Roberto da Matta, antropólogo, fluminense, 60 anos: o futebol é tão importante quanto um furacão. Um dos mais respeitados antropólogos do país disseca a lógica do futebol. No seu livro A Bola Corre Mais que os Homens, contém 13 crônicas escritas para os jornais Estado de São Paulo e Folha da Tarde por ocasião das copas de 1994 e 1998. São leves, escritas ao sabor dos acontecimentos, mescla de depoimento e análise. Também fazem parte do volume três ensaios, notas aprofundadas tecidas com rigor acadêmico sobre aspéctos do esporte e sua relação com a sociedade brasileira. O primeiro trata do significado social do futebol no país. O segundo, estuda as diferenças de representação entre as Olimpíadas e o futebol. O terceiro é uma tentativa de entender, delimitar e qualificar a figura do técnico de futebol.
Apesar da onipresença do futebol na cultura nacional, Roberto da Matta foi um dos primeiros teóricos do Brasil a examiná-lo como objeto de estudo e sem preconceito. Algo tão inserido na mentalidade nacional ainda não é bem aceito pela intelectualidade. Quando surgiu o futebol, fundou-se logo uma Liga Contra o Futebol. Lima Barreto a fundou, imbuído de boa fé estreita, porque ninguém tem a fórmula de tudo. Quando percebeu a importância do futebol para o Brasil, Nelson Rodrigues certamente descobriu o famoso óbvio ululante, que só o pesquisador sensível consegue enxergar.
(Fonte: ZH ANO 43 Nº 14.897 – CULTURA Pág; 4/5 sábado, 10 de junho de 2006 Carlos André Moreira)