Zilah Machado, cantora e compositora do samba gaúcho. O samba gaúcho perdeu dia 7 de janeiro de 2011, um de seus maiores nomes: Zilah Machado.
Com mais de cinco décadas de música, Zilah vivia uma nova fase na carreira. Ela havia lançado, no final de 2009, o álbum Ziringuindim, em que aparecia como cantora, percussionista e compositora, cantando sambas de diferentes estilos, especialmente o samba de roda. Pelo disco, ela recebeu uma menção especial na última edição do Prêmio Açorianos de Música, em abril de 2010 e o CD também rendeu ao produtor Gelson Oliveira o troféu na categoria Produtor Musical.
O trabalho como compositora também registrado no CD Passageira da Nave dos Sonhos (2000) era uma faceta menos conhecida de Zilah. Ela tinha ficado conhecida ainda nos anos 1960 como intérprete, em especial das canções de Lupicinio Rodrigues, de quem tinha sido vizinha no bairro da Ilhota. Ela contava que Lupi a incentivava ainda na infância: Essa menina vai ser cantora, porque já chora afinado, teria dito o compositor.
De origem humilde, Zilah começou na música estudando canto lírico com o maestro Roberto Eggers. Mais tarde, voltou-se ao samba, apresentou-se no Exterior, cantou na Rádio Gaúcha e passou temporadas no Rio de Janeiro foi lá que lançou seu primeiro LP, Já se Dança Samba como Antigamente (1980).
Em paralelo, teve trabalhos como atriz em teatro, rádio e cinema. Voltou a Porto Alegre em 1982, para um período em que iria se apresentar em casas noturnas como Carinhoso, Velho Amigo, Acalanto e João de Barro. O amigo Lupicinio seria o tema de seu segundo LP, Lupiciniana (1988).
Hospitalizada desde novembro de 2010, Zilah seguia criando: no hospital, ela tinha um caderno para anotar suas ideias para novas músicas.
Zilah morreu aos 82 anos, em Porto Alegre, e teve falência múltipla dos órgãos, em consequência de um tumor na região do fígado.
(Fonte: Zero Hora – 08.01.11 – Memória)
Ziringuindim é o segundo CD da intérprete, compositora e percussionista Zilah Machado, considerada uma referência no samba produzido no Sul do País.
Com direção musical e artística do cantor e compositor Gelson Oliveira e produção executiva e fonográfica da jornalista Silvia Abreu, o CD registra, em 16 faixas inéditas, diferentes facetas da intérprete e do seu rico universo musical e poético, revelado em sambas-canções, sambas-de-roda e sambas-exaltação, todas estas expressões genuinamente brasileiras.
Fosse em outro país, ou mesmo no Rio de Janeiro, Zilah Machado estaria em uma posição de destaque por tudo o que já fez pela música. Grandes damas da canção, como Ella Fitzgerald ou Clementina de Jesus, foram em vida reverenciadas, cultuadas, homenageadas por tudo o que significavam.
No Rio Grande do Sul, particularmente em Porto Alegre, sente-se um descaso por artistas de outra geração, como Zilah. Por mais que tenham feito durante toda a vida, desde jovens. Enfrentam grande dificuldade para se apresentar, não são convidados para participar de espetáculos coletivos e projetos especiais.
Não sei quantos anos tem Zilah, mas tem o suficiente para ser considerada uma verdadeira entidade na história da música e da noite porto-alegrense. Bem jovem, foi uma das intérpretes prediletas de Lupicínio Rodrigues e uma das mais conhecidas cantoras do rádio gaúcho. Uma estrela do samba e do samba-canção.
Não sei quanto anos tem Zilah, só sei que sua voz não tem idade, como pude ouvir numa amostra do disco Ziriguindim, que ela me mandou. Mais: é uma grande compositora das tradições do samba e da negritude. Zilah tem uma história, mas não vive do passado. Como diria Paulinho da Viola, seu tempo é hoje.
O público, o pessoal da música e a comunidade cultural é que precisam recuperar o tempo perdido no prazer de ouvi-la. E homenageá-la, protegê-la, reconhecê-la.
(Fonte: www.myspace.com/dorinasamba – Depoimento de Juarez Fonseca – Publicado por Andre Jesus – Dezembro 16, 2009)
Cantora, compositora e percussionista do Brasil. Afilhada de Lupicinio Rodrigues e considerada uma referência no samba do Sul do país, Zilah Machado tem três discos gravados e mais de 200 composições próprias em seu currículo.Nasceu em família pobre mas aos dez anos foi matriculada em um curso de música erudita, estudando por onze anos com o maestro Roberto Eggers, desenvolvendo-se como soprano ligeiro. Enfrentando preconceitos por ser negra, e desejando na verdade cantar samba, para este gênero direcionou sua carreira. Nos anos 1960 viajou para a Argentina com a orquestra do maestro Délcio Vieira em uma turnê de três meses, e na volta passou a cantar em bares de Porto Alegre. Fez um teste na Rádio Gaúcha, que procurava uma substituta para Elis Regina no programa de Maurício Sobrinho, e foi selecionada. Sua apresentação foi um sucesso, o que lhe valeu a fama imediata, cantando Lupicínio, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Em 1975 foi para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por nove anos trabalhando como lavadeira e morando no subúrbio. Tentando uma colocação na TV Globo, cantou Lupicinio Rodrigues e foi contratada. Atuou com músicos notáveis e gravou um disco, Já se dança samba como antigamente (1980), mas ainda sofria com o preconceito racial. Voltou a Porto Alegre, onde permaneceu em atividade. Em 2010 foi homenageada recebendo o Prêmio Açorianos pelo conjunto de sua obra.
(Fonte: Postado por Gringgo – Música do Sul – 3 de dezembro de 2010)