O brasilianista John Burdick, foi pioneiro no estudo sobre a ascensão dos evangélicos
John Burdick (Massachusetts, – Estados Unidos, 4 de julho de 2020), antropólogo norte-americano, autor de estudos sobre raça, religião e movimentos sociais no Brasil.
John Burdick nasceu em Massachusetts, era professor de antropologia da Syracuse University, EUA. John viveu na Baixada Fluminense na década de 80, era conhecido entre nós no Brasil pelas suas pesquisas engajadas e tom militante. Burdick veio ao Brasil pela primeira vez em 84 influenciado pela Teologia da Libertação.
John Burdick foi inovador na sua pesquisa, discutindo relações entre pentecostalismo e identidade negra no Brasil. Burdick também pesquisou sobre o Movimento Negro Evangélico, levando a luta dos negros cristãos para o campo acadêmico. Atualmente John Burdick estava liderando um projeto que busca contribuir para discussões de políticas internacionais sobre moradias populares em todo mundo. Reunindo antropólogos, um geógrafo, um arquiteto / urbanista e um defensor da habitação, no centro do Rio de Janeiro.
Professor da Universidade Syracuse, no estado de Nova York, ele se destacou como um dos pioneiros no estudo da ascensão das igrejas evangélicas. É o tema de seu único livro publicado no país, “Procurando Deus no Brasil” (Mauad, 1999), resultado de sua pesquisa de doutorado.
Quando criança, Burdick foi influenciado pelos movimentos de esquerda religiosos após de participar, em Nova York, do Camp Kinderland, fundado por judeus progressistas. Trata-se de um acampamento de férias onde estudantes convivem em um ambiente de cooperação e aprendem sobre justiça social.
Como jovem pesquisador influenciado pela Teologia da Libertação, em 1984 viajou pela primeira vez ao Brasil. Acreditava que iria testemunhar proliferação das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) a partir da redemocratização do país. Essa visão romântica não durou muito. Em vez de núcleos engajados da esquerda católica, o jovem antropólogo se deparou com a proliferação das igrejas pentecostais nas regiões pobres do Rio. O resultado está no doutorado defendido em 1990, sob a orientação de Eric Wolf, em que buscou explicar por que a Igreja Católica perdia fiéis para outras denominações cristãs, movimento que perdura até hoje.
No segundo livro, “Blessed Anastácia” (Bendita Anastácia), de 1998, Burdick aprofundou o seu mergulho na religiosidade das favelas cariocas. Sem medo de enfrentar perguntas difíceis, investigou como se dá a formação da consciência racial entre as mulheres negras filiadas a igrejas evangélicas, tradicionalmente hostis às religiões afro-brasileiras.
Com mais de duas décadas de atraso, o livro deverá ser lançado no Brasil no ano que vem, pela Edições Malungo. Na sua obra mais recente, “Color of Sound” (cor do som), de 2013, Burdick prosseguiu na investigação sobre a intersecção entre relações raciais e religião, desta vez por meio do movimento da música gospel em São Paulo.
Junto com trabalho acadêmico, Burdick nunca abandonou o ativismo iniciado na juventude. No Brasil, sempre apoiava os movimentos sociais por onde passava.
John Burdick faleceu em 4 de julho de 2020, aos 61 anos. Burdick morreu de câncer, diagnosticado há oito meses. O professor morreu em 4 de junho de 2020, nos Estados Unidos, após uma batalha de 8 meses com um cancro extremamente agressivo.
(Fonte: Zero Hora – ANO 57 – N° 19.759 – 10 JULHO 2020 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 30)
(Fonte: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/viver/2020/07 – ACADÊMICO / Por: FolhaPress – 05/07/2020)