Tratado de Petrópolis
Acordo que anexou Acre ao Brasil
Tratado foi assinado no dia 17 de novembro de 1903.
Documento formalizou a incorporação do Acre ao território brasileiro.
Por muito tempo as paredes do Palácio Rio Branco abrigaram personagens e situações históricas. Foi lá que o primeiro governador eleito do Acre, José Augusto de Araújo, renunciou após ser forçado por militares, durante o episódio que ficou conhecido como “Cerco ao Palácio”.
A assinatura do Tratado de Petrópolis encerrou de vez o período da Revolução Acreana, conflito que, segundo estimativas, deixou ao menos 500 mortos entre agosto de 1902 e janeiro de 1903. Com o acordo, o Acre passava a ser oficialmente território brasileiro.
“Nós lutamos para ser brasileiros”. É com essa frase que muitos acreanos resumem a história do Acre. O estado, que originalmente era de território boliviano, foi anexado ao Brasil com a assinatura do Tratado de Petrópolis, no dia 17 de novembro de 1903. O documento foi assinado como forma de encerrar os conflitos da Revolução Acreana, que ocorriam na região. Para o historiador Marcus Vinícius, o documento pode ser considerado a “certidão de nascimento” do Acre.
Em alguma medida, é a certidão de nascimento do Acre, porque ele ainda não existia. Era um território que não estava legalizado. Existia de fato, mas não de direito. Foi a luta dos brasileiros que viviam na região que fez com que essa situação mudasse.
Apesar de pertencer à Bolívia, a então região do Acre era ocupada por seringueiros brasileiros em plena época da extração da borracha. A Revolução Acreana, iniciada em 1899 com a proclamação da República do Acre por Luiz Gálvez, termina em 1903 após a disputa de forças armadas comandadas por Plácido de Castro. O Tratado de Petrópolis, negociado pelo Barão do Rio Branco, encerra a tensão na região e formaliza a incorporação do Acre ao estado Brasileiro.
Mas não foi simples chegar ao acordo diplomático. Vinícius explica que o Brasil não tinha direito à região e para ficar com o território, precisou negociar uma troca com o governo boliviano. Ficou acertado de que a Bolívia abriria mão do estado do Acre em troca de territórios brasileiros do estado do Mato Grosso, e receberia também a quantia de 2 milhões de libras esterlinas devido a látex extraída da região.
Alguns intelectuais brasileiros não admitiam que o Brasil cedesse terra para a Bolívia. Teve uma grande troca de artigos através dos jornais na época e uma intenção movimentação da imprensa na época. A questão do Acre se tornou algo bastante importante para a República Brasileira, que ainda tinha muita instabilidade. Foi um grande trabalho do Barão do Rio Branco, não apenas na questão da diplomacia, mas no debate da opinião pública brasileira.
Essa história e todos os eventos que levaram a assinatura do acordo são contados em banners espalhados por uma das salas do palácio, onde estão ainda a espada original do líder da Revolução, Plácido de Castro, e a primeira bandeira acreana.
O estandarte foi confeccionado como símbolo oficial da República do Acre, proclamada pelo jornalista espanhol Luís Galvez. A bandeira pertence ao acervo do Museu da República, no Rio de Janeiro. Foi cedida para o governo do Acre há 14 anos através de um convênio que é renovado de tempos em tempos.
Muitos documentos daquela época não chegaram ao conhecimento dos historiadores e precisam ser vistos para entender o que realmente aconteceu naquela época. Existem documentos que até hoje não foram liberados em relação ao tratado, por comprometer pessoas históricas do povo boliviano, então é muito provável que a gente ainda não saiba muitas coisas que se passaram nos bastidores deste tratado.
Desde 2002, no entanto, o Palácio Rio Branco passou a abrigar objetos e documentos que contam a história do próprio estado, dos povos indígenas a assinatura do Tratado de Petrópolis, que completou 113 anos em 17 de novembro de 2016. Espaço tem primeira bandeira acreana e sabre histórico.
De acordo com o coordenador do museu do palácio, Moisés Bezerra, a bandeira pertence ao acervo do Museu da República, no Rio de Janeiro. Foi cedida para o governo do Acre há 14 anos através de um convênio que é renovado de tempos em tempos.
No espaço é possível encontrar ainda uma réplica do tratado original. Um prato cheio para os amantes de história. “O Museu do Palácio Rio Branco é o espaço mais completo sobre história do Acre. Aqui vamos de uma ponta a outra de toda a construção histórica do Acre”, salienta o guia João Brito.
A coordenação do museu estima que anualmente o espaço recebe de três a cinco mil visitantes. Na maioria são estrangeiros ou turistas de outros estados do Brasil, além de estudantes que participam de visitas agendadas. O guia, porém, salienta a importância de haver mais acreanos visitando o espaço.
“Recebemos poucos visitantes da casa, mas, sobretudo, quando guio um visitante local tento passar o máximo de informações possíveis para que ele entenda nosso processo de formação. Temos que saber qual nossa origem, como surgiu nossa sociedade, para a gente possa se localizar no espaço em que estamos”, finaliza.
(Fonte: http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2016/11 – ACRE – Yuri Marcel Do G1 AC – 17/11/2016)
(Fonte: http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2014/11 – ACRE/ Por Veriana Ribeiro Do G1 AC – 17/11/2014)