Gianluigi Colalucci, restaurador italiano, que liderou na década de 1980 a restauração e limpeza dos afrescos da Capela Sistina, realizados por Michelangelo, responsável pela chamada “restauração do século”, que revelou as cores brilhantes e originais da obra-prima renascentista

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Responsável por ‘restauração do século’ na Capela Sistina

Colalucci, responsável pela chamada “restauração do século”, que revelou as cores brilhantes e originais da obra-prima renascentista, dirigiu pessoalmente a limpeza da Capela Sistina, iniciada em 1980 e concluída em 1994

Gianluigi Colalucci em 1991, durante seu trabalho na Capela Sistina. (CRÉDITO DA FOTOGRAFIA: Cortesia Enrica Scalfari/AGF/Shutterstock)

 

Gianluigi Colalucci (nasceu em 24 de dezembro de 1929, em Roma – faleceu em 28 de março de 2021, em Roma), artista italiano, ficou conhecido por ter liderado a restauração dos afrescos de Michelangelo (1475-1564) na Capela Sistina, no Vaticano.

O restaurador italiano, que liderou na década de 1980 a restauração e limpeza dos afrescos da Capela Sistina, realizados por Michelangelo, responsável pela chamada “restauração do século”, que revelou as cores brilhantes e originais da obra-prima renascentista, dirigiu pessoalmente a limpeza da Capela Sistina, iniciada em 1980 e concluída em 1994, após intensos anos de trabalho.

O mestre restaurador entrou para a história da restauração ao decidir retirar a milenar camada de sujeira formada pela fumaça das velas de sebo, cera e fuligem, o que mudou a percepção da obra de Michelangelo. Assim, foi descoberta uma série de nuances e cores que estavam ocultas por causa de outras restaurações e atos de censura.

Colalucci também mudou a história da arte no que diz respeito à figura de Michelangelo, tanto que se dizia que “todo livro sobre Michelangelo deveria ser reescrito”.

A restauração completa foi financiada também pela TV japonesa, a Nippon Television, que contribuiu com 4,2 milhões de dólares, em troca dos direitos de gravar o trabalho, algo inédito na época para o Vaticano.

Colalucci foi o chefe da equipe que, entre 1980 e 1994, debruçou-se sobre uma das obras mais famosas do Renascimento, pintada por Michelangelo entre 1508 e 1541.

Ainda no fim dos anos 1970, o Vaticano deu início à recuperação da Capela Sistina, em especial os afrescos de Michelangelo — tanto o teto quanto o Juízo Final, feito posteriormente na parede do altar. Sob tensão, o mundo das artes voltou os olhos para o templo católico construído no século XV sob os auspícios do papa Sisto IV, de quem advém o nome.

A preocupação era legítima: e se os restauradores causassem danos irreversíveis a uma das maiores joias do Renascimento? Sob a batuta de Colalucci, foram removidas sujeira, fuligem e cera acumuladas por séculos. Durante os trabalhos, os técnicos ficaram sob o escrutínio de especialistas em arte. A maior preocupação era a eventual remoção dos retoques de tinta seca que Michelangelo teria feito depois da obra terminada, já que pinceladas assim não resistem nem mesmo à água.

A longa e complexa restauração permitiu reaplicar as partes destacadas do pigmento e lavar a tinta escurecida com solventes e água destilada para realçar o brilho das cores das obras.  “É um dia triste para os Museus do Vaticano e para o mundo da restauração. Um grande homem, um grande profissional, um dos maiores restauradores do século XX nos deixou”, afirmou diretora dos museus, Barbara Jatta.

Obra recebeu críticas na época

Colaliucci nasceu em Roma, em uma família de advogados, e formou-se no Instituto Central para a Restauração de Roma. Iniciou a sua atividade profissional no Laboratório de Restauro da Galeria Nacional da Sicília, preservando uma grande quantidade de obras de arte, passando posteriormente a trabalhar em Creta e Pádua. Nos anos 1960, entrou no Laboratório de Restauração de Pinturas dos Museus do Vaticano e em 1979 tornou-se o seu principal restaurador.

Seu trabalho, no entanto, não foi imune a críticas. “Tive muito apreço por Colalucci, conheci-o ainda antes de se tornar famoso pela restauração da Capela Sistina, obra para a qual se encontrava no centro de grande polêmica”, lembrou Claudio Strinati, historiador de arte italiana. “Mas quem o atacou e apontou o dedo ao seu trabalho errou. Sempre achei que era um trabalho bem feito.”

Strinati lembrou que muitos críticos o acusaram de ter “exagerado na limpeza dos afrescos e ter tornado as cores muito brilhantes.”  “Colalucci sempre respondeu de forma serena mas firme, explicando os detalhes técnicos com meticulosidade. Depois de tantos anos, acredito que figuras como Colalucci também devem ser reconhecidas por terem sido o expoente de uma forma de administrar e responder a acusações de maneira sempre civilizada e nobre.” 

Gianluigi Colalucci faleceu no último domingo, 28, aos 92 anos, em Roma, de acordo com comunicado divulgado pelos Museus do Vaticano nesta segunda-feira, 29.

“O mestre Gianluigi Colalucci morreu esta noite. Foi ele quem dirigiu o trabalho de restauração dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, considerada por muitos como a restauração do século. É graças à sua coragem e talento que hoje as cores da abóbada e do Juízo Final de Michelangelo aparecem em todo o seu esplendor deslumbrante”, escreveu a equipe dos Museus do Vaticano nas redes sociais.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / Da Redação – 29/03/2021)

(Créditos autorais: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2021/03 – Correio Braziliense/ MUNDO/ por Agência France-Presse – 29/03/2021)

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