A a primeira indígena nativo-americana a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz e também a primeira a ganhar um Globo de Ouro

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Oscar 2024 bate recorde de representatividade e inclusão: entenda o motivo

Lily Gladstone, a primeira indígena nativo-americana a ser indicada ao Oscar de melhor atriz

 

Ela interpreta Mollie em "Assassinos da Lua das Flores", de Martin Scorsese, uma indígena que se casa com um branco envolvido com um esquema assassino. Reprodução / IMDB

Ela interpreta Mollie em “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, uma indígena que se casa com um branco envolvido com um esquema assassino.
Reprodução / IMDB

 

Ela interpreta Mollie Burkhart, mulher que viu integrantes de sua tribo e seus familiares serem assassinados pelos brancos

Após novas políticas de inclusão, premiação bate recordes e inicia caminho de mudança.

Lily Gladstone foi a primeira nativa americana a concorrer ao prêmio de Melhor Atriz. (Foto: REUTERS)

 

 

Entre Robert de Niro e Leonardo DiCaprio, uma mulher se sobressai sutilmente. É Lily Gladstone, a primeira indígena nativo-americana a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz e também a primeira a ganhar um Globo de Ouro em 81 anos de história de premiação.

Personagem-chave de Assassinos da Lua das Flores, mais recente filme de Martin Scorsese que retrata a sorrateira dizimação da tribo Osage pelos brancos americanos no início da década de 1920, ela imprime à trama o sofrimento, a solidão e a força da mulher indígena.

Por que rasteira dizimação? A tribo Osage tornou-se rica ao descobrir que a terra onde viviam, em Oaklahoma, centro-oeste dos Estados Unidos, era uma farta reserva de petróleo. Isso levou os brancos a uma conspiração para se aproximarem dos indígenas, em um aparente convívio amigável, mas que servia para tirar-lhes o dinheiro e a vida.

É nesse episódio real, registrado no livro homônimo do jornalista David Grann, que o filme de Scorsese se baseia. Há algo ainda mais escabroso: alguns homens brancos casavam-se com as indígenas para ficarem com suas fortunas. Em alguns casos, matavam-nas.

A personagem de Lily Gladstone revive a história de terror —mas real — da indígena Mollie Burkhart, que casou-se com um branco que fazia parte da conspiração para assassinar indígenas. Ernest Burkhart é interpretado por Leonardo DiCaprio, um homem acostumado às farras, trapaças e a ter uma conduta inadequada para ganhar dinheiro. De personalidade rude e submissa, ele faz qualquer coisa que o tio mandar — esse, sim, poderoso e manipulador, interpretado por Robert de Niro.

Sem saber que levou o inimigo para dentro de casa, Mollie assiste os integrantes da tribo Osage serem assassinados um por um, das mais diversas formas, inclusive suas irmãs, todas mantendo relacionamentos com homens brancos. Ernest, embora ciente dos planos do tio de conquistar todas as riquezas dos Osage, parece ter verdadeira afeição por Mollie e pela família que formaram, com direito a três filhos.

Com uma feição complacente, exibindo uma nesga de sorriso no canto do rosto e um olhar profundo, Lily Gladstone dá vida à uma mulher indígena que parece estar cega para a ligação do marido e do tio com os crimes que estão acontecendo. Mas é ela que, mesmo acometida por uma doença misteriosa que a deixa de cama, procura ajuda das autoridades para que investiguem a mortandade de sua tribo.

Lily Gladstone tem 37 anos e é natural da reserva Blackfeet, no estado de Montana, nos Estados Unidos. Seu pai é indígena, enquanto sua mãe é branca. Começou a criar afeição pelo teatro e pelo cinema na infância. Mudou-se com a família para Seattle, onde passou a estudar atuação, a fazer testes para produções independentes.

Em vez de se mudar para Nova York ou Los Angeles, como os que desejam a fama, ela seguiu estudando atuação em Montana. Atuou no filme independente Certas Mulheres (2016) e Fancy Dance (2023), este ainda não disponível no Brasil.

— Acho que as pessoas torcem por pessoas que vêm da base e têm esse momento de palco global, esse sonho se tornando realidade. Isso é algo que desejo a todos em algum momento de suas vidas, em qualquer forma que assuma, e também aos povos indígena — disse ela, em entrevista ao New York Times.

