Vinícius Caldeira Brant, presidente da União Nacional dos Estudantes, pertenceu ao grupo Ação Popular

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Vinícius Caldeira Brant (Belo Horizonte (MG), 23 de março de 1941 – São Paulo, 25 de maio de 1999), sociólogo mineiro. Em 1962, ele foi presidente da União Nacional dos Estudantes, UNE, e pertencia ao grupo cristão de esquerda Ação Popular. Com a ditadura militar, em 1964, Brant exilou-se em Paris, onde iniciou mestrado em sociologia. Voltou para o Brasil em 1968. Passou três anos na clandestinidade e acabou preso.

Ficou na cadeia entre 1971 e 1974. Um ano depois, Brant foi convidado por Fernando Henrique Cardoso a integrar a equipe de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, Cebrap. Em 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores.

Em 10 de maio, Brant submeteu-se a uma cirurgia para retirada de um tumor.

Brant faleceu dia 25 de maio de 1999, aos 58 anos, de câncer no estômago, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 2 de junho de 1999– – ANO 32 -– N° 22 – Edição 1600 -– DATAS/ LUPA -– Pág; 149)

 

 

 

Vinícius José Caldeira Brant nasceu no dia 23 de março de 1941, em Belo Horizonte (MG), filho de Leônidas Vinícius Caldeira Brant e de Neusa Caldeira Brant.
Aluno da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, durante o curso participou da organização das Ligas Camponesas, presidiu a Liga da Juventude Trabalhista, ligada ao Partido Trabalhista Brasileiro, e também atuou na formação do Movimento Revolucionário Tiradentes, ligado às Ligas Camponesas. Militante do movimento estudantil, integrou a Juventude Universitária Católica. Em maio de 1962, foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), organização política com predominância de militantes católicos de esquerda.

Em julho, foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Iniciou sua gestão no mês seguinte, em meio à chamada “greve de 1/3”, iniciada em junho, cujo objetivo era obter a participação dos estudantes, com direito a voto, nos órgãos colegiados de decisão das universidades, na base de 1/3. Ainda em agosto, em pleno clima de radicalização política que marcou o governo do presidente João Goulart (1961-1964), a diretoria da UNE deliberou pela suspensão da greve. O movimento obteve vitórias parciais, ficando consagrado o direito de representação plural nos órgãos colegiados em todas as universidades e faculdades do país e tendo a proporção de 1/3 em algumas delas. Nesse período, a UNE associou-se ao movimento em prol das chamadas “reformas de base”, integrando-se, em 1963, à Frente de Mobilização Popular, que reunia sindicatos, parlamentares nacionalistas, militares progressistas e outros segmentos de esquerda.

Vinícius Caldeira Brant deixou a presidência da UNE em julho de 1963. Após concluir suas graduações em sociologia, política e administração pública, em fevereiro de 1964 viajou para a Europa, fixando-se em Paris, onde fez cursos de pós-graduação na École Pratique de Hautes Études. Com o golpe militar de 31 de março, que depôs Goulart, passou a atuar, paralelamente às atividades acadêmicas, em articulações de apoio internacional às atividades da resistência à ditadura militar no Brasil. Em 1967, retornou ao país, engajando-se nos movimentos de oposição ao regime, inicialmente como membro da AP e, a partir de 1968, do Partido Revolucionário dos Trabalhadores, partido clandestino que ajudou a fundar. Foi preso em setembro de 1970, no Rio de Janeiro, sendo transferido depois para São Paulo, onde permaneceu detido até outubro de 1973.

Em 1974, tornou-se pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e dois anos depois foi um dos sócios-fundadores do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea, em São Paulo. Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em 1980, concorreu por essa legenda a uma cadeira na Câmara de Vereadores de São Paulo em novembro de 1982, obtendo apenas uma suplência. No ano seguinte, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores e nesse mesmo ano foi eleito presidente da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado de São Paulo, mais tarde Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, o qual também presidiria entre 1986 e 1989. Em 1992, tornou-se professor titular do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal da Minas Gerais, transferindo-se para Belo Horizonte.
Faleceu em 25 de maio de 1999, em São Paulo. Foi casado e teve uma filha.
[Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001]
(Fonte: www.cpdoc.fgv.br)

 

 

Sociologia perde Vinícius Caldeira Brant
Um dos principais sociólogos brasileiros, o professor Vinícius Caldeira Brant, do departamento de Sociologia da Fafich, morreu em 25 de maio de 1999, aos 58 anos, vítima de infecção provocada após cirurgia para retirada de um câncer no estômago. Formado em Sociologia e Política pela Face, Caldeira Brant tornou-se conhecido nacionalmente quando presidiu a União Nacional dos Estudantes na época de maior efervescência do movimento estudantil, antes do golpe militar. Era então militante da Ação Popular, organização de esquerda de inspiração católica.

Em 1964, exilou-se na França, onde fez pós-graduação. Voltou clandestinamente ao Brasil depois de trabalhar no Centro de Estudos para a América Latina (Cepal), no Chile. Bastante visado pelo governo militar, foi preso em 1970 e sofreu várias torturas. Libertado em 1973, ingressou no recém-criado Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Em 1975, como pesquisador do Cebrap, coordenou o trabalho São Paulo: Crescimento e pobreza, transformado em livro, que alcançou grande repercussão no meio acadêmico. O professor Fábio Wanderley Reis, do Departamento de Ciência Política da Fafich, diz que o sociólogo transitava com grande desenvoltura por vários ramos das ciências humanas: “Caldeira Brant desenvolveu com competência estudos em diversas áreas”. No início dos anos 80, o sociólogo ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT).

Caldeira Brant entrou para a UFMG em 1991, depois de aprovado em concurso para professor titular com a pesquisa O trabalho prisional, mais tarde publicada pela Editora Forense, do Rio de Janeiro, com o título O trabalho encarcerado. Até então, nunca havia atuado como professor universitário. “Ele dizia que a experiência em sala de aula tinha dado novo sentido à sua vida profissional”, lembra o professor Otávio Dulci, chefe do departamento de Sociologia. Admirado por colegas e alunos, Caldeira Brant trabalhou na coordenação de pesquisas na área de Sociologia do Trabalho até poucos dias antes de morrer.
(Fonte: www.ufmg.br)

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