COMANDANTE DO MASSACRE DO CARANDIRU
Se tornou conhecido como o comandante do massacre de 111 presos no presídio paulistano do Carandiru, em 1992.
Ubiratan Guimarães, conhecido como Coronel Ubiratan (São Paulo, 19 de abril de 1943 – São Paulo, 9 de setembro de 2006), ex-coronel da PM, comandou a ação que deixou 111 mortos no presídio do Carandiru, em 1992.
Coronel da reserva e deputado estadual ficou famoso por comandar em 1992 a invasão do Carandiru, que resultou no massacre de 111 presos.
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De acordo com a perícia, Ubiratan foi morto pelo menos 15 horas antes de seu corpo ser encontrado pelo chefe de gabinete do coronel, o que aconteceu por volta das 22h de um domingo. Na época, o advogado do parlamentar disse suspeitar que uma pessoa próxima tivesse cometido o crime. Ele afirmou ainda não haver indícios de execução no caso. Nada foi roubado da residência do militar.
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NAMORADA É SUSPEITA
Após o assassinato, a namorada de Ubiratan, a advogada Carla Cepollina, 42 anos, se tornou a única suspeita, e a polícia passou a trabalhar com a hipótese de crime passional. Cepollina foi a última pessoa a deixar o apartamento, na noite de sábado, quando o casal teria discutido por causa de um telefonema de uma mulher para o celular do coronel. Ela negou as acusações.
Em entrevista, a mãe da advogada disse que a filha deixou a residência de Ubiratan antes das 21h. Imagens do circuito interno do edifício mostram que a blusa escura que a suspeita entregou à polícia não era a mesma que ela vestia na noite do crime.
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TESTE DE ÁUDIO COMPLICA CEPOLLINA
Dias após a morte de Ubiratan, peritos do Instituto de Criminalística realizaram um teste de áudio em dois apartamentos do prédio onde morava o coronel. Durante a simulação, o som do tiro foi ouvido pelos vizinhos de forma idêntica ao dia do crime.
Após o teste, uma vizinha afirmou à polícia ter escutado o que identificou então como um disparo por volta das 19h, mas que pensou na hora ter sido o barulho decorrente de um vidro quebrado. De acordo com a perícia, o coronel foi morto entre 19h30 e 20h30. Cepollina disse der deixado o local às 20h30.
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TIRO SAIU DE ARMA DO MILITAR
No início de outubro do ano do crime, o Instituto de Criminalística comprovou que o coronel da reserva foi assassinado com sua própria arma. O revólver, calibre 38, desapareceu de seu apartamento.
O exame de balística constatou que o projétil apreendido no sofá da vítima tinha impressões de raia idênticas a dos fragmentos recolhidos em um sítio onde Ubiratan costumava praticar tiro ao alvo. A impressão de raia é a marca do interior do cano que fica estampada no projétil e é diferente para cada arma.
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NAMORADA É DENUNCIADA
No início de novembro de 2006, Carla Cepollina foi denunciada à Justiça por homicídio duplamente qualificado por motivo banal e sem a possibilidade de defesa da vítima. Para o Ministério Público, Carla se sentia rejeitada porque o coronel estaria com outra namorada. Foi permitido que ela aguardasse julgamento em liberdade.
No documento, o promotor pediu o aumento de um terço da pena pelo fato de a vítima ter mais de 60 anos. A denúncia foi aceita no fim daquele mês pelo juiz Alberto Anderson Filho, o mesmo que julgou Suzane von Richthofen e os irmãos Cravinhos.
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“A VOZ DO MORTO”
Um ano depois do assassinato de Ubiratan, a defesa de Cepollina disse que pretendia levar à Justiça uma gravação da secretária eletrônica do coronel, registrada na noite em que ele foi morto, para provar a tese de que outras pessoas sabiam do crime – inclusive o suposto assassino. A voz, no entanto, era do jornalista gaúcho Alessando Reis, na época plantonista do Terra, que buscava informações sobre a morte de Ubiratan.
O telefone da casa do coronel tocou várias vezes até cair na caixa postal. Surpreso ao ouvir a voz de Ubiratan na gravação, o jornalista comentou com um colega de redação, com sotaque típico do Rio Grande do Sul: “bah, é a voz do morto”. No horário da chamada, 2h28 da segunda-feira, a informação da morte do militar já era pública. A defesa de Cepollina, no entanto, alegava que a gravação era das 21h15 de domingo, portanto, antes de o corpo ser encontrado. Segundo a polícia, neste horário foi registrada outra ligação, não identificada.
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JUSTIÇA LIVRA CEPOLLINA
Em setembro de 2008, dois anos após o crime, a expectativa era de a Justiça decidisse se levaria Cepollina a júri popular. No entanto, um mês depois, o juiz Alberto Anderson Filho surpreendeu e arquivou a acusação contra a advogada. Em sua decisão, o magistrado alegou que não existiam indícios suficientes da autoria ou participação da então namorada de Ubiratan no crime.
Na época, Cepollina disse que recebia a notícia com alívio. “Essa decisão veio sanar uma injustiça que foi feita há dois anos”, afirmou. Diogo Guimarães, um dos filhos do coronel, afirmou ter ficado chocado com a notícia. “Pensei que ela fosse a júri ao menos”, disse em outubro de 2008.
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MP RECORRE E PEDE JÚRI POPULAR
Depois de recorrer do arquivamento da acusação contra a advogada, o Ministério Público de São Paulo enviou, em junho de 2009, pedido ao Tribunal de Justiça para que aceitasse a denúncia contra Cepollina. O MP requereu também que ela fosse submetida a júri popular.
O procurador Rubem Ferraz de Oliveira alegou a existência de provas “contundentes” contra Cepollina pela morte de Ubiratan. Ele pediu que os desembargadores do TJ voltassem a analisar os laudos da cena do crime para tomar uma decisão.
Foi assassinado em 2006, aos 63 anos.
(Fonte: Veja, 8 de outubro, 2008 Ano 41 N° 40 Edição 2081 Editora Abril Panorama – Datas – Pág; 62)
(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/infograficos/caso-ubiratan – CASO UBIRATAN)