Grappelli era um dos últimos românticos do jazz
Stéphane Grappelli (Paris, 26 de janeiro de 1908 – Paris, 1° de dezembro de 1997), violinista de jazz francês, era um dos últimos românticos do jazz.
Durante quase 70 anos de carreira Grappelli imprimiu a delicada sonoridade de seu violino num gênero musical marcado pela crueza dos saxofones e trompetes.
Nesse aspecto, o francês não foi o único. Outros pioneiros violinistas, como Joe Venuti (1903-1978) e Eddie South (1904-1962), também deixaram suas contribuições ao jazz.
Porém nenhum deles se aproximava do grau de lirismo e sensibilidade musical de Stéphane Grappelli.
Dos floreios melódicos que extraia das cordas do instrumento que tocava às inváriaveis camisas floridas que o violinista gostava de vestir, tudo parecia se ligar de maneira harmônica e singela no simpático Grappelli.
Repertório
Parte da enorme discografia de Grappelli desde baladas e canções-standard, como “Star Eyes” (Raye e DePaul), “Time After Time” (Styne e Cahn) e “Makin Whoopee” (Donaldson e Khan), davam o tom a seu repertório.
Porém, no caso de Grappelli, tocar essas canções tinha um sentido diferente dos inúmeros discos de “standards” que pululam hoje por aí, gravados por músicos de jazz bem mais jovens ou nem tanto.
Grappelli passou décadas burilando essas canções em seus improvisos. Por isso, atingia um grau de originalidade e sinceridade em suas versões que praticamente o transformavam em co-autor dessas músicas.
É difícil não se emocionar ao ouvi-lo interpretar temas mais tristes e melancólicos, como sua composição “La Chanson de la Rue”, incluída no álbum “The Reunion” (1977).
Esse é, um dos melhores discos gravados por Grappelli. Marcou seu inspirado reencontro com o pianista britânico George Shearing (1919-2011), três décadas depois de terem formado um grupo, durante a Segunda Guerra.
Em “Flamingo” (Anderson e Grouya), o violino de Grappelli chega a chorar, literalmente. Revela assim influências da música cigana, absorvidas durante a parceria com o guitarrista Django Reinhardt, ainda nos anos 30.
Parcerias
Aliás, é surpreendente o número de discos que Grappelli gravou em parceria com outros jazzistas de peso, como Oscar Peterson, Barney Kessell, Hank Jones, Phil Woods, Larry Coryell ou McCoy Tyner, sem falar em violinistas como Jean-Luc Ponty, Joe Venuti ou Yehudi Menuhin.
Ligando-se ao romântico Grappelli, alguns desses músicos tentaram reencontrar o lirismo que o jazz quase esquecera.
Nascido em 26 de janeiro de 1908, Stephane Grappelli era considerado um improvisador extraordinário, com uma maneira de tocar lírica e terna.
Grapelli foi influenciado pela herança cigana de Django Reinhardt, com quem fundou, em 1934, um quinteto.
Na década de 50 e 60 Grapelli se apresentou em vários clubes da Europa e realizou gravações com vários músicos, entre eles o pianista norte-americano Duke Ellington.
Entre seus principais trabalhos em disco, estão “Homage to Django” (1972), “Live in London” (1973), “The Reunion with George Shearing” (1976) e “Live in San Francisco” (1982).
Comentando o trabalho de Grapelli, o violinista clássico Yehudi Menuhin disse que “Stephane é como um malabarista que joga pratos para o ar para depois apanhá-los antes que caiam”.
Stéphane Grappelli morreu em , aos 89 anos, em uma clínica em Paris.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff28089917 – FOLHA DE S.PAULO – MUNDO – da agências internacionais – 2 de dezembro de 1997)
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq031219 – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – CARLOS CALADO/ Especial para a Folha – 3 de dezembro de 1997)