Ulf von Euler-Chelpin, farmacologista e bioquímico sueco

0
Powered by Rock Convert

 

 

 

 

 

 

Ulf von Euler-Chelpin (Estocolmo, 7 de fevereiro de 1905 – Estocolmo, 9 de março de 1983), fisiologista, farmacologista e bioquímico sueco, agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1970 por suas descobertas no campo dos hormônios e da transmissão de informações entre as células nervosas.

Filho do químico Hans von Euler-Chelpin, também Prêmio Nobel de Química 1929, von Euler estudou medicina no Instituto Karolinska, em Estocolmo e doutorado em Direito do Departamento de Farmacologia em 1930.

O fisiologista Euler-Chelpin e o biofísico britânico Sir Bernard Katz e bioquímico americano Julius Axelrod, recebeu em 1970 o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina. Todos os três foram homenageados por seu estudo independente dos mecanismos de impulsos nervosos.

Euler-Chelpin faleceu em 9 de março de 1983, aos 78 anos, de ataque cardíaco, em Estocolmo, na Suécia.

(Fonte: Veja, 16 de março de 1983 – Edição 758 – DATAS – Pág; 99)

 

 

 

 

 

 

 


Nobel aos nervos

Sir Bernard Katz (Leipzig, 26 de março de 1911 – Londres, 20 de abril de 2003), biofísico britânico nascido na Alemanha, foi professor de Biofísica no University College, de Londres.

Katz, Julius Axelrod (1912-2004), neurocientista americano e o biologista sueco Ulf von Euler (1905-1983) dividiram as 400 000 coroas suecas – do Prêmio Nobel de Medicina em 1970, ganhas por estudos independentes sobre o funcionamento do sistema nervoso.

Os três elucidaram parte do mecanismo químico neurológico e a substância que inibe os impulsos nervosos entre o cérebro e a ação muscular.

As muitas pistas – Os estudos premiados trouxeram esclarecimentos considerados fundamentais sobre a natureza de substâncias emcontradas nas extremidades dos nervos, as quais têm a função de impedir a distenção dos vasos sanguíneos e, assim, evitar desmaios ou perdas de consciência.

Mostrando como essas substâncias podem ser estocadas, ativadas ou “desligadas”, os cientistas abriram a possibilidade de influenciar o sistema nervoso ou mentais e também resolver problemas de pressão sanguínea elevada. Os três cientistas jamais trabalharam juntos.

O professor de fisiologia Von Euler contribuiu para a descoberta, em 1946, da substância denominada nor-adrenalina (adrenalina), cuja função é a de transmissor de impulsos nervosos nos terminais do sistema simpático (composto dos nervos que agem automaticamente no corpo humano, provocando ações e reações independentes da vontade consciente). Conseguiu ainda mostrar como essa substância se acumula em pequenos grânulos nervosos, no interior das fibras pertencentes ao sistema simpático.

Drogas para a mente – Sir Bernard Katz, realizou estudos sobre o mecanismo de ativação de uma outra substância – a acetilcolina, localizada nas junções entre músculos e nervos – que tem a função de transmissor de impulsos nervosos, como por exemplo os destinados a movimentos do corpo.

Por sua vez, o professor Axelrod, catedrático de Farmacologia no Instituto Nacional de Saúde Mental, em Maryland (EUA), descobriu os mecanismos de formação da nor-adrenalina nas células nervosas e os que fazem interromper seu funcionamento (essa interrupção deve-se, parcialmente, a uma enzima cuja existência Axelrod descobriu). Na opinião do dr. Axelrod, o seu campo de pesquisa pode conduzir a uma melhor compreensão do comportamento humano e da ação de drogas no tratamento de distúrbios mentais. A cura da esquizofrenia – é uma das metas de trabalho que empreende.

Graças a esse conjunto de pesquisas, tornou-se possível estudar as consequências do uso de uma série de drogas no tratamento de problemas nervosos. Por exemplo, uma pessoa em profundo estado de depressão parece estar com deficiência de nor-adrenalina. Assim, drogas capazes de manter a substância em ação por período mais prolongado podem combater a depressão e resolver o problema.

E foi por causa dessa contribuição para uma melhor noção do funcionamento do homem – e de como mantê-lo funcionando – que, conhece-se, portanto, a maneira exata pela qual uma droga faz efeito.

