Salvatore “Torrie” Zito (Utica, Nova York, 12 de outubro de 1933 – Nova York, 3 de dezembro de 2009), foi um versátil arranjador que trabalhou com cantores como Bobby Darin, Tony Bennett e Frank Sinatra, além de músicos mais jovens como John Lennon, Sinead O’Connor e Clay Aiken.
Zito, que começou a carreira como um pianista de bebop à moda de Bud Powell, encontrou sucesso duradouro como arranjador e orquestrador capaz de trabalhar em ampla variedade de estilos, e demonstrava especial afinidade para com os arranjos de cordas.
Depois de trabalhar com Perry Como (1912-2001) no disco Lightly Latin, de 1966, e com o flautista Herbie Mann (1930-2003) em seu The Herbie Mann String Album (1967), para mencionar apenas dois exemplos dos primeiros anos de sua carreira como arranjador, ele cuidou dos arranjos de cordas para o álbum Imagine, de John Lennon.
Sua adaptabilidade o tornou um colaborador muito procurado por cantores de diferentes gêneros, entre os quais Morgana King, Liza Minnelli, Carly Simon e o barítono de ópera Samuel Ramey. Zito também escreveu arranjos para a banda liderada por Doc Severinsen que animava o programa de entrevistas The Tonight Show.
O mais duradouro dos relacionamentos musicais de Zito foi com Bennett, que o contratou como pianista, arranjador e regente em 1967. Zito acompanhou o cantor em suas excursões pelos sete anos seguintes. O trabalho que os dois realizaram juntos pode ser ouvido em mais de uma dúzia de álbuns de Bennett, o mais recente dos quais é A Swingin’ Christmas, lançado no ano passado e indicado para um prêmio Grammy.
Torrie Zito nasceu em Utica, Nova York, em outubro de 1933. Aprendeu piano sozinho, e começou a tocar em casas noturnas de sua região, quase sempre como acompanhante de cantores, ainda na adolescência.
Zito se mudou para Manhattan pouco depois dos 20 anos, e estudou na Manhattan School of Music, onde atraiu a atenção da renomada arranjadora Marion Evans, que passou a ensiná-lo informalmente.
O trabalho do arranjador com o saxofonista James Moody no álbum “Moody With Strings” (1961) e com Darin no disco Love Swings (1961) resultou em projetos com Mann e Como, tanto na TV, no Perry Como Show, quanto em discos. Pouco mais tarde, ele começaria sua colaboração com Bennett.
“Passei a me interessar mais pelos arranjos orquestrais para baladas, em contraposição aos arranjos para banda de jazz ou mesmo banda de jazz e orquestra combinadas”, disse Zito ao jornalista Les Tomkins, em 1974, em entrevista disponível no site Jazz Professional. “Quando eu realmente comecei a me interessar pelo trabalho orquestral, minha maior influência passou a ser os compositores impressionistas – Debussy, Ravel, Faure etc. -, e de alguma forma tentei combinar o estilo deles com a música popular”.
Os arranjos etéreos, influenciados pelos impressionistas, que ele escreveu para o disco A Taste of Honey (1964), de King, atraíram o interesse de Sinatra, que o contratou para fazer os arranjos de duas canções, para uma orquestra de 50 músicos. Zito arranjou Everybody Has the Right to Be Wrong e I Only Miss Her When I Think of Her, que foram lançadas em 1965 como parte do álbum Skyscraper.
Os cantores pop que desejavam gravar canções em estilo retrô passaram a recorrer a Zito nas últimas décadas; ele responde pelas arranjos do álbum Film Noir (1997), de Carly Simon, e de Songs From the Last Century (1999), de George Michael. Mais recentemente, ele escreveu os arranjos para Merry Christmas With Love (2004), de Clay Aiken.
Zito também colaborava frequentemente nos discos de sua mulher, a cantora de jazz Helen Merrill. Além do filho adotivo, Alan, que vive em Manhattan, ele deixa um irmão, o baterista Ronnie Zito, de Oradell, Nova Jersey, e uma filha, Lisa, que vive em Manhattan.
Torrie Zito morreu em 3 de dezembro de 2009, em seu apartamento em Manhattan. Ele tinha 76 anos. A causa foi um enfisema.
Em mensagem de e-mail, Bennett afirmou que Zito “me deu a melhor educação musical que tive na vida”.
(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/gente – DIVERSÃO – GENTE- FAMOSOS/ Por William Grimes – 8 DEZ 2009)
Tradução: Paulo Migliacci (The New York Times)