopia continuou a tradição iniciada pelos seus antecessores masculinos, tais como Leonardo da Vinci, sendo uma polímata.
Seu pai, Giovanni Baptista Cornaro Piscopia, ocupante do alto cargo de procurador de São Marcos na República de Veneza, foi o responsável pelo incentivo à genialidade da filha, proporcionando-lhe as melhores oportunidades de aprendizagem que existiam na época e advogando em sua causa nos corredores da academia, os quais eram dominados exclusivamente por homens.
Ainda criança Elena ganhou o título de “Oraculum Septilingue” devido ao seu plurilinguismo. Nessa época começou a apresentar grande capacidade de raciocínio. Também possuía talento musical, dominando o cravo, o clavicórdio, a harpa e o violino, bem como compondo músicas.
Antes dos vinte anos, sua paixão pela Teologia e Filosofia levou-a a querer entrar para a ordem dos Beneditinos, chegando a usar o hábito, não se tornando, porém, freira. Ao invés disso, seu pai persuadiu-a a entrar na Universidade de Pádua em 1672, a terceira universidade mais antiga da Itália, fundada em 1222, onde ela tornou-se a primeira mulher europeia a conseguir um doutorado. Esse evento singular fez com que ela fosse respeitada e admirada por toda a Europa.
Apaixonada pela aprendizagem e pela caridade aos necessitados rejeitou inúmeros pretendentes, dedicando-se a essas atividades. Morreu em 1684, sendo enterrada na igreja de Santa Giustina de Pádua. Uma estátua dela foi erigida na universidade e uma medalha emitida em sua honra.
A linguagem do aprendizado
Com o encorajamento dado pelo pai, ela acreditava fortemente na sua inteligência e habilidades e queria ser reconhecida por isso. Com sete anos começou sua educação clássica, estudando latim e grego, bem como gramática e música. Ela rapidamente dominou essas duas línguas, além de espanhol, francês, árabe e hebreu. Mais tarde seus estudos incluíram Matemática, Filosofia e Teologia. Na universidade de Pádua ela se sobressaía e seu brilho tornava-se aparente para qualquer pessoa que a conhecesse. Devido ao seu forte interesse em assuntos teológicos, ela inscreveu-se mais de uma vez para o doutorado em Teologia.
Questões teológicas espinhosas
No entanto, se lhe fosse conferido o grau de doutora em Teologia, automaticamente ela teria garantido também, o direito a pregar o que era contra a posição da igreja, pois à mulher era dado somente o direito de aprender em silêncio, com subordinação, de acordo com Timóteo I: 11-12. Assim, sua vontade de cursar Teologia causou confusão e resistência entre o clero. Eles então lhe ofereceram a alternativa para inscrever-se no doutorado em Filosofia.
O seu exame de doutorado seria realizado no hall da universidade, mas, devido ao grande número de pessoas que queriam assisti-lo, transferiram-no para a Catedral da Virgem Abençoada, na cidade. Elena falou durante uma hora, em latim clássico, explicando passagens difíceis da obra de Aristóteles selecionadas randomicamente. Seu desempenho impressionou seus examinadores, conseguindo assim, em 1678, aos 32 anos, o grau de doutorado.
Realizações Científicas
No mesmo ano em que conseguiu o grau acadêmico almejado, tornou-se lecturer em Matemática na Universidade de Pádua. Seus escritos, publicados postumamente em Parma em 1688 incluem discursos acadêmicos, traduções e tratados devocionais. Ela tornou-se membro de várias academias e sociedades por toda a Europa, e era visitada regularmente por estudiosos estrangeiros.
(Fonte: http://blogbcrp.blogspot.com.br/2011/10/mulheres-na-ciencia-elena-lucrezia – Mulheres na Ciência – Postado por Biblioteca Central de Ribeirão Preto/USP – 4 DE OUTUBRO DE 2011)
Fonte:
Elena Lucrezia Cornaro Piscopia: the prodigy of Venice. In: Women in Science. European Commission. 2009. p. 22-25