Antônio da Costa Santos (São Paulo, 4 de março de 1952 – Campinas, 10 de setembro de 2001), prefeito de Campinas (SP), tornando-se o primeiro Prefeito do século 21.
Antônio da Costa Santos era arquiteto e foi eleito
em 2001.
Trajetória de defesa ao povo
1978 Em meados da década de 70, Toninho uniu-se aos favelados campineiros no movimento Assembléia do Povo, tornando-se o arquiteto oficial e o maior aliado no projeto de urbanização das favelas. Ele ficou 15 anos no movimento lutando para trazer melhores condições de moradia ao povo.
1981 Filia-se ao PT único partido da vida de Toninho.
1985 Começou uma luta em defesa ao Patrimônio Histórico de Campinas, momento em que criou a Fundação Febre Amarela – responsável pela preservação de vários prédios históricos da cidade, inclusive a sua própria casa (pouso bandeirista do século XVIII; contendo a Casa Grande e Tulha, restaurados por Toninho, e tombados pelo Condephaat e Condepacc, a seu pedido).
1989 Foi eleito vice-prefeito de Campinas pela chapa do PT. Nessa época foi também nomeado Secretário de Obras da PMC, período em que denunciou corrupção envolvendo o Prefeito Jacó Bittar, o Governador Quércia e o Presidente Fernando Collor. Em virtude dessas denúncias foi exonerado do cargo de Secretário e banido da Prefeitura.
1992 Após tal fato, Toninho decide aprofundar seus estudos sobre Campinas durante doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Aí então, iniciou a incansável batalha contra os interesses nefastos da especulação imobiliária aliada às empreiteiras, movendo várias ações judiciais, fazendo denúncias junto aos órgãos fiscais da lei e organizando protestos em defesa da coisa pública.
1996 Toninho concorre às eleições municipais para o cargo de Prefeito, sem qualquer recurso ou apoio da direção nacional do PT, termina em terceiro lugar.
2000 Foi eleito Prefeito de Campinas, tornando-se o primeiro Prefeito do século 21.
Toninho na Prefeitura
2001 Com a caneta na mão, como dizia Toninho, deu início a profundas mudanças estruturais na administração pública municipal. Reduziu uma média de 30% o valor dos contratos públicos nas áreas de merenda escolar, segurança, coleta de lixo, etc., o que gerou uma economia de muitos milhões de reais aos cofres municipais.
Criou a Lei da APA (Área de Preservação Ambiental de Sousas e Joaquim Egídio), projeto que estava engavetado há 12 anos!
E iniciou o projeto de criação da Cidade Viracopos, que consistia na ideia de construir um grande bairro, com toda a infraestrutura necessária, para abrigar as famílias que seriam desalojadas pela inevitável expansão do Aeroporto Internacional. Com essas e muitas outras ações em curso, Toninho estava contrariando os interesses dos históricos saqueadores do cofre público, e foi assassinado em 10 de setembro de 2001. Governou Campinas por apenas oito meses e dez dias, quando um tiro certeiro lhe acertou na altura no peito, praticamente a queima roupa.
2001 Toninho é assassinado. Mais de 100 mil pessoas acompanham o velório do politico que não tinha o rabo preso com ninguém!
11 anos de resistência
2001/2002 As investigações do seu assassinato foram conduzidas pela Polícia Civil de Campinas, que fez uma tremenda lambança no caso, desrespeitando o local do crime, executando os principais suspeitos no episódio da chacina de Caraguatatuba – dentre tantas outras contradições existentes na fictícia investigação realizada. Tanto é que, em primeira e segunda instância do judiciário paulista sendo na segunda por unanimidade dos desembargadores a denúncia efetuada pelo Ministério Público de São Paulo foi rechaçada sob o argumento de que as investigações foram falhas e não havia indícios suficientes para a conclusão destas.
2002 A Polícia Civil encerra as investigações de forma prematura, sem investigar a hipótese de crime político.
2003 Lançamento do abaixo-assinado em praça pública, escolas e por meio do site www.quemmatoutoninho.org, conseguindo 53.000 assinaturas da população de Campinas. Na ocasião, foi pedida a reabertura das investigações e a intervenção da Polícia Federal no caso. No mesmo ano, pesquisa realizada pelo IBOPE, apontou que 70% dos campineiros acreditam em crime político.
