Primeira mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal no país

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Abby Moreira, primeira mulher trans a se tornar guarda municipal

A servidora, estava cedida à Secretaria de Direitos Humanos.

Em 2022, ela denunciou que sofria transfobia na corporação.

Abby Silva Moreira denunciou transfobia em 2022 — (Foto: Reprodução/WhatsApp)

 

Primeira mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal no país, em 2017, Abby Silva Moreira era concursada da Guarda Municipal e estava cedida à Secretaria de Direitos Humanos do município.

Guarda municipal denunciou transfobia

Primeira e única mulher trans a assumir o cargo de guarda municipal em Jaboatão dos Guararapes, Abby foi afastada das atividades de rua em fevereiro de 2022 e denunciou que vinha sofrendo transfobia. Na época, ela contou ao g1 que teve gratificações salariais cortadas, mesmo sendo concursada.

Abby também relatou que seguia tratamento para depressão e o quadro se agravou desde 2021, devido à transfobia da qual era vítima e que resultou em duas internações psiquiátricas. Após a denúncia, o então comandante da Guarda Municipal de Jaboatão, Admilson Silva de Freitas, foi exonerado.

Militante pelos direitos das pessoas trans e LGBTQIA+

Abby Moreira era uma militante pelos direitos da população LGBTQIA+ e em sua trajetória para viver como mulher trans enfrentou diversos preconceitos e muitos desafios.

Em 2017, participou de uma campanha da ONG Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero pelos direitos da população LGBTQIA+. Num podcast gravado para a campanha “Gestos pela Igualdade”, Abby contou como foi o percurso até conseguir viver sua identidade de gênero.

Nascida no Rio de Janeiro, de família religiosa, Abby contou que desde os 4 anos sabia que seu corpo não refletia a sua identidade, mas apenas em 2014 conseguiu iniciar o processo de transição de gênero. “Nunca me vi como homem, sempre me vi como mulher”, disse.

Abby contou também que demorou para conseguir se aceitar. Casou-se aos 18 anos, ainda vivendo com o gênero masculino – numa relação que continuou por toda a vida. Formada em administração de empresas, Abby contou que foi empresária (dona de gráfica), escrevia poesias e atuava como guarda municipal em Jaboatão dos Guararapes – cargo que assumiu após a transição de gênero.

Também no podcast da Gestos, Abby disse que enfrentou diversos tipos de preconceito.

“Já sofri preconceito em transporte público; pessoas já se negaram a sentar ao meu lado e segui a viagem inteira sentada sozinha. Já ouvi piadas e agressão. Isso dói muito. (…) Não é possível fechar os olhos para a população LGBT. Somos o país que mais mata pessoas LGBT no mundo; que mais mata mulheres trans no mundo. Não dá pra esquecer que a população trans é uma população excluída da sociedade, excluída de trabalhos, excluída do sistema de educação. Não dá pra fechar os olhos para uma população que sofre, é marginalizada. A sociedade precisa conhecer nosso direito, precisa nos aceitar, porque nós existimos“, disse.

A prefeitura do Jaboatão dos Guararapes também divulgou nota lamentando o falecimento de Abby Moreira. “Abby destacou-se não só por ter sido a primeira guarda municipal trans de Pernambuco, mas por ter encampado uma causa social. A prefeitura colocou as secretarias de Assistência Social e Direitos Humanos para prestar todo apoio à família. Aos familiares e amigos, a nossa solidariedade e que Abby descanse em paz”, diz o texto.

 

 

Abby Silva Moreira faleceu no sábado (24), aos 46 anos, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Segundo a prefeitura da cidade, ela teve um mal súbito enquanto dormia em sua residência, no bairro de Candeias. A causa da morte será investigada pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).

De acordo com a prefeitura, a família informou que ela se levantou à noite para tomar água, voltou a dormir e não despertou mais.

A gestão municipal disse que foi informada pelos parentes por volta das 8h30. Abby deixa a esposa, com quem era casada há 28 anos, e um filho.

Entidades lamentam morte da ativista Abby Moreira

A ONG Arco, de Jaboatão dos Guararapes, ressaltou que Abby era uma ativista singular e fará falta. “É com muito pesar que recebemos a notícia da partida tão repentina de Abby Moreira, primeira guarda municipal trans de Pernambuco, e uma das únicas do Nordeste. Abby era uma ativista singular que vai fazer muita falta por toda a luta que ela representou”, disse a Arco.

O Conselho LGBT de Pernambuco destacou que Abby foi presidenta e secretária do Conselho Municipal LGBT de Jaboatão, militante da Amotrans (Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco) e dos movimentos de pessoas Trans e Travestis em Pernambuco. “Nesse momento de profunda dor manifestamos condolências aos familiares e amigos”, disse a nota da entidade.

Jô Meneses, coordenadora de programas institucionais da ONG Gestos também lamentou a perda da ativista Abby Moreira. “A Gestos foi surpreendida com a notícia. Abby era uma militante que contribuiu muito com a luta pelos direitos da população LGBTQIA+ e ajudou a fortalecer esses direitos, especialmente no município de Jaboatão – onde se tornou uma voz em defesa das mulheres trans. Estamos muito tristes com a notícia”, disse.

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2023/06/24 – PERNAMBUCO/ NOTÍCIA/ Por g1 PE – 

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