Doreen Massey, feminista e socialista, ela trabalhou com temas envolvendo a Geografia Feminista, Geografia Cultural e Geografia Marxista

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Colaborou com alguns dos mais importantes autores da geografia marxista.

 

Doreen Barbara Massey (Manchester, Inglaterra, 3 de janeiro de 1944 – Kilburn, Londres, 11 março de 2016), geógrafa feminista inglesa, era professora emérita de Geografia na Open University (Inglaterra). Nascida em 3 de janeiro de 1944 em Manchester, Inglaterra, em uma família de classe operária, Massey tinha compromisso político em suas ações, inclusive no trabalho acadêmico na Open University. Feminista e socialista, ela trabalhou com temas envolvendo a Geografia Feminista, Geografia Cultural e Geografia Marxista.

Colaborou com alguns dos mais importantes autores da geografia marxista. Sua obra foi fundamental para a configuração da geografia atual, e fortemente impulsionou a reflexão sobre o espaço em todas as disciplinas sociais.

Dentre muitos prêmios e honras em que foi ganhadora, um deles foi o prêmio Vautrin Lud, o “Nobel” da Geografia, em 1998.

Seus interesses, referentes à teoria do espaço e do lugar, incluem a visão crítica da globalização, o desenvolvimento regional desigual, a relevância do local e o compromisso político da análise geográfica. Reconceituou o significado de “lugar” e inventou o conceito de “geometria do poder”. Este conceito lhe serviu para explicar as desigualdades sociais, geradas pela economia capitalista, a partir de uma análise geográfica.

Massey nasceu em Manchester, estudando na Universidade de Oxford e na Universidade da Filadélfia. Começou sua carreira no Centre for Environmental Studies (CES), em Londres. No CES desenvolveu numerosas análises da economia britânica contemporânea.

Quando o CES foi fechado pelo governo de Margaret Thatcher, em 1979, Massey transferiu-se para a Open University, uma universidade pública a serviço da classe trabalhadora. Em 1994, foi premiada com a Medalha Vitória de Geografia, prêmio concedido pela Sociedade Geográfica (Royal Geographical Society). Em 1998, recebeu o prêmio Prix Vautrin Lud, conhecido como Nobel de Geografia.

Alguns poucos artigos foram traduzidos para o português e publicados no Brasil, como por exemplo, “Um Sentido Global do Lugar”, publicado no livro “Espaço e Diferença”; “Pensamentos Itinerantes”, publicado recentemente na Revista Terra Livre, n. 27 e o artigo “Filosofia e Política da Espacialidade: algumas considerações”, publicado na Revista GEOgraphia, n. 6, da UFF. Em 2008 foi publicado, em português, a primeira edição do livro “Pelo Espaço: Uma Nova Política da Espacialidade”, uma tradução do livro original “For Space” (2005). Seus artigos e livros feministas não estão traduzidos no Brasil.

Por sua contribuição dada para distintas vertentes teóricas e áreas temáticas da disciplina, o falecimento de Massey é fortemente sentido pela comunidade geográfica. Neste momento, torna-se oportuno recuperar do pensamento socioespacial da geógrafa sua insistência no caráter contingente da realidade e sua compreensão do ‘lugar’ como uma esfera do encontro das distintas e múltiplas trajetórias. As marcas do pensamento e ação de Massey como geógrafa feminista e socialista na Geografia mantêm-se, portanto, vivas em nossos cotidianos acadêmicos e embates políticos, fazendo-nos crer nas suas formulações sobre a possibilidade de alcance de novas configurações nas geometrias de poder, de uma emancipação politizada das diferenças e no desenho de paisagens políticas mais desafiadoras e expandidas para a realidade socioespacial.

Doreen Massey nos deixa um grande legado para pensarmos o espaço, para ela: “importa o modo com pensamos o espaço; o espaço é uma dimensão implícita que molda nossas cosmologias estruturantes. Afeta o modo como entendemos a globalização, como abordamos as cidades e desenvolvemos e praticamos um sentido de lugar. Se o tempo é a dimensão da mudança, então o espaço é a dimensão social. E isso é ao mesmo tempo um prazer e um desafio” (MASSEY, “Pelo Espaço”, 2008).

Entre suas obras publicadas em castelhano estão: “Ciudad Mundial” e “Doreen Massey: un sentido global del poder”. Também participou do livro “Pensar este tiempo”, organizado por Ernesto Laclau e Leonor Arfuch.

Pode-se observar a aplicação prática do conceito de “geometria do poder” em experiências organizacionais como os Conselhos Comunais, desenvolvidos na Venezuela. Por esta razão, em diferentes ocasiões, Massey visitou a Venezuela para poder analisar a evolução prática de suas teorias.

Seu trabalho acadêmico se baseia na ideia de que se deve teorizar rente ao chão, com conceitos de ida e de volta, que devem chegar ao destinatário e, em seguida, retornar para continuar trabalhando sobre eles.

Durante a década de 1980, passou uma curta temporada, em Nicarágua, trabalhando com os sandinistas no Instituto Nacional de Investigação Econômica e Social. “Foi meu primeiro ingresso nas alternativas latino-americanas”, relembra com alegria. “Aprendi mais deles do que pude ajudá-los”.

Recentemente, visitou Buenos Aires, convidada pela Secretaria de Cultura da Nação, para participar do ciclo “Debates y Combates en Tecnópolis”, junto com Ernesto Laclau e outros cientistas políticos.

Ao finalizar a entrevista, surpresa, Massey comenta que várias pessoas com as quais cruzou, durante sua estadia na Argentina, disseram-lhe que certamente Buenos Aires gostaria dela, pois se parece com uma “cidade europeia”. “Na verdade é algo que não posso entender, é como ser subordinados, desmerecendo o latino-americano. É como não ter confiança para ser você mesmo. É quase um assunto de autoestima, despreza-se o que existe aqui e busca-se referência fora”.

No mundo, com os vínculos financeiros, ou na intimidade, com a diferença entre a cozinha e um escritório. A pesquisadora britânica propõe outra visão sobre os espaços: a que se relaciona com o poder. É desta forma que analisa o neoliberalismo, a globalização e a multipolaridade. Reivindica os novos espaços de poder na América Latina, e fala sobre a maneira como seus conceitos teóricos são aplicados nas reformas territoriais da Venezuela.

Doreen Massey faleceu em Kilburn, Londres, em 11 março de 2016, aos 72 anos.

(Fonte: https://lagente.iesa.ufg.br – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG)

(Fonte: INSTITUTO HUMANISTAS UNISINOS/ Por: Jonas | 03 Novembro 2012)

A entrevista é de Verónica Engler, publicada no jornal Página/12, 29-10-2012. A tradução é do Cepat.

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