Nome histórico dos direitos humanos, Zilah Abramo, foi fundadora do PT
Cientista social teve destacada atuação na defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão
Zilah Abramo: uma estrela da resistência
Zilah Wendel Abramo (1926-2018), foi um das fundadoras do PT e presidente de honra do conselho curador da Fundação Perseu Abramo. Conselheira do Instituto Vladimir Herzog desde a fundação do IVH, em 2009, Zilah participou ainda da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e, atualmente, presidia a Fundação Perseu Abramo.
Fundadora do Partido dos Trabalhadores, em 1996, integrou o grupo que deu continuidade aos estudos e propostas esboçados por Perseu Abramo para constituição da fundação que seria criada pelo partido. Quando esta foi instituída, foi indicada pelo Diretório Nacional do PT para compor a primeira diretoria, tendo exercido o cargo de vice-presidente de 1996 a 2003 e de presidenta do Conselho Curador de 2003 a 2012, quando foi alçada a presidenta de honra dessa instância.
Zilah Abramo – uma das figuras mais importantes na luta pela democracia na história do nosso país. Durante a ditadura militar no Brasil, Zilah Abramo teve destacada atuação na defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão.
Zilah formou-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (
Em 1952, casou-se com o jornalista, professor e dirigente do PT Perseu Abramo (1929 -1996), um dos mais relevantes nomes do jornalismo brasileiro. Depois, à frente da fundação que levava o nome de seu companheiro, viabilizou debates e iniciativas fundamentais para o fortalecimento da democracia no país.
Perseu e Zilah participaram de diversos atos em oposição ao governo militar. Integraram, por exemplo, o Comitê Brasileiro pela Anistia, grupo da sociedade civil formado em 1978.
No começo dos anos 1980, foram dois dos mais atuantes fundadores do PT. Por 16 anos Perseu ocupou diversos postos de direção no partido.
A Fundação Perseu Abramo foi instituída pelo PT em maio de 1996, dois meses após a morte do jornalista. Na ocasião Zilah foi indicada pelo partido para compor a primeira diretoria da fundação e dar continuidade aos projetos do marido.
Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), foi professora da Universidade de Brasília (UNB) e militou no Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA).
Em 1952, Zilah casou-se com Perseu Abramo. Sobre essa união ela escreveu em Teoria e Debate: “Pelo horóscopo chinês, nosso casamento não poderia durar. A serpente (Perseu), que é o símbolo da sabedoria e da prudência, não poderia conviver com o tigre (Zilah), impetuoso e imprevisível, que tanto pode se tornar um herói quanto um bandido”. Contrariando essa previsão e rindo da sabedoria oriental, viveram juntos mais de 43 anos. Tiveram cinco filhos: Laís, Mario, Helena, Bia e Marta.
Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, costumava dizer que sua única contribuição para a Sociologia brasileira foi participar, com Perseu, da formação de duas filhas sociólogas. Tendo trabalhado na administração pública, especialmente na área de recursos humanos, foi professora, também nessa área, apenas por dois anos (1962 a 1964), na Universidade de Brasília.
Nos anos 1950, militou no Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, na década de 1970, Zilah participou ativamente do movimento pela redemocratização do país e junto ao Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA-SP). Na Fundação Perseu Abramo não deixava passar a oportunidade de relembrar os momentos mais significativos de resistência da esquerda brasileira, como contra o Golpe de 1964 e o AI-5, o assassinato de Vladimir Herzog, as greves do ABC, o movimento pela Anistia, a fundação do PT e a campanha das Diretas Já. Frisava sempre a importância de rememorar os fatos passados e completar as lacunas de informação existentes. Foi coorganizadora com Flamarion Maués do livro Pela Democracia, Contra o Arbítrio: A oposição democrática, do golpe de 1964 à campanha das Diretas Já, editado pela Fundação, coletânea de depoimentos e artigos publicados nas páginas especiais produzidas pela Fundação Perseu Abramo em seu portal.
Orgulhava-se muito de suas amizades, mencionemos uma simbólica para não sermos injustos com as demais, a que dedicava a Antonio Candido. “Fomos companheiros no PSB dos anos 50, continuamos a lutar com as mesmas bandeiras, na resistência contra a ditadura, especialmente na grande greve do funcionalismo de 1979, quando ele atuava como vice-presidente da Adusp e eu integrava as hostes da Saúde. Finalmente nos encontramos no Colégio Sion, no dia da fundação do PT. Quando vi Antonio Candido, entre os demais companheiros do PSB antigo, tive a certeza de que estava no lugar certo”.
Uma descrição de Zilah, sem referência à sua fiel devoção ao time do coração, ficaria inacabada. “Os corintianos, como nós dois, não se deixam abater pelos momentos difíceis da vida”, escreveu a José Genoíno em outubro de 2012.
Mesmo com certa idade, procurava estar sempre atualizada, participando e opinando sobre a agenda de direitos humanos.
Zilah Abramo morreu em 16 de agosto de 2018, em São Paulo, aos 92 anos.
Depoimentos
“O Brasil perde hoje uma de suas maiores referências na luta contra a ditadura. A morte de Zilah Abramo causa tristeza a todos nós, que admiramos por tanto tempo sua força e coragem permanentes na luta pelos direitos humanos. Foi incansável quando o Brasil estava mergulhado na treva”.
Dilma Rousseff, presidenta do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo e presidenta da República eleita
“O Brasil perdeu hoje Zilah Abramo, a estrela da resistência ao autoritarismo e à ditadura militar. Mas deixou a grandiosidade dos compromissos que assumiu e a trajetória que cumpriu ao lado bom da História de luta em favor dos oprimidos, como organizadora do PT e fundadora da Fundação Perseu Abramo. Aprendi com ela que o bom combate se faz com disciplina e persistência. Nada mais fundamental nesse momento para derrotar o golpe que trouxe a decadência para a nação. Zilah vive!”
Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo
“Tive a alegria de ser companheiro de trabalho de Zilah Abramo na Fundação Perseu Abramo durante mais de 20 anos. Primeiramente, ela como vice-presidente e eu como diretor. Depois, ela como presidenta do Conselho Curador e eu como vice-presidente e posteriormente presidente. Nessa longa convivência de trabalho, nossa confiança mútua cresceu, embora ela sempre mais combativa e mais otimista que eu. Nesse período, ela deixou de ser apenas a mãe de meus amigos Laís, Mário, Lena, Bia e Marta e passou a ser minha companheira e amiga Zilah. Descanse em paz”.
Ricardo Azevedo, ex-presidente da Fundação Perseu Abramo
“Zilah Abramo se foi e deixou uma grande lacuna. Trabalhei e convivi com ela por 10 anos na Editora Fundação Perseu Abramo e pude conhecer sua capacidade, seu caráter e sua firmeza de princípios. Uma perda enorme! Ela foi para mim uma mestra e um exemplo. Deixa muitas saudades!”
Flamarion Maués, ex-coordenador editorial da Editora Fundação Perseu Abramo
(Fonte: https://br.yahoo.com/noticias – NOTÍCIAS / SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 16/08/2018)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08 – PODER – 17.ago.2018)
(Fonte: http://vladimirherzog.org – Fundação Vladimir Herzog / Por Giuliano Galli – 16 de agosto de 2018)
(Fonte: https://fpabramo.org.br/2018/08/16 – MEMÓRIA / Fundação Perseu Abramo / César Ogata/FPA – 16/08/2018)