(Fonte: Veja, 21 de outubro de 1970 – Edição 111 – MEDICINA – Pág: 66/67)

 

 

O Prêmio Nobel de Medicina sai para três cientistas, para um hormônio que provoca a dor e para a aspirina, que a alivia

Em outubro de 1982, a Real Academia da Suécia outorgou e concedeu a láurea, o Prêmio Nobel de Medicina de 1982 a três cientistas – o inglês John Robert Vane, e os suecos Sune Karl Bergstrom e Bengt Ingemar Samuelson – por pesquisas no campo de hormônios que produzem a dor e das drogas que a aliviam. E a droga estudada por um deles, Vane, do Royal College, de Londres, é justamente a aspirina. Foi também a exibição dos grandes avanços conseguidos pela medicina na luta contra a dor, e sobretudo da importância do conhecimento dos hormônios para que se façam novos progressos nesse campo.

MISTÉRIOS DESVENDADOS – Em comum, os três cientistas fizeram pesquisas na área das prostaglandinas, hormônios presentes em todas as células do corpo e envolvidos em processos tão diversos como uma inflamação, um enfarte, um câncer, uma gestação e até uma simples dor de cabeça. Sob o nome de prostaglandina, existem dezenas de hormônios, cada qual com funções diferentes e ainda pouco conhecidas.

O interesse da medicina sobre as prostaglandinas é antigo. Em 1930, o médico-ginecologista austríaco-americano, Raphael Kurzrok (1895-1961), e o médico americano Charles Lieb, desconfiaram de que algum componente do esperma desencadeava contrações uterinas. A suspeita, confirmada depois por um sueco, Ulf von Euler (1905-1983), rendeu-lhe o Prêmio Nobel de Medicina de 1970. Tratava-se da prostaglandina, nome que nasceu da suposição equivocada de Euler de que ela se originava exclusivamente da próstata. A principal contribuição dos três cientistas que foram laureados com o Nobel de Medicina de 1982 consistiu em desvendar alguns mistérios que ainda envolviam as prostaglandinas.

Bergstrom dedicou 35 anos ao estudo desses hormônios, identificou vários tipos sob os quais se apresentam e decifrou sua estrutura química. Samuelsson, seu aluno, estudou a fundo a formação das prostaglandinas, derivadas de um ácido chamado araquidônico. A milhares de quilômetros de distância, o inglês John Vane seguiu trilha paralela e acabou por desembocar num dos achados mais notáveis desde o passo inaugural do pioneiro Von Euler: descobriu que a aspirina contribui para impedir a formação das prostaglandinas pelo organismo. Em termos práticos, foi longe. Até hoje, a ciência não conhece exatamente todos os mecanismos através dos quais a aspirina inibe a dor. Com sua descoberta, contudo, Vane ajudou a avançar significativamente na direção de um esclarecimento do mistério.

A aspirina foi sintetizada em laboratório pelo pesquisador alemão Felix Hoffmann (1868-1946), angustiado com as dores crônicas de que padecia seu pai. Antes disso, tomava-se como remédio contra a dor uma substância conhecida como ácido salicílico, inconveniente pelos distúrbios estomacais que provocava. Hoffmann incluiu mais um componente no remédio – o acetil, substância química formada de carbono e hidrogênio -, e a droga de todos os atormentados pela dor nasceu de suas mãos.

Com o nome de ácido acetilsalicílico e batizado comercialmente como aspirina, o comprimido foi então lançado à venda pelos laboratórios Bayer, da Alemanha. No século 20, a aspirina tornou-se o remédio mais consumido em todo o mundo. A Bayer, também o produtor mais antigo, recebeu autorização do governo brasileiro para produzir aspirinas em 1916, em documento expedido pela Diretoria Geral de Saúde Pública.

Séculos antes de Cristo os egípcios faziam orifícios nos crânios de pessoas vivas, provavelmente para aliviar a dor provocada por tumores, e os gregos mascavam folhas de salgueiro, obtendo o alívio que hoje é satisfeito pela aspirina. Mesmo assim, até o século XIX, acreditou-se que a dor era muito mais uma emoção do que uma consequência de fatores fisiológicos.

 

(Fonte: Veja, 20 de outubro de 1982 – Edição 737 – MEDICINA – Pág: 70/74)

 

 

 

 

 

 

 

Powered by Rock Convert
Share.