Tornou-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil

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O CANCIONEIRO DA ESPERANÇA

Taiguara Chalar (Montevidéu, 9 de outubro de 1945 – São Paulo, 14 de fevereiro de 1996), compositor e intérprete uruguaio radicado no Brasil, embora nascido no Uruguai durante uma temporada de shows de seu pai, o Bandoneonista e Maestro Ubirajara Silva.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e para São Paulo, posteriormente, em 1960. Largou a faculdade de Direito para se dedicar à música. Participou de vários festivais e programas da TV. Fez bastante sucesso nas décadas de 60 e 70.

Autor de vários clássicos da MPB, como Hoje, Universo do teu corpo, Piano e viola, Amanda, Tributo a Jacob do Bandolim, Viagem, Berço de Marcela, Teu sonho não acabou, Geração 70 e “Que as Crianças Cantem Livres”; entre outros.

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na historia da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas. Os problemas com a censura eventualmente levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973.

Em Londres, estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou o Let the Children Hear the Music, que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil.

Em 1975, voltou ao Brasil e gravou o Imyra, Tayra, Ipy – Taiguara com Hermeto Paschoal e uma orquestra sinfônica de 80 músicos. O espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias. Em seguida, Taiguara partiu para um segundo auto-exílio que o levaria a África e à Europa por vários anos.

O cantor Taiguara teve seu disco de 1976, Imyra Tayra Ipy, recolhido das lojas por determinação da ditadura, e é considerado um dos melhores álbuns da MPB, por sua riqueza musical e pela participação dos melhores músicos do país.

Imyra Tayra Ipy encantou pela criatividade dos arranjos de Hermeto Paschoal, pela excelência do time de instrumentistas (que trazia, entre outros, o maestro Wagner Tiso, o guitarrista Toninho Horta, o violoncelista Jaques Morelembaum e o saxofonista Nivaldo Ornelas) e, acima de tudo, pelo talento de Taiguara como compositor e intérprete.

Nascido em Montevidéu, em outubro de 1945, Taiguara era visado pelos órgãos de repressão por causa de sua militância no PCB de Luís Carlos Prestes. Teve 68 composições censuradas. O Serviço Nacional de Informação (SNI) vigiava suas atividades, anotando, por exemplo, uma visita à casa do cantor Agnaldo Timóteo, ou sua participação numa rifa que sortearia duas passagens para ver a Olimpíada em Moscou.

Em 1975, quando iniciou as gravações de Imyra Tayra Ipy, Taiguara voltava ao Brasil depois de dois anos de exílio em Londres. O disco, desde o título de inspiração indígena, carregava um nativismo latino-americano próprio da época.

Mas o cantor foi perseguido sobretudo por sua filiação política: a música passa longe do panfletarismo de músicos que tiveram uma sobrevida nos protestos dos caras-pintadas contra Collor, em 1992.

E quase tão grave quanto a censura é o fato de um disco da qualidade de Imyra Tayra Ipy ter passado tantos anos no ostracismo.

Quando finalmente voltou a cantar no Brasil, em meados dos anos 80, não obteve mais o grande sucesso de outros tempos.

Faleceu em fevereiro de 1996 devido a um persistente câncer na bexiga.

(Fonte: Veja, 4 de setembro de 2013 – ANO 46 – N° 36 – Edição 2337 – Artes & Espetáculos – MÚSICA/ Por Sérgio Martins – Pág: 103)
(Fonte: http://www.letras.com.br)

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