Torquato Neto, excelente letrista, conhecido por sua participação no movimento tropicalista

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Torquato Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 – Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1972), excelente letrista, conhecido principalmente por sua participação no movimento tropicalista.

Torquato (Pereira de Araújo) Neto nascido em Teresina no Piauí, chegou ao Rio de Janeiro com dezessete anos. Tornou-se parceiro de Edu Lobo, Geraldo Vandré e sobretudo Caetano Veloso e Gilberto Gil, contribuindo com letras de alguns dos maiores sucessos desses músicos: “Pra Dizer Adeus” (com Edu Lobo), “Rancho da Rosa Encarnada” (com Vandré e Gil), “Soy Loco por Ti, América” (com Gil e Capinam), “Deus Vos Salve Essa Casa Santa”, “Mamãe Coragem” (ambas com Caetano) e “Louvação”, “Geléia Geral”, “A Coisa Mais Linda que Existe” e “Marginália II” (todas com Gil).

Torquato Neto foi um dos mais relevantes e criativos personagens do meio cultural brasileiro entre as décadas de 1960 e 1970. Sua atuação se deu em vários campos e movimentos, sendo balizada pela tomada de posição sempre vigorosa em favor dos princípios nos quais acreditava. Poeta, letrista de canções populares, crítico musical, polemista, jornalista e cineasta, Torquato converteu-se em um dos principais agentes formadores de critérios valorativos da música popular brasileira contemporânea.

Nos últimos dois anos, interessou-se por demonologia e quase não produziu. Ainda assim, até maio de 1972 manteve uma coluna em jornal, e recentemente voltara à música, com “Let”s Play that”, lançada por Macalé (o parceiro) em seu último disco. A letra pessimista começa parafraseando Carlos Drummond de Andrade (“Quando nasci um anjo torto/ um anjo louco/ veio ler a minha mão”) e termina com uma frase do poeta (da passagem do século) Sousândrade: “E eis que o anjo me disse/ apertando a minha mão/ entre um sorriso de dentes:/ “Vai, bicho, desafinar o coro dos contentes”.

O pessimismo e a tristeza sempre conviveram com Torquato: “Onde quer que eu vá/ sei que vou sozinho” (“Pra Dizer Adeus”): “Não adianta, tenho um beijo preso na garganta/ tenho um jeito de quem não se espanta/ Mamãe não chore mais” (“Mamãe Coragem”); “Eu brasileiro confesso/ minha culpa meu pecado/ meu sonho desesperado/ meu bem guardado segredo:/ minha solidão” (“Marginália II”).

Na noite de 8 de novembro de 1972, ele saiu com sua mulher Ana e amigos, para comemorar o aniversário (a rigor, no dia seguinte). Voltou para casa às 4 e meia, e ficou conversando com Ana até ela dormir. Em seguida, pegou um lençol, levou para o banheiro, fechou a porta, tampou cuidadosamente as entradas de ar e abriu o gás. Eram cerca de 5 e meia da manhã e ele estava completando 28 anos.

Do excelente letrista, ficaram apenas três folhas d eum caderno espiral, escritas já provavelmente no banheiro. A letra fica mais confusa à medida que o texto avança e a assinatura é ilegível. No todo, mais um desabafo do que uma explicação, que começa com um “Fico” e termina com um grito e um pedido: “Pra mim chega! Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago, ele pode acordar”. Thiago é o filho, de um ano e meio.

(Fonte: Veja, 15 de novembro, 1972 -– Edição 219 -– DATAS – Pág; 91)
(Fonte: www.cultura.rj.gov.br – 09.02.2011)

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