Soumitra Chatterjee (1935 – 2020), lenda do cinema indiano
Com mais de 200 filmes no currículo, o ator é lembrado principalmente por suas 15 parcerias com o cineasta Satyajit Ray, que ganhou até um Oscar pelo conjunto da carreira
Soumitra Chatterjee (Bengali, Krishnanagar, 19 de janeiro de 1935 – Calcutá, 15 de novembro de 2020), ator indiano, era lenda do cinema indiano que estrelou mais de 300 filmes em seis décadas.
Com uma carreira construída ao longo de 60 anos, Chatterjee é lembrado principalmente por suas parcerias com Satyajit Ray. Eles trabalharam juntos em 15 filmes, sendo os mais famosos deles os clássicos ‘O Mundo de Apu’ (1959), ‘A Esposa Solitária’ (1964), ‘Dias e Noite na Floresta’ (1970), ‘A Casa e o Mundo’ (1964) e ‘O Inimigo do Povo’ (1989).
Grande parceiro do diretor vencedor do Oscar Satyajit Ray (1921-1992), ele desempenhou papéis importantes em 14 filmes do cineasta entre 1959 e 1990, incluindo a aclamada “Trilogia Apu”. Sua estreia no cinema foi no final da saga, intitulada “O Mundo de Apu”, em 1959.
A parceria inclui algumas obras-primas, como “A Esposa Solitária”, que rendeu a Satyajit Ray o Urso de Prata de Melhor Diretor no Festival de Berlim de 1964, e “Trovão Distante”, vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Berlim de 1973.
Já o maior sucesso comercial de sua carreira foi “Teen Bhubaner Parey”, de 1969, que também sinalizou o nascimento de um novo tipo de herói do cinema da região de Bengala Ocidental. Como um jovem desempregado e desiludido com o sistema, Chatterjee refletiu como poucos seu tempo, uma era problemática que marcou a vida de milhões de jovens bengalis. Embora o filme tenha sido em essência um drama romântico, o ator incorporou o tom e o jeito dos jovens rebeldes da época. Seu personagem, Montu, acabou se tornando inspiração para uma geração de heróis bengalis e até mesmo de Bollywood.
Ao se graduar para papéis mais maduros na década de 1980, voltou a brilhar no clássico cult “Kony” (1984), em que interpretou um severo treinador de natação para uma jovem das favelas de Calcutá, e em “Atanka” (1986), como um professor aposentado que testemunha um assassinato político e decide denunciá-lo, sendo sujeitado a horrores apenas por fazer a coisa certa.
Além de seus papéis em Tollywood, a indústria do cinema bengali, Chatterjee também foi um poeta talentoso, dramaturgo e ator de teatro.
Sua projeção ultrapassou fronteiras. Chatterjee foi a primeira personalidade do cinema indiano a ser homenageado com a Ordem das Artes e Letras, o maior prêmio francês para artistas, que ele recebeu em 1999. A França voltou a homenageá-lo mais recentemente, em 2017, com o maior prêmio civil do país, tornando-o Cavaleiro da Legião de Honra.
Mesmo distante de Bollywood, em 2012 Chatterjee foi premiado com o Dada Saheb Phalke Award, honraria máxima do cinema indiano. Em 2017 ele se tornou a primeira personalidade do cinema indiano premiada com a Ordre des Arts et des Lettres, o prêmio mais prestigioso da artes francesas.
Soumitra Chatterjee faleceu em 15 de novembro de 2020, em Calcutá aos 85 anos, de complicações de saúde relacionadas a covid-19.
Chatterjee morreu na Clínica Belle Vue, onde estava desde 6 de outubro após testar positivo para coronavírus. Complicações relacionadas à infecção pelo vírus contribuíram para sua morte.
“A morte de Shri Soumitra Chatterjee é uma perda colossal para o mundo do cinema, para a vida cultural de Bengala Ocidental e da Índia”, disse o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em suas redes sociais.