Kerenski (1881-1970), socialista moderado, Alexander Fiodorovich Kerenski, o último dos personagens importantes da Revolução de Outubro de 1917. Ele foi o lixo da História (Trótski), um pequeno pavão (Lênin). Teve muito tempo e poucos recursos para modificar a opinião dos inimigos que o expulsaram do poder, num fulminante golpe de Estado de 24 horas. Incapaz de fazer as reformas, reticente em negociar uma paz em separado com a Alemanha, ele fugiu da Rússia disfarçado de enfermeira e durante 52 anos de exílio político escreveu uma História no condicional. Se os Estados Unidos tivessem me ajudado, se tivéssemos conseguido negociar com a Alemanha, a Rússia Soviética não existiria, disse Kerenski nos seus livros e nas conferências com que ganhou a vida na Inglaterra, França e Estados Unidos (onde morava desde 1919).
Após dirigir o grupo de trabalho na Quarta Duma, em março de 1917 se juntou ao Governo Provisório como um representante da social-revolucionários. Até maio, ele teve a carga do Ministério da Justiça, depois da Guerra e Ministério da Marinha, antes de assumir o cargo de primeiro-ministro em Julho. Anti-comunista profissional, passou a descrer, nos últimos anos, do seu próprio trabalho: O comunismo russo sucumbirá, mas não através da propaganda e sim pela própria ordem natural das coisas. O líder dos cem dias (seu agitado ministério durou de 21 de julho a 17 de outubro de 1917) estava quase cego e com câncer quando entrou no Hospital São Lucas, em Nova York, dia 24 de abril, depois de ter quebrado o braço direito e a bacia numa queda acidental em casa. Sua companheira de muitos anos, a Condêssa Fira Llinska, anunciou que Kerenski morreu suavemente dia 11 de junho de 1970.
(Fonte: Veja, 17 de junho, 1970 Edição n.° 93 DATAS – Pág; 39)