A primeira comandante feminina da Aliança Navegação e Logística e a primeira brasileira a comandar um navio porta-contêineres

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Esta é a primeira brasileira a comandar um navio de carga

 

A comandante Daisy Lima da Silva lidera uma equipe de 20 integrantes – 19 deles, homens

Comandar um navio de carga nunca esteve nos planos de Daisy Lima da Silva. Quando prestou o vestibular, foi aprovada para os cursos de engenharia civil, matemática e para a escola da Marinha Mercante Brasileira. Optou pela última apenas por saber que, das três opções, era a única que não conseguiria fazer mais velha.

 

 

A escolha surpreendeu sua família. Nenhum parente é da área marinha. Mesmo assim, Daisy se formou em 2003 na terceira turma de mulheres da escola. Com 38 anos, é a primeira comandante feminina da Aliança Navegação e Logística e a primeira brasileira a comandar um navio porta-contêineres. “Dedico a minha vida ao trabalho”, diz.

O percurso até o cargo, no entanto, não foi fácil. A comandante conta que sentia diferença na forma como ela e os seus colegas homens eram tratados, e até desconfiança de sua capacidade. “Eu tinha que me esforçar e trabalhar mais do que eles para ser respeitada.”

 

 

O esforço valeu a pena. Atualmente, Daisy comanda uma equipe de 20 pessoas, na qual 19 são homens. Mesmo em um ambiente majoritariamente masculino, não sente mais preconceito.  “Há serviços pesados, mas hoje, com o avanço das máquinas, a minha posição precisa usar muito mais a cabeça do que o braço”, afirma.

 

 

A comandante é responsável por orientar a navegação, seguir a legislação de onde navega, desenhar estratégias para a organização e percurso da carga, e, principalmente, administrar sua equipe.

 

 

O principal desafio é conciliar relações pessoais – dentro e fora do navio. Daisy alterna períodos de 56 dias no mar e 56 na terra. “Você tem que aprender a lidar com o turbilhão de emoções que é estar o dia todo com as mesmas pessoas”, diz. “Não tem a opção de ter algum desentendimento e ir para casa como a maioria dos trabalhos”. Por isso, ela conta, é importante conquistar o respeito da equipe. “Sou firme quando preciso ser”, afirma.

 

 

Quando está em terra, a comandante, nascida em Belém (PA), mora em Fortaleza (CE) com seu marido, também comandante da Aliança. “Hoje a minha família entende, mas eles ainda sentem muita saudade”, diz.

 

 

Apesar de ter ultrapassado barreiras, ser uma das únicas mulheres na profissão ainda é um “peso” para a comandante. “Sinto uma pressão e responsabilidade por ser a primeira”, afirma. “Você acaba se destacando mais e por isso mesmo quero mostrar a todos e a outras mulheres que é possível.”

 

 

Segundo Daisy, é uma profissão com sacrifícios tanto para homens quanto para as mulheres. “Ter ou não filhos era uma questão que antes afastava apenas as mulheres, mas hoje é um tema discutido por todos”, diz. “Ainda falta mulher, mas, desde que comecei, a área se torna cada vez mais aberta a nós.”

(Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2019/09 – CARREIRA / NOTÍCIA / POR ÉRICA CARNEVALLI – 06/09/2019)
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