Aos 18, campeão olímpico dos 100 m livre
Kyle Chalmers (Port Lincoln, Austrália, 25 de junho de 1998), atleta olímpico australiano
Em 2014, Kyle Chalmers, 18, terminava em penúltimo as semifinais dos 100 m livre dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China. Com uma marca de 50s92, ele estava longe de se inserir na elite mundial.
Na quarta-feira (10/08/2016), duas temporadas e três segundos e meio depois, o mesmo Chalmers se tornou campeão olímpico da prova, a mais nobre da natação mundial.
O australiano triunfou no Rio com a marca de 47s58, novo recorde mundial júnior, deixando para trás o belga Pieter Timmers (prata) e o norte-americano Nathan Adrian (bronze), que defendia o título.
“Eu ainda não consigo acreditar no que fiz”, afirmou o jovem. “Eu realmente não acreditava que poderia ir para o pódio.”
A escalada de Chalmers é impressionante. De mero semifinalista em Nanquim, no ano passado ele se tornou campeão mundial júnior. Agora, chegou ao Olimpo. A Austrália, segunda maior potência mundial na natação, atrás somente dos EUA, não tinha um campeão olímpico dos 100 m livre desde os Jogos da Cidade do México, em 1968.
“Eu nem sabia que há tantos anos não tínhamos um campeão, para ser honesto. Sou alguém que não acompanha muito natação, prefiro me desligar e acompanhar mais basquete e futebol”, disse ele, que no domingo havia sido bronze no revezamento 4 x 100 m livre com a equipe australiana.
O mais incrível é que ele sofre de arritmia cardíaca. Para controlá-la, ele se submete a tratamento regular. Chalmers chegou a se submeter a uma cirurgia em 2015, mas ela não corrigiu o problema. Portanto, ele terá de passar por outra operação. Quando os batimentos disparam, o nadador costuma sentir enjoo.
Fã de futebol australiano, ele costumava se dedicar ao esporte até que em maio de 2015 quebrou o tornozelo e o pulso em uma recreação. Indagado se preferia deixar a natação para se concentrar no futebol, ele optou pela piscina. Recebeu ordens, então, de nunca mais disputar o hobby.
O brasileiro Marcelo Chierighini disputou a final dos 100 m livre e terminou em oitavo lugar. Uma posição à frente ficou outro australiano, Cameron McEvoy, considerado o maior favorito ao ouro.
Por respeito ao compatriota, Chalmers disse que não comemoraria muito. Ambos dividem o quarto e o jovem disse que McEvoy tem sido seu tutor no Rio de Janeiro.
Isso não quer dizer que o agora campeão olímpico não tenha se preparado para seu debute em Jogos Olímpicos. Ele largou a escola brevemente para treinar o máximo possível e recorreu até ao ioga para se aprimorar.
“Eu fiz tudo o que podia para me ajudar. Antes de vir para a Olimpíada, eu não tinha noção de que vencer era possível e por isso estou muito grato”, comentou.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/esporte/olimpiada-no-rio/2016/08 – ESPORTE/ OLIMPÍADA NO RIO 2016/ Por MARIANA LAJOLO e PAULO ROBERTO CONDE /ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO – 11/08/2016)