Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista do cinema novo
Entre obras dele estão ‘O País de São Saruê’, ‘Conterrâneos velhos de guerra’, e ‘Barra 68’.
Cineasta trabalhou em “Cabra Marcado para Morrer” e dirigiu “O País de São Saruê”, “O Evangelho Segundo Teotônio” e “Rock Brasília: Era de Ouro”
Grande referência do cinema nacional, Carvalho produziu dezenas de documentários e foi professor universitário
Vladimir Carvalho (nasceu em Itabaiana, na Paraíba, em 1935 – faleceu em 24 de outubro de 2024), documentarista e cineasta com mais de 50 anos de carreira, foi referência do cinema nacional e um dos grandes nomes do documentário brasileiro, produziu dezenas de documentários que enfocavam, sobretudo, temas políticos e da história do País.
Foram mais de 50 anos dedicados ao cenário cinematográfico brasiliense e brasileiro.
Vladimir nasceu em Itabaiana, na Paraíba, em 1935. Em 1959 começou a trabalhar como crítico em um programa de rádio, “Luzes do Cinema” e, neste mesmo ano, Linduarte Noronha o convida para escrever o roteiro de “Aruanda”, do qual também seria assistente de direção, com João Ramiro Mello, em 1960.
Carvalho conheceu Glauber Rocha na Universidade da Bahia, em Salvador, e participou da vertente de documentários do movimento do cinema novo. Produziu seu primeiro filme em 1962, o curta-metragem “Os Romeiros da Guia”, feito com João Ramiro.
Foi convidado por Eduardo Coutinho para ser assistente em “Cabra Marcado para Morrer”, mas as filmagens foram interrompidas com o golpe militar de abril de 1964. Trabalhou também em “Opinião Pública”, de 1966, com Arnaldo Jabor.
Em 1967, o fotógrafo Fernando Duarte lhe convida para realizar o projeto do núcleo de produção de documentários do Centro-Oeste na Universidade de Brasília, onde passou a lecionar.
No Distrito Federal, foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por mais de 20 anos. Ele fundou a Associação Brasileira de Documentaristas e, em 1994, criou a Fundação Cinememória, que abriga o acervo do artista.
O artista era irmão do também cineasta Walter Carvalho. Entre as obras de Vladimir Carvalho, representante do movimento chamado Cinema Novo, estão “O País de São Saruê”, de 1971; “Conterrâneos velhos de guerra, de 1991”; e “Barra 68”, de 2000.
As mais de 20 obras do cineasta sobre política e história brasileira levaram Vladimir Carvalho a se tornar um dos nomes mais importantes do cinema do Brasil.
Os cineastas acabaram na clandestinidade para se protegerem da prisão política. De início, Carvalho se escondeu em Campina Grande, e depois foi para o Rio de Janeiro. Nesse período, foi assistente de Arnaldo Jabor no documentário A Opinião Pública (1967). Trabalhou também como repórter, no Diário de Notícias, cobrindo passeatas contra a ditadura militar na cidade.
No final da década de 1970, mudou-se para Brasília para trabalhar em um projeto relacionado a documentários na UnB, que duraria dois meses. Acabou ficando, e tornou-se professor da universidade, dedicando ao ensino e pesquisa de cinema por 20 anos. Em 2012, recebeu o título de Professor Emérito da UnB.
Em 1994, Carvalho fundou a Associação Brasileira de Documentaristas. Também criou a Fundação Cinememória, que abriga o seu acervo, além de peças doadas por outros cineastas e pesquisadores. No total, são 23 documentários, além de mais de 5 mil livros, cartazes de filmes, jornais, revistas, fotos, equipamentos como câmeras e máquinas, incluindo a moviola utilizada por Glauber Rocha para editar o filme Terra em Transe. Nos últimos anos, o cineasta havia transformado sua casa em um museu, exibindo tais peças.
Do Cinema Novo ao Rock
Carvalho foi uma figura central no movimento do Cinema Novo, com obras que destacaram questões sociais e políticas no Brasil. Nascido em Itabaiana, Paraíba, ele começou sua carreira como cineasta após estudar filosofia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde conviveu com nomes como Caetano Veloso. Engajado politicamente, ele participou do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), que lhe aproximou de Glauber Rocha e do movimento Cinema Novo.
Seu primeiro curta-metragem foi “Os Romeiros da Guia” (1962), co-dirigido com João Ramiro. Em seguida, trabalhou como assistente de Eduardo Coutinho em “Cabra Marcado para Morrer” (1984), filme do começo dos anos 1960 interrompido pela ditadura e só terminado duas décadas depois. Além disso, foi fundamental para ajudar na fuga de Elizabeth Teixeira, personagem central desse filme, durante a repressão militar no Brasil.
Entre seus principais documentários estão “O País de São Saruê” (1971), “O Evangelho Segundo Teotônio” (1984), “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1991) e “Rock Brasília: Era de Ouro” (2011), um de seus trabalhos mais populares, sobre a banda Legião Urbana e a cena roqueira da capital federal.
Contribuições para o cinema brasileiro
Além de sua contribuição como cineasta, Vladimir foi fundador da Associação Brasileira de Documentaristas em 1994 e criou a Fundação Cinememória, que abriga seu extenso acervo de mais de 23 documentários, 5 mil livros, cartazes, fotos, além de equipamentos históricos do cinema, como a moviola usada por Glauber Rocha para editar “Terra em Transe” (1967). Para completar, também foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por mais de duas décadas, moldando futuras gerações de cineastas.
Carvalho deixa um legado inestimável para o cinema e a cultura brasileira, com uma obra que sempre buscou retratar a realidade do País de maneira crítica e contundente.
Vladimir Carvalho faleceu na quinta-feira, 24 de outubro, aos 79 anos. O artista lutava contra dois câncer, um no pulmão e o outro no fígado.
O velório foi na sexta (25), no Cine Brasília. O cineasta foi sepultado no jazigo dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
A reitora da UnB, Márcia Abrahão, lamentou a morte do artista. “Ele nos deixa um grande legado, não só da sua produção cinematográfica, mas também do seu olhar crítico sobre a ditadura militar, e foi também um dos que resistiram naquele momento de muitas dificuldades para a nossa universidade”, disse Márcia Abrahão.
O governador Ibaneis Rocha (MDB) também lamentou a morte do cineasta nas redes sociais e anunciou luto oficial de três dias no Distrito Federal. “Referência do cinema brasileiro, o professor Vladimir Carvalho dedicou sua arte para denunciar injustiças e dar voz aos desassistidos numa época de censura e de perseguição política”, disse o chefe do Executivo.
(Créditos autorais: https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/filmes – Pipoca Moderna/ DIVERSÃO/ ENTRE TELAS/ FILMES/ Por: Pedro Benjamin Prado – 24 out 2024)
(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/musica/noticias – Areavip/ MÚSICA/ NOTÍCIAS/ História de Fernando Melo – 24/10/2024)
(Créditos autorais: https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/filmes – Estadão conteúdo/ DIVERSÃO/ ENTRE TELAS/ FILMES/ por Gabriela Caputo – 24 out 2024)
(Créditos autorais: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/10/24 – Globo Notícias/ DISTRITO FEDERAL/ NOTÍCIA/ Por Morena Pinheiro, Morillo Carvalho, TV Globo –