Dissidente que denunciou abusos psiquiátricos na URSS
Vladimir Konstantinovitch Boukovski (Belebey, 30 de dezembro de 1942 – Cambridge (Inglaterra), 27 de outubro de 2019), dissidente soviético que denunciou na década de 1970 os abusos psiquiátricos contra os prisioneiros políticos na URSS.
O dissidente soviético Vladimir Bukovsky, que denunciou na década de 1970 os abusos psiquiátricos contra prisioneiros políticos na URSS, foi o prisioneiro político soviético mais famoso de sua época e um dos primeiros a denunciar a detenção psiquiátrica para os dissidentes na URSS.
Liberado em 1976, depois de passar 12 anos em campos e hospitais psiquiátricos, foi trocado pelo líder do Partido Comunista chileno Luis Corvalán, preso pela ditadura de Augusto Pinochet, e depois enviado para a Grã-Bretanha, onde morava desde então.
Em 1961, Bukovsky foi expulso na Universidade Estatal de Moscovo, onde estudava biologia, por escrever uma tese crítica do Komsomol, a organização da juventude comunista.
Bukovsky foi preso pela primeira vez em 1963 por estar na posse de livros proibidos na União Soviética. À data, foi declarado doente mental e enviado para um hospital psiquiátrico, onde ficou quase dois anos. Em 1967 voltou a ser detido na sequência de um protesto.
Em 1971, Bukovsky divulgou documentos que denunciavam a forma como a URSS utilizava os hospitais psiquiátricos para punir dissidentes. A publicação destes documentos gerou revolta interna e Bukovsky voltou a ser detido. No ano seguinte foi condenado a sete anos de prisão e trabalhos forçados, seguidos de cinco anos em exílio interno.
O seu caso atraiu a atenção internacional e em dezembro de 1976 as autoridades soviéticas concordaram trocá-lo por Luis Corvalán.
Após a queda da União Soviética, Bukovsky colaborou durante algum tempo com as autoridades russas. Depois afastou-se da política, porém mais tarde regressou, com uma postura totalmente contrária ao Kremlin.
Bukovsky mantinha contatos regulares com líderes da oposição russa e visitou várias vezes a Rússia após a queda da União Soviética. Tornou-se um crítico feroz de Vladimir Putin e tentou concorrer a eleições presidenciais em 2008, mas foi impedido porque tinha dupla cidadania, russa e britânica, entre outras razões.
O centro, com sede nos Estados Unidos, que divulga a obra do dissidente soviético, informou que Bukovsky tinha problemas de saúde há vários anos.
“Vladimir Bukovsky morreu. Ativista pelos direitos humanos, escritor, cidadão russo, passou 12 anos em campos e hospitais psiquiátricos e metade de sua vida exilado. O governo soviético o chamou de bruto, nós o chamamos heróis e o agradecemos”, escreveu no Twitter a ONG Memorial, principal organização russa de defesa dos direitos humanos.
(Fonte: Zero Hora – ANO 56 – N° 19.542 – 29 de OUTUBRO de 2019 – TRIBUTO / MEMÓRIA / MUNDO / MOSCOU / Por AFP – Pág: 27)