Walker Evans (Saint Louis, 3 de novembro de 1903 – New Haven, 10 de abril de 1975), foi um fotógrafo americano, que originalmente queria ser escritor descobriu a sua paixão pela fotografia durante os anos 1920. Os seus primeiros trabalhos exibiam já a sua visão objectiva e extremamente atenta ao pormenor.
Walker Evans é um dos mais influentes artistas do século 20, além de ser considerado o progenitor do fotojornalismo documental. Suas imagens elegantes e claras inspiraram gerações e gerações de artistas, de Robert Franka Keith Arnatt. Para muitos, Evans tinha a habilidade de ver o momento presente como se ele já fizesse parte do passado, transformando cenas em arte duradoura.
Em 1935 entrou ao serviço da F.S.A. (Farm Security Administration), um organismo federal criado por Roosevelt para dar solução à crise agrícola dos Estados Unidos da América durante o período da Grande Depressão. Usando a fotografia como prova da miséria em que viviam os agricultores americanos, Evans registrava o cotidiano com precisão objetiva, dignificando, apesar de tudo, a pobreza em que estes agricultores viviam. Em 1938, depois de concluir o seu trabalho para a F.S.A., o Museum Of Modern Art de Nova York honrou a obra de Evans com uma exposição, a primeira dedicada por este museu a esta profissão.
Evans é conhecido por duas séries de fotografias: uma delas é o levantamento documental da comunidade agrícola norte americana e a outra está documentada no livro Elogiemos os homens ilustres. Estes dois trabalhos são considerados os expoentes máximos da fotografia documental. Área em que W. Evans é considerado como uma das figuras maiores.
Durante cinquenta anos, retratou com olhos de poeta e precisão de cirurgião expressões vernaculares da cultura americana moderna: cafés baratos, quartos simples, ruas centrais de pequenas cidades, povos indígenas na beira das estradas. Nascido em Missouri, nos Estados Unidos, Evans desenvolveu seu interesse por pintura e fotografia ainda na infância, época em que clicava sua família e seus amigos com uma Kodak de pequeno porte. Na adolescência, largou a faculdade para mudar-se para Nova York e começou a trabalhar em livrarias, seduzido pela possibilidade de passar o dia lendo obras dos artistas que amava, T. S. Eliot, D. H. Lawrence, James Joyce, Charles Baudelaire, Gustave Flaubert e E.E. Cummins. Em 1927, depois de um ano estudando em Paris e escrevendo suas próprias histórias e ensaios, retornou a Nova Iorque decidido a se tornar um escritor. No entanto, também passou a direcionar seus impulsos estéticos para a fotografia, onde implantou o que amava na literatura: lirismo, ironia, descrição incisiva e estrutura narrativa.
Suas primeiras fotografias revelam a influência do modernismo europeu, estilo do qual se afastou para se aproximar do realismo, que enfatiza o papel do espectador e o poder poético de temas comuns. Em 1935, aceitou o emprego que consolidaria sua identidade: foi convidado pelo governo dos Estados Unidos para fotografar uma comunidade de reassentamento do governo construída para mineiros de carvão desempregados. Por esse trabalho, acabou tornando-se o “especialista de informação” da Ressettlement Administration (RA), depois chamada de Farm Security Administration (FSA), uma instituição criada com o objetivo de combater a pobreza rural, uma das principais consequências da Grande Depressão.
Ao lado de fotógrafos como Dorothea Lange, Evans foi incumbido da documentação da vida de moradores de cidades pequenas, com o objetivo de demonstrar como o governo estava se esforçando para melhorar a vida daquelas comunidades. Mostrando pouca preocupação ideológica em seguir os itinerários sugeridos, Evans viu a pauta como uma oportunidade de retratar a essência da vida americana. Suas fotografias de estradas, arquitetura, igrejas rurais, barbearias e cemitérios revelam um respeito profundo por essas tradições, muitas vezes negligenciadas nas grandes cidades. Desde suas primeiras aparições em jornais, revistas e livros no final da década de 1930, essas imagens icônicas entraram na consciência coletiva do povo americano, enraizando-se profundamente na memória do período da Depressão.
No verão de 1936, ainda trabalhando para a FSA, foi enviado com o escritor James Agee para fazer uma reportagem sobre as famílias de arrendatários rurais do Alabama. A matéria não saiu, mas as fotografias e o texto foram publicados no livro Let Us Now Praise Famous Men (1941), que detalha a vida de três grupos de agricultores em meio a pobreza rural. É desse ensaio o retrato de Allie Mae Burroughs, um dos símbolos da Grande Depressão.
Evans deixou a FSA em 1938, ano em que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) exibiu Walker Evans: American Photographs. Foi a primeira mostra individual do museu dedicada a um fotógrafo. No mesmo período, Evans passou a esconder uma Contax 35mm em seu casaco para fotografar pessoas nos metrôs nova-iorquinos. O objetivo era mostrá-las sem disfarces, expostas e indefesas. Em suas palavras, “ainda mais do que em quartos isolados (onde há espelhos), os rostos das pessoas estão em repouso nu no metrô”. Oitenta e nove dessas fotografias seriam transformadas em livro sob o título Many are Called (1966) décadas depois.
Leitor e escritor apaixonado, passou a fazer parte da equipe da Time em 1945. Pouco depois, tornou-se editor na Fortune, onde permaneceu até 1965 — ano em que se tornou professor de design gráfico na Universidade de Yale. Em 1973, Evans passou a trabalhar com a inovadora Polaroid SX-70. As qualidades da câmera casavam perfeitamente com sua busca por uma visão concisa e poética do mundo. Com ela, voltou-se para temas perenes: cartazes, sinais, letras, formas.
(Fonte: http://foto.espm.br/index.php/referencias/os-olhos-trafegam-em-sentimentos-nao-em-pensamentos-walker-evans – CENTRO DE FOTOGRAFIA – 12 de junho de 2012)
(Fonte: http://fotografeumaideia.com.br – 100 Fotógrafos mais influentes de todos os tempos – Enviado por Francine de Mattos)
(Fonte: http://www.professionalphotographer.co.uk)