Fundou a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil

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Professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, fundador da Coppe/UFRJ

 

Fundou a Coppe em 1963, a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil.

 

 

 

Alberto Luiz Galvão Coimbra

Alberto Luiz Coimbra, fundador da Coppe no Rio de Janeiro – (Foto: Guito Moreto / Agência O Globo – 14-02-2013)

 

 

Integra o grupo de nacionalistas brasileiros que, com talento e espírito crítico, deram importante contribuição ao país.

 

 

Alberto Luiz Galvão Coimbra (bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, 1923 – Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, 16 de maio de 2018), professor e fundador da Coppe-RJ, a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil.

O professor fundou o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), em 1963, a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil, hoje o maior centro de ensino e pesquisa da América Latina na área.

Mestre em Engenharia Química pela Universidade de Vanderbilt (1949), Coimbra defendeu um modelo de ensino baseado em horário integral, com dedicação exclusiva. A pós-graduação criada por Coimbra era baseada em três pilares: excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos, e aproximação com a sociedade.

Após uma viagem aos EUA nos anos 1960, Coimbra ocupou duas salas do prédio da Praia Vermelha, destinadas a professores quase sempre ausentes. No local, acomodou os primeiros alunos do curso de mestrado em Engenharia Química, embrião do programa de pós-graduação em Engenharia, que viria a ser a Coppe.

Químico industrial formado pela Escola Nacional de Química, da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ, Coimbra tomou gosto pela Matemática na universidade, o que o conduziu à graduação em Engenharia Química e, posteriormente, em 1947, ao mestrado na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Dar continuidade aos estudos após completar a graduação era uma raridade no Brasil da época.

Coimbra retornou ao Rio de Janeiro, em 1953, como docente do Instituto de Química da Universidade do Brasil. Inspirado na estrutura universitária americana, na qual professores e alunos se dedicavam integralmente à academia, passou a defender com vigor novo modelo de ensino para a universidade brasileira. Numa época em que ser professor universitário no Brasil era só atividade extra, Coimbra sonhava com um sistema que combinasse ensino e pesquisa, com professores bem remunerados, trabalhando em regime de tempo integral e dedicação exclusiva.

Baseado nesses princípios, propôs a criação de um curso de pós-graduação em que fosse praticado o que chamava de “ciência da engenharia”. A iniciativa, considerada utópica por muitos, teve apoio de Athos da Silveira Ramos, diretor do Instituto de Química, que aceitou incluir o curso em seu organograma.

E foi assim que Coimbra instituiu um modelo de pós-graduação absolutamente inovador no Brasil. Em 1963, inaugurou o primeiro curso de mestrado em Engenharia Química do país, que começou a funcionar em duas pequenas salas do campus da Praia Vermelha e se expandiu para dar origem ao maior centro de ensino e pesquisa de engenharia da América Latina: a Coppe.

Alberto Luiz Coimbra sempre foi um professor interessado no aprimoramento de seus alunos, sem lançar mão de fórmulas prontas nem de manuais. Não se contentava em ver os estudantes repetindo apenas o que lhes era ensinado em aulas anotadas ou conhecimentos passados por livros didáticos. Ele acreditava que o Brasil só conquistaria autonomia quando a indústria pudesse contar com tecnologia nacional. E para isso era preciso investir na formação de engenheiros capazes de produzir ciência e tecnologia, e não apenas aplicar soluções e conhecimentos importados.

Coimbra permaneceu à frente da direção da Coppe até 1973, quando foi afastado no auge da ditadura militar. Em 1981, recebeu o Prêmio Anísio Teixeira, do Ministério da Educação. Dois anos depois, aos 60 anos, voltava à Coppe. Foi homenageado pelos colegas com o cargo de coordenador do Programa de Engenharia Química, o primeiro curso da Coppe, no qual permaneceu como pesquisador até se aposentar, em 1993.

Em 1995, a instituição que sonhou e construiu deu-lhe um dos maiores reconhecimentos que se pode receber em vida: passou a se chamar Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. No entanto, manteve-se a sigla que ele havia escolhido há 30 anos: Coppe.

Coimbra se aposentou em 1993 e tornou-se Professor Emérito da UFRJ. Em 1995, a instituição que Coimbra construiu fez uma homenagem e passou a se chamar Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. Porém, a sigla que ele tinha escolhido há 30 anos foi mantida: Coppe. Em 2015, foi nomeado Pesquisador Emérito do CNPq.

 

 

Trajetória

 

 

Baseada em três pilares – excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos e aproximação com a sociedade –, a pós-graduação criada por Coimbra inspirou e serviu de modelo para outros cursos de pós-graduação criados posteriormente no Brasil, mudando os rumos do sistema universitário no país.

Com poucos recursos, buscava convênios para trazer professores estrangeiros, fossem americanos ou russos, em pleno regime militar. Por conta desta atuação em prol de uma ciência independente, foi convocado para depor na Polícia Federal e fichado e humilhado na ditadura. Teve seu rosto coberto por um capuz e foi conduzido coercitivamente ao Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi.

Em 1973, o Conselho Universitário decidiu que Alberto Luiz Coimbra seria proibido de exercer postos de chefia. O fundador da Coppe deixou então a universidade e foi acolhido pelo amigo José Pelúcio Ferreira, então na direção da Finep, empresa pública financiadora de ciência e tecnologia. Lá passou dez anos exilado da vida universitária, período que considerou “o pior de sua vida”.

A reabilitação veio em 1981, ainda durante o regime militar, quando recebeu o Prêmio Anísio Teixeira, do Ministério da Educação. De volta à Coppe em 1983, Coimbra assumiu a coordenação do Programa de Engenharia Química, o primeiro curso da Coppe, no qual permaneceu como pesquisador até se aposentar, em 1993, já com as merecidas honrarias, tornando-se professor emérito da UFRJ.

Em 1995, a instituição que Coimbra sonhou e construiu deu-lhe um dos maiores reconhecimentos que se pode receber em vida: passou a se chamar Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. Manteve-se, porém, a sigla que ele escolhera 30 anos antes: Coppe.

Reitoria

Em nota, o reitor da UFRJ, Roberto Leher, lamentou a morte de Coimbra: “Lamentamos com profundo pesar a morte do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, um dos intelectuais formadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua visão ampla e estratégica sobre a sociedade e a universidade construiu alicerces importantíssimos para a trajetória de milhares de profissionais. Em quase seis décadas atuando de forma dedicada na Coppe e na UFRJ, Coimbra contribuiu para o desenvolvimento econômico e social do país e iluminou o caminho não apenas de engenheiros, mas também da instituição universitária brasileira.”

Alberto Luiz Galvão Coimbra, de 94 anos, morreu em 16 de maio de 2018. Ele estava internado há 15 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, e teve falência múltipla dos órgãos.

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia – RIO DE JANEIRO – NOTÍCIA / Por G1 Rio – 

(Fonte: http://www.jb.com.br/rio/noticias/2018/05/16 – Jornal do Brasil – NOTÍCIAS – 16/05/2018)

(Fonte: http://www.e-papers.com.br – E-papers Serviços Editoriais Ltda)

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