A lenda belga dos quadrinhos, cartunista Yvan Delporte, um dos criadores dos Smurfs
Yvan Delporte (Bruxelas, 24 de junho de 1928 – Bruxelas, 5 de março de 2007), cartunista e desenhista belga, um dos pais dos Smurfs, um dos maiores nomes do quadrinho franco-belga.
Delporte foi redator-chefe da revista Spirou de 1956 a 1968, período universalmente considerado como a “era de ouro” da revista. Naquela altura, ele foi responsável pela publicação de algumas das mais famosas HQs da escola franco-belga, tendo colaborado nos roteiros de séries como Gaston (de André Franquin), Boule e Bill (de Jean Roba) e, principalmente, nos Smurfs (de Peyo).
Foi nesta última, por sinal, que ele escreveu uma das mais belas HQs de todos os tempos, “O Smurfíssimo”, inteligente sátira política que mostra um smurf aproveitando a ausência do Papai Smurf para tornar-se o ditador dos pequenos duendes azuis. Aliás, o clássico visual do chefe dos nanicos azuis foi inspirado no próprio Delporte.
O desenhista que criou os Smurfs ao lado do cartunista Peter Culliford (1928-1992), o Peyo, também ficou famoso por seu trabalho nas histórias em quadrinhos para a revista “Spirou”, entre 1955 e 1968.
Os Smurfs apareceram pela primeira vez em 1958, na história em quadrinhos publicada na “Spirou”. Anos depois, ficaram mundialmente conhecidos pelo desenho animado produzido pela Hanna-Barbera.
Delporte sempre esteve à frente do fenômeno Smurfs. Amados pelas crianças de muitos países e foco de campanhas impressionantes de merchandising, o desenho animado reúne um simpático grupo de homenzinhos azuis que vivem na natureza (com suas casinhas de cogumelo). A única exceção é o Papai Smurf, líder incontestável do grupo, que usa um gorrinho vermelho. Há também o malvado mago Gargamel, sempre acompanhado de seu gatinho Cruel.
Cerca de uma centena de Smurfs, todos idênticos, vivem sob uma ótica do socialismo (além de propagarem o naturismo e ainda serem acusados de machismo), em que dividem tudo: das funções na sociedade à coleta de frutas no bosque. São homenzinhos assexuados vivendo com uma única Smurf mulher, a Smurfete.
O desenho, que acaba de voltar à televisão italiana após uma pausa de dois anos, tem versões em mais de 25 línguas diferentes distribuídas pelo mundo.
Objeto de estudo de sociólogos e psicólogos, os Smurfs foram considerados, junto com os Teletubbies, responsáveis por um “despertar terapêutico” tanto para crianças e adultos.
A pesquisa recente foi conduzida por um grupo de psicólogos e publicada pela revista ‘Adv Next”. Segundo a publicação, a mensagem positiva vem do fato de os personagens serem “positivos e estarem imersos em ambientes naturais”.
Mas ao longo de sua existência, o desenho também teve detratores. Um estudo da socióloga Marina D’Amico, apresentado em 1992, apontou os Smurfs como “machistas”, culpa da Smurfete que, única mulher entre mais de 90 homens, é “bonitinha e estúpida”.
Após deixar o cargo de redator na Spirou, Delporte continuou muito ligado à publicação (e à indústria de quadrinhos franco-belga em geral). Em 1977 criou o anárquico suplemento “Trombone Ilustrado” para a Spirou, que, apesar da vida curta, marcou toda uma geração de leitores. Ainda que, com o tempo, seus argumentos fossem se tornando mais raros, ele continuou com o envolvimento na indústria de quadrinhos até o fim da vida.
Yvan Delporte morreu em 5 de março de 2007, em Bruxelas aos 78 anos.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada – ILUSTRADA / da Ansa, em Roma com Folha Online – 07/03/2007)
(Fonte: https://www.omelete.com.br/quadrinhos – QUADRINHOS / HQ / LIVROS / NOTÍCIA / PEDRO “HUNTER” BOUÇA – 06.03.2007)