Ela é a primeira indígena nativo-americana a ser indicada à estatueta de melhor atriz no Oscar, mas há outras indígenas antes dela na história da maior premiação da indústria cinematográfica.

A indígena mexicana Yalitza Aparicio, de Roma (2018), dirigido por Alfonso Cuáron, também foi indicada, mas quem levou a estatueta foi Olivia Colman.

No ano de 2024 teremos o Oscar de maior representatividade na história da premiação. Já é possível encontrar na internet algumas pessoas reclamando bastante do teor representativo, então nesta matéria de hoje iremos explicar detalhadamente o que exatamente isso tudo significa.

Historicamente, o Oscar tem sido criticado por sua falta de diversidade. Quando completou 90 anos de premiação, apenas 40 dos quase 3.000 premiados foram pessoas negras. A representatividade de outras minorias é ainda mais escassa. Por exemplo, em quase um século, somente sete mulheres foram indicadas para Melhor Direção, e apenas em 2010, Kathryn Bigelow tornou-se a primeira mulher a ganhar este prêmio com “Guerra ao Terror”.

Em 2020, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou uma mudança significativa: a inclusão de critérios de representatividade como pré-requisito para a elegibilidade nas categorias principais. Isto gerou controvérsia, especialmente entre grupos conservadores, mas muitos críticos não se aprofundaram nas nuances das novas regras.

Para concorrer a Melhor Filme, uma produção deve atender a pelo menos um de quatro padrões de inclusão. O Padrão A exige que um personagem significativo pertença a um grupo subrepresentado ou que 30% do elenco seja composto por tais grupos, incluindo mulheres. O Padrão B foca na equipe técnica, exigindo a mesma porcentagem de inclusão. O Padrão C obriga a oferta de estágios ou aprendizagens remuneradas para pessoas de grupos sub-representados pelas empresas de produção, distribuição ou financiamento. Por fim, o Padrão D requer executivos seniores de grupos sub-representados nas equipes de marketing, publicidade ou distribuição.

Vale lembrar, no entanto, que ao contrário do que espalharam os críticos fervorosos à ideia, um filme precisa seguir apenas um dos quatro padrões citados acima – e, convenhamos, ter políticas de inclusão mínimas na equipe técnica não é nenhum terror ou tarefa impossível para grandes estúdios, não é mesmo?

Esta mudança já refletiu nos indicados de 2024. Lily Gladstone fez história como a primeira nativa americana indicada para melhor atriz em “Assassinos da Lua das Flores”. Colman Domingo tornou-se o primeiro afro-latino indicado a melhor ator por “Rustin”, marcando também a primeira vez na história que dois atores negros concorrem simultaneamente nesta categoria, com exceção de Denzel Washington e Will Smith.

 

 

 

Colman Domingo é o primeiro afro-latino a concorrer na categoria de Melhor Ator. Foto: Instagram/Television Academy / Pipoca Moderna

Colman Domingo é o primeiro afro-latino a concorrer na categoria de Melhor Ator. Foto: Instagram/Television Academy / Pipoca Moderna

 

Jodie Foster e Colman Domingo, ambos abertamente LGBT, foram indicados por interpretarem personagens LGBT, marcando também a primeira vez que isso acontece nesta quantidade. Além disso, Celine Song é a primeira mulher asiática indicada para melhor roteiro original por “Vidas Passadas”.

Nos últimos 3 anos, nenhuma mulher havia sido indicada à categoria de Melhor Roteiro Original, mas agora tivemos logo 3: Justine Triet em Anatomia de Uma Queda, Samy Burch em Segredos de um Escândalo, e a própria Celine Song.

Os filmes envolvidos foram universalmente elogiados, demonstrando que esta inclusão não compromete a qualidade artística. Este avanço na representatividade é um passo importante na indústria cinematográfica, embora ainda haja um longo caminho a percorrer. Mas queremos saber de você: qual sua opinião sobre isso tudo? Deixe aqui nos comentários e não esqueça de continuar nos acompanhando para mais conteúdos.

(Créditos autorais: https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/colunistas/ DIVERSÃO/ ENTRE TELAS/ COLUNISTAS/ por Ygor Palopoli/oscar-2024- 24 jan 2024)

Fonte: Ygor Palopoli

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(Créditos autorais: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/cinema/noticia/2024/01 – GAÚCHA ZH/ CULTURA E LAZER/ CINEMA/ NOTÍCIA – 23/01/2024)

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