2004 Caravana à Brasília, composta por quarenta apoiadores do movimento Quem Matou Toninho?. Roseana Garcia, viúva do Prefeito, foi recebida pelo presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, pela CNBB Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, pelo Presidente da Câmara dos Deputados e vários parlamentares.
2004 Personalidades manifestam apoio ao pedido de intervenção da polícia federal no caso. Assinam o manifesto: Aziz Ab Saber, Cândido Malta, Chico César, Chico de Oliveira, D. Cláudio Humes, Eduardo Suplicy, Heloísa Helena, Emir Sader, Gilmar Mauro, Hilda Hilst, Jorge Coli, José Arbex, Marilena Chauí, Oscar Niemayer, entre outros (faça download ao lado).
2004 A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados deliberou pelo pedido ao Ministério da Justiça de intervenção federal no caso, com base no fato de que Toninho colaborou com investigação federal quando da passagem da CPI do Narcotráfico em Campinas.
2004 Roseana é recebida pelo Ministro da Justiça, momento em que entregou o abaixo-assinado, e posteriormente foi recebida pelo Presidente Lula.
2005 A Comissão composta por membros do Conselho Federal da OAB, criada por ato do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, conclui pela imediata entrada da 14
Polícia Federal no caso.
2006 Depoimento na CPI Bingos. Momento importante para despertar a atenção e debate nacional sobre o caso. O relatório da CPI faz recomendações sobre o caso.
2007 O juiz titular da Vara do júri de Campinas, Dr. José Henrique Rodrigues Torres, determina a retomada das investigações, uma vez que as mesmas foram frágeis e insuficientes. A promotoria, contrariando a opinião da família e da sociedade, recorre da sentença judicial junto ao TJ-SP.
2008 O ministro da Justiça, Dr. Tarso Genro, determinou a abertura de inquérito policial pela Polícia Federal, que foi remetido ao Procurador Geral da República Ministério Público Federal, para emissão de parecer.
2009 A Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirma por unanimidade a decisão da Justiça de Campinas, determinado o imediato retorno das investigações.
2010 Em cumprimento a decisão do Juiz José Henrique Torres, em dezembro de 2010 o caso é reaberto com a instauração de novo inquérito policial, sob o comando da Polícia Civil campineira, na divisão de homicídios.
2011 O inquérito policial encontra-se paralisado desde então, com substituição de delegado e sem estrutura para investigação.
2011 A família reitera o pedido de federalização do caso em petição ao Procurador Geral da República, pedindo que o caso tenha o deslocamento de competência para a Justiça Federal e Polícia Federal, por se tratar de grave violação aos direitos humanos e ferir tratados internacionais.
Toninho teve uma trajetória política marcada pela defesa dos direitos e interesses da população. Quando foi vice-prefeito de Campinas entre 1989-1992 fez denúncias de corrupção na administração municipal. Ao longo da década de 90 teve sua atuação pautada por disputas contra a especulação imobiliária e em defesa do patrimônio histórico. Quando a CPI do narcotráfico, em 1999, se instalou em Campinas ofereceu denúncia contra empresários da cidade. Eleito prefeito, Toninho contrariou diversos interesses de setores empresariais do município. Por todas essas razões, 70% do povo campineiro (dados fornecidos pelo Ibope), não acredita que o crime ocorreu por acaso e exige que as investigações sejam retomadas. Somente a nossa mobilização poderá acabar com a impunidade e com a injustiça.
Toninho foi assassinado a tiros na noite de 10 de setembro de 2001 na Avenida Mackenzie, em Campinas, quando seguia de carro para a casa onde vivia. A família acredita tratar-se de um crime político, a mando do crime organizado, mas o titular da DIG diz que essa tese não apareceu até agora no inquérito e, portanto, a polícia trata o caso como um crime comum.
(Fonte: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2012/09 – Do G1 Campinas e Região/ Por Lana Torres – 10/09/2012)
(Fonte: http://www.quemmatoutoninho.org)
- Toninho tornou-se o primeiro Prefeito do